.Capítulo 9.

11 0 0
                                    

Eu acordei nas ruas.
Minha cabeça doía como se mil pregos fossem martelados em minha mente, mas consegui levantar.
Temia que algum outro ser sobrenatural aparecesse, mas a neblina e a claridade só exibiam um vazio deprimente e assustador.
Não havia entendido nada. Por que não me matar logo? Isso seria um jogo?
Ser uma das peças de Haziel não estava em meus planos, e com certeza não lhe daria essa satisfação em nenhum momento.
Andando fracamente, segui pela rua até uma placa na esquina, com atenção, já que Kay continuava sumida.
Ainda tinha esperança de encontra-la como da primeira vez.
Eu estava novamente na Simmons Street, aumentando mais minha curiosidade sobre o porque de Mercy me agitar no ar e me levar de lá pra cá como um boneco de pano.
Comecei a andar, passando pela Steak & Brew Burguer novamente, mas parando de súbito ao ver algo na Tea Room, uma pequena loja.
Saltei, com a escopeta na mão e a engatilhei, correndo até a frente.
Do vidro, vi uma mulher gritar e sofrer, marcando a superfície transparente com sangue vermelho.
Aberta, entrei rapidamente no local e lhe mirei a arma.
O que quer que fosse, já havia sumido.
Apesar de parecer um lugar agradável, tudo estava jogado no chão, a portinhola do balcão quebrada, xícaras grudadas, de algum modo, no teto, e poltronas rasgadas por algo que parecia ser um cachorro.
O  corpo aberto, com o rosto deformado e com roupas comuns, somente jazia largado ali.
Em sua mão, porém, havia dois mapas.
Eram das ruas de Silent Hill.
Lamentei pela mulher, mas saí dali mais rápido o possível, correndo agora pela Simmons e virando a esquerda na Koontz Street.
Cansado, não parei até chegar na ponte na esquina da Crichton Street.
Tonto e fraco por não comer nem beber nada, cambaleei até a cabine e sentei no chão, quando enfiei a mão no bolso e peguei um energético.
Acabei com umas duas garrafas.
Me recuperei por um ou dois minutos e levantei, olhando o painel de controle.
Meu rosto ficou vermelho de raiva ao perceber que a chave de ativação e a alavanca haviam sumido.
Havia somente uma nota grudada na janela, que dizia:

Caro colega Math.

Sei que ficará bravo comigo, mas só quero te avisar que arruaceiros tem vindo até a cabine e, mesmo trancada, arrombam a fechadura e levantam a ponte.

No dia seguinte, os motoristas, furiosos, despejam a culpa em mim.

Não me demita, por favor. Você sabe que preciso desse trabalho.

Eu instalei um sistema de recolocação da alavanca e a deixo, junto com a chave, no Posto Policial na Sagan St.

Desculpe, até chegarei mais cedo, mas não consigo aguentar mais.

Quem quiser que fosse que escreveu aquilo, iria ganhar um tiro se encontrasse.
Cansado e tragicamente indisposto, deu meia volta e voltei a andar pelas ruas.

*  *  *

Não demorei tanto tempo para voltar até ao Posto Policial de Silent Hill.

Kay continuava desaparecida.

Sobre o posto, lembrava de passar ali no caminho para o hospital, mas não lembrava de ser tão grande.

Um grande prédio cinza e preto, com várias viaturas paradas na frente.

Abri a porta calmamente, esperando um local tão vazio quanto os outros, mas uma sombra passou correndo assim que a sineta tocou.

Corri por um breve segundo, mas vi que não serviria pra nada. Quem quer que fosse, já tinha sumido.

Parei no balcão, onde papéis estavam amontoados e muitos telefones tinham seus fios cortados, e peguei, felizmente, balas para a escopeta.

Silent Hill : SacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora