Ai minha cabeça.
Meu cérebro parecia ter sido agitado loucamente dentro do crânio, e minha visão estava embaraçada.
Não. Espera.
Era a neblina terrível que se estendia além da estrada, causada pelo Lago Toluca.
Droga, o que aconteceu na outra noite...
Me levantando devagar, me arrastei até a minha arma, caída no chão ali perto.
Agora ela estava pesada novamente.
Meu carro ali atrás, estava imóvel, morto. Não parecia que ia andar tão cedo.
Minha mente vibrou novamente, causando uma dor terrível.
Quando toquei a minha testa...
Droga !
Talvez eu devesse ir até um hospital.
Agradeci por minhas pernas estarem boas quando comecei a andar em direção a Silent Hill, a cidade que estava mais perto.
Passei pelo carro destruído de Haziel, aquele desgraçado.
O odiava com todas as minhas forças agora, e desejava matá-lo duas vezes mais agora.
O corpo de Mercy havia desparecido, mas não ligava onde se encontrava, só onde Haziel estava.
A estrada arborizada estava deprimente, calma, com a neblina cobrindo a maior parte da rodovia.
Era assustador estar aqui.
Sem ninguém, desolado, sozinho...
- Shiu ! - Pediu alguém mais a frente da estrada de asfalto, seguido por um choro infantil. - Ele está vindo.
O quê ?
Como é ?
A neblina recuou e mostrou quem estava ali.
Era ela !
Tremi e quase chorei com a imagem a minha frente.
Ela com aquele lindo vestido preto, com cabelos lisos e longos e sua pele clara.
Linda como sempre.
A única diferença era que estava descalça, sem os sapatos que havia lhe dado e que gostava de vê-la com ele.
Ela estava segurando um...
O que era aquilo ?
Um bebê ?
Os rolos de pano azul manchados com sangue tapavam minha visão.
- Mercy ! - Eu gritei. - Espera ! O que está acontecendo ? Você não morreu ?
- Sim, meu amor. - Sorriu ela, com seus dentes perfeitos. - Nós estamos na minha morte.
Ela soltou o bebê, que caiu com tudo no chão.
Meu Deus !
A criança não devia ter nem um ano.
Logo ela que queria ser mãe.
- Vamos meu bem, vá com o papai. - Mercy disse, e deu as costas, indo para a cidade.
O pano começou a se mexer, o bebê se movia.
Com um gemido, o bebê saiu de baixo dos panos.
Queria que continuasse lá.
Sua cabeça estava amassada, seu corpo estava roxo e um dos olhos saltava para fora da órbita.
Em uma das mãos ele tinha um bisturi sujo e o pano continuava grudado em sua cabeça, rastejando atrás de si.
Ele começou a vir até mim, usando as mãos como apoio para se arrastar.
Eu recoei, com medo e horror.
- Pare ! - Mandei.
Mas a criatura continuou vindo até mim, sedento, gorfando sangue e catarro.
Levantei a arma e engatilhei.
Pensava que isso iria fazê-lo parar, mas ele continuou.
E então eu atirei.
A bala atravessou-lhe a cabeça e ele tombou para o lado, inerte.
- Meu Deus... - Eu disse, olhando a criatura. Nem dentes ela tinha. - É um...um...um tipo de bebê.
Dei um pequeno chute, e a criatura acordou.
Agarrou o meu pé, chorando, e atravessou-lhe com o bisturi.
Gritei com a dor, e pisei com força em cima dele, que afundou, como se não houvesse nada dentro.
O nojo me afundou.
Era como se fosse um pedaço de carne frágil.
Controlando a vontade de vomitar, saí correndo — ou melhor, mancando — dali, com o bisturi atravessado no meu calcanhar.
Eu andei muito, sem parar, com medo de que algo mais me pegasse. Mais uma criatura nojenta e estranha.
Mancar não era a melhor coisa quando se havia visto aquilo, mas infelizmente não era uma opção.
Após mil quilômetros e uma estrada com várias curvas, eu cheguei na cidade.
As ruas, impregnadas por um cheiro estranho, com somente a luz solar a iluminar o asfalto, os postes altos, desligados, os bancos de praça e as calçadas vazias, como se as pessoas não andassem por aí por temerem o vento.
Isso sem falar na sinistra neblina alva, que tapava a visão da frente.
Uma placa verde dizia : "Crichton St".
Comecei a andar, devagar.
A aura dali era sinistra, eu repito.
A estrada vazia demorou para ser cruzada, dando em um encruzilhada enorme, mostrando duas ruas novas.
Um Departamento de Polícia residia ali.
Voltaria ali depois pra pegar um carro ou contatar outra cidade.
Continuei pela Crichton St. até ver outra rua a esquerda, e o próprio hospital.
As grades estavam enferrujadas e os portões abertos, graças a Deus.
Corri para a entrada de portões brancos e com ambulâncias estacionadas ali.
Nome bastante estranho...
Hospital Alchemilla.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Silent Hill : Sacrifício
HorrorQuem nunca sentiu aquele profundo sentimento de carência amorosa ? Quem nunca faria qualquer coisa por alguém ? Jack Fallacibus enfrenta a perda da esposa, Mercy, para outro homem. Nessa fase de loucura, acaba partindo atrás da amada e seu amante...