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Abro os olhos com dificuldade, piscando seguidas vezes até que m acostumo à claridade dentro da sala. Parece uma sala de interrogatório, apesar da cama desmontável e da cadeira que está na minha frente, vazia. Meu coração dispara assim que lembro do encontro com Ethan e tento me levantar, sendo impedida pelas minhas mãos amarradas em minhas costas, assim como meus pés. Olho ao redor, não conseguindo enxergar muito além de alguns passos a frente, onde o que parece ser uma parede de pedra me encara de volta.

Me pergunto se Zeke apareceria a qualquer instante. Ou se Erwin e os outros haviam dado por minha falta. Ainda estou ressentida pelas palavras do Comandante, mas de forma alguma desejo morrer aqui sem poder vê-lo outra vez. Meu estômago revira e todo o meu corpo parece gelar quando escuto o tilintar de chaves e uma porta se abre com um rangido. Resmungo em uma tentativa de perguntar quem está ali, só então percebendo que também estou amordaçada.

- Ah, você já acordou! - Me arrepio ao escutar a voz de Ethan. Ele se aproxima e se senta de frente para mim. - Seus amigos já estão procurando por você.

Resmungo novamente, desejando me livrar daquela mordaça apenas para mandar Ethan ir à merda, mesmo que aquilo não seja uma boa ideia. Como que se lesse meus pensamentos, o homem estica a mão e puxa para baixo a mordaça, que fica pendurada em meu pescoço.

- Mas que merda, Ethan! O que você quer de mim? - Pergunto. - Se vingar?

- Claro que não. Eu não guardei ressentimentos, Amarie. - Ele balança a cabeça como que se a morte do seu irmão não tivesse sido nada demais para ele. - Eu só quero te ajudar.

- Pode começar me soltando, Ethan. - Minha voz oscila durante a fala. - Você está com Zeke?

- Não. - Ele responde, simplório, se inclinando na minha direção em seguida. - Ninguém sabe que você está aqui.

Sinto meu coração disparar em minha caixa torácica diante de sua fala, me lembrando de imediato de seu ciúmes quando chegou á ilha e de todas as suas acusações contra mim. Ethan arrasta a cadeira onde está sentado para a frente, cada vez mais próximo de mim. Não consigo controlar minha respiração, que se acelera de acordo com a proximidade de Ethan.

- Ethan... O que você quer? - Desvio o rosto quando ele toca minha pele gélida.

A risada de Ethan faz uma corrente de medo passar entre as minhas entranhas, assim como o brilho estranho que cintila em seus olhos verdes, que nas minhas lembranças eram sempre gentis.

- Ah, Marie... - Engulo a seco. - Eu sempre quis ter você. Desde quando você apareceu no consultório de Angela naquela noite, você estava tão bonita, mesmo estando tão desesperada. Defendi você dos outros no quartel porque não suportava a ideia de alguém tocando em você para lhe fazer mal. Queria que as pessoas te vissem como eu via...

- Para, por favor. - Resmungo com a voz embargada assim que ele se abaixa na minha frente, deslizando os dedos pelas minhas coxas debaixo da saia, indo até as amarras nos meus pés, as desfazendo.

- Então você foi embora. Você não imagina como fiquei arrasado. Mas eu sabia que você estava viva e acreditava que estava me esperando. - Ele afasta as cordas e volta a acariciar minhas pernas, as segurando com força quando tentei as afastar de seu toque. - Mas você não me esperou, você se deixou levar por aqueles demônios, especialmente pelo seu Comandante, não é mesmo? - Ethan ri consigo mesmo. - Ele te toca como eu posso tocar, Amarie?

A essa altura suas palavras causam uma náusea horrível em mim, que tento conter o enjoo desviando o olhar do homem na minha frente e me encolhendo como posso na cadeira de madeira, que balança um pouco enquanto tento me soltar. Não consigo gritar devido ao medo que se instala nas minhas entranhas ao pensar em todo tipo de coisa que Ethan pode fazer a mim agora. Não tenho como me defender dele, ao menos sei onde estou. O que poderia fazer?

Lionheart I Erwin SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora