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- O que esse merda está fazendo aqui? - Pergunto para Hange sem a menor preocupação em esconder a raiva em minha voz.

- Amarie, nós... - A mulher começa, nervosa, mas é interrompida logo em seguida por Levi.

- Ele está trabalhando conosco.

As palavras do Capitão assim como a naturalidade em que ele as diz faz meu estômago despencar e um frio se instala na minha barriga imediatamente enquanto dou alguns passos para trás. Sinto meu peito subir e descer rápido a medida que começo a hiperventilar, buscando na confusão que se instala na minha mente qualquer palavra que pudesse transparecer o que sinto agora. Raiva? Nojo? Decepção? Talvez um pouco de cada? Meus olhos vão até os de Erwin, que se mantém sobre mim preocupados.

- Erwin? - Minha voz sai em um fio e ele apenas se mantém em silêncio, fazendo com que eu volte a olhar para os outros, indignada. - Eu não acredito nisso!

- Amarie...

- Não, chega! - Interrompo Mike com uma risada desdenhosa e aponto para Zeke. - Aquele homem quase matou todos nós em algum momento. Minha irmãzinha foi envenenada sob ordens dele. Ela tinha só treze anos e morreu por causa dele. E vocês estão aqui tomando chã com o desgraçado.

- Eu sinto muito pela menina. - Zeke diz, apoiando a xícara na mesa de centro, se levantando em seguida com as mãos no bolso. - Na verdade, não sinto de verdade mas achei que deveria dizer isso. Ela só morreu porque você nos traiu, Amarie. A culpa é sua.

Cerro meus punhos ao ouvir suas palavras e meu sangue começa a ferver em minhas veias, fazendo uma onda de calor se espalhar pelo meu corpo, indo direto para os meus rostos e os meus punhos, que se apertam com cada vez mais força. Meu peito sobe e desce rápido a medida que caminho na direção dele, a imagem de Lina doente, encolhida em sua cama curvada sobre o próprio corpo aparece em meus pensamentos como motivação para o que estou prestes a fazer.

- Amarie... - Ouço Mike dizer em tom de advertência atrás de mim e o ignoro completamente. Então, sua voz é quase gritada na minha direção. - White, pare!

Os braços grandes me prendem contra o corpo do homem atrás de mim com força, impedindo que eu me aproxime mais de Zeke, que está imóvel apenas a alguns passos de mim, entretanto, seu semblante deixa de ter o mesmo tom debochado de antes.

- Me solta, Mike! - Rosno enquanto me debato, acertando com toda a força que consigo uma cotovelada em seu estômago, que faz com que ele se afaste.

Ergo o punho na altura da cabeça. Zeke se prepara para esquivar e minha mão está a poucos centímetros de seu rosto quando alguém segura em meu pulso, novamente me impedindo de continuar. Por cima dos ombros posso ver os olhos azuis de Erwin cerrados para mim me repreendendo em silêncio. Não tenho tempo de reclamar ou perguntar o que ele está fazendo, ele me solta e diz em seguida:

- Preciso falar em particular com você, senhorita Fritz. - Erwin usa meu sobrenome verdadeiro e sinto um arrepio percorrer minha espinha. O Comandante se vira para Hange e Mike. - Defina os detalhes com o restante do grupo, vamos nos encontrar no local combinado à noite.

A mulher assente em silêncio e todos se movem dentro da sala, pegando seus casacos e deixando o cômodo logo em seguida. Permaneço em silêncio, me esforçando para conter a minha inquietação e a raiva que sinto de Erwin por ter me escondido algo como aquilo. Me pergunto desde quanto ele estaria em contato com Zeke e apenas fico mais irritada.

O comandante caminha até a porta a fechando devagar, girando a chave na fechadura em seguida. Cruzo meus braços na frente do corpo e olho para ele, esperando que diga alguma coisa. Erwin tira seu paletó de cima dos ombros e dobra as mangas da camisa branca até a altura dos cotovelos, se aproximando de mim.

Lionheart I Erwin SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora