.Capítulo 3.

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A porta, com sorte, estava aberta.

O balcão estava vazio, assim como os bancos de espera.

O ambiente parecia já desgastado, velho, e o ar era pesado.

O cheiro de morte parecia evidente, o que me rendeu um arrepio.

Que besteira.

Mortes podem acontecer nos hospitais.

Lembrei de uma vez que Mercy passou mal e fomos no hospital, onde acabamos vendo um paciente que faleceu.

Ela nunca pareceu tão transtornada quanto naquele dia.

Me distanciei da memória e voltei a realidade do Hospital Alchemilla.

O local estava realmente vazio.

Comecei a andar pelo local, prestando atenção nos quadros na parede.

As pituras eram dos locais em volta do hospital, doutores antigos e enfermeiras bonitas.

Uma das placas em baixo de uma pintura de um homem robusto de óculos dizia: "Dr. Lucas DeSalvo".

Uma outra, com um homem gordinho e de bigode grande e bifurcado, dizia: "Dr. Tombini Gore".

Porém a próxima me chamou muita a atenção.

Uma pintura de um esqueleto com uma foice dançando com uma mulher jovem e bonita segurando um ramo de flores.

A placa em baixo da pintura dizia: "Imortalidade".

Obviamente não foi isso que me impressionou.

Aquela mulher...dançando com o esqueleto...era Mercy.

- Com licença... - Me chamou alguém, atrás de mim.

Como tomei um belo susto, me virei rápido e apontei a arma.

Era uma mulher.

Ela tinha cabelos escuros com pontas amarelas, pele bronzeada e estava com fones no ouvido.

Ela estava vestida com uma camisa azul e uma calça jeans comum, com um sobretudo de couro.

Ela se assustou por um segundo, mas depois rolou os olhos.

- Meu Deus. Abaixe essa arma. - Ela disse, como se já tivesse visto umas milhares de armas no dia. - Está escrito "alvo" na minha testa ?

- Ah... Desculpe. - Eu disse, e abaixei a arma. - Você me assustou.

- Está me vendo com um machado ? - Eu neguei com a cabeça. - Então sou inofensiva.

Ela não parece ter gostado de mim.

- Mas enfim. - Ela continuou. - Você viu o Dr. Nicto ?

- Quem ? - Perguntei.

- É o Doutor que me mandaram procurar. - Ela suspirou, sem paciência, e sentou numa das cadeiras. - Vim de New Hampshire até aqui por simplesmente nada !

- Como assim ? - Perguntei, me sentando também.

- Tenho uma parente com Artrite e, como precisava urgentemente de vitaminas e não tinha dinheiro para comprar, procurei no contrabando e eles me mandaram para cá. Silent Hill. Cidade fantasma. Sem ninguém. Um porre. Argh !

- Fantasma ? - Eu disse, assustado.

Por isso que estava tudo vazio.

- Olha, eu não sou historiadora nem nada. - Ela disse. - Se quiser saber mesmo, ouvi dizer que existe um Museu Histórico do outro lado da cidade ou uma Loja de Antiguidade aqui por perto. Sei lá !

- Ah sim. Obrigado. - Agradeci.

- Não há de quer. Mas enfim, se você não sabe onde o Nicto está, eu tenho de procurá-lo.

Ela fez um gesto de adeus e virou as costas.

- Espera aí ! - Chamei, correndo até ela.

- O que foi ? - Respondeu.

- Eu estou ferido, preciso de um médico também. Posso ir com você ?

- Claro. - Ela respondeu. - Apesar de achar que esse médico não ofereça esse tipo de trabalho.

- Não custa tentar, não é ? - Eu disse.

- Aí é com você. - Ela deu os ombros.

Eu sorri e me calei.

Ela parecia idenpendente e solta.

Os bebês de Mercy me davam mais medo, é claro, mas ela era meio... Intimidadora.

- Qual seu nome ? - Perguntei, para quebrar o silêncio.

- É Kay. - Ela respondeu.

- Sou Jack. - Estendi a mão, e ela apertou.

- Prazer.

- Então, você... - Eu disse, mas o barulho me parou.

O barulho de uma sirene alta surgiu do nada, do teto do hospital.

Ela seguia tocando e parando, tocando e parando.

- O que é isso ? - Perguntei, gritando.

- Não sei. Eu...

Kay, derrepente, foi puxada por uma nuvem de breu surgida do fundo do corredor e sumiu,

Tentei correr atrás dela, mas algo grudou em minha cintura.

Parecia metálico, uma lâmina.

"Peguei você"  Uma voz disse.

Silent Hill : SacrifícioOnde histórias criam vida. Descubra agora