A porta, com sorte, estava aberta.
O balcão estava vazio, assim como os bancos de espera.
O ambiente parecia já desgastado, velho, e o ar era pesado.
O cheiro de morte parecia evidente, o que me rendeu um arrepio.
Que besteira.
Mortes podem acontecer nos hospitais.
Lembrei de uma vez que Mercy passou mal e fomos no hospital, onde acabamos vendo um paciente que faleceu.
Ela nunca pareceu tão transtornada quanto naquele dia.
Me distanciei da memória e voltei a realidade do Hospital Alchemilla.
O local estava realmente vazio.
Comecei a andar pelo local, prestando atenção nos quadros na parede.
As pituras eram dos locais em volta do hospital, doutores antigos e enfermeiras bonitas.
Uma das placas em baixo de uma pintura de um homem robusto de óculos dizia: "Dr. Lucas DeSalvo".
Uma outra, com um homem gordinho e de bigode grande e bifurcado, dizia: "Dr. Tombini Gore".
Porém a próxima me chamou muita a atenção.
Uma pintura de um esqueleto com uma foice dançando com uma mulher jovem e bonita segurando um ramo de flores.
A placa em baixo da pintura dizia: "Imortalidade".
Obviamente não foi isso que me impressionou.
Aquela mulher...dançando com o esqueleto...era Mercy.
- Com licença... - Me chamou alguém, atrás de mim.
Como tomei um belo susto, me virei rápido e apontei a arma.
Era uma mulher.
Ela tinha cabelos escuros com pontas amarelas, pele bronzeada e estava com fones no ouvido.
Ela estava vestida com uma camisa azul e uma calça jeans comum, com um sobretudo de couro.
Ela se assustou por um segundo, mas depois rolou os olhos.
- Meu Deus. Abaixe essa arma. - Ela disse, como se já tivesse visto umas milhares de armas no dia. - Está escrito "alvo" na minha testa ?
- Ah... Desculpe. - Eu disse, e abaixei a arma. - Você me assustou.
- Está me vendo com um machado ? - Eu neguei com a cabeça. - Então sou inofensiva.
Ela não parece ter gostado de mim.
- Mas enfim. - Ela continuou. - Você viu o Dr. Nicto ?
- Quem ? - Perguntei.
- É o Doutor que me mandaram procurar. - Ela suspirou, sem paciência, e sentou numa das cadeiras. - Vim de New Hampshire até aqui por simplesmente nada !
- Como assim ? - Perguntei, me sentando também.
- Tenho uma parente com Artrite e, como precisava urgentemente de vitaminas e não tinha dinheiro para comprar, procurei no contrabando e eles me mandaram para cá. Silent Hill. Cidade fantasma. Sem ninguém. Um porre. Argh !
- Fantasma ? - Eu disse, assustado.
Por isso que estava tudo vazio.
- Olha, eu não sou historiadora nem nada. - Ela disse. - Se quiser saber mesmo, ouvi dizer que existe um Museu Histórico do outro lado da cidade ou uma Loja de Antiguidade aqui por perto. Sei lá !
- Ah sim. Obrigado. - Agradeci.
- Não há de quer. Mas enfim, se você não sabe onde o Nicto está, eu tenho de procurá-lo.
Ela fez um gesto de adeus e virou as costas.
- Espera aí ! - Chamei, correndo até ela.
- O que foi ? - Respondeu.
- Eu estou ferido, preciso de um médico também. Posso ir com você ?
- Claro. - Ela respondeu. - Apesar de achar que esse médico não ofereça esse tipo de trabalho.
- Não custa tentar, não é ? - Eu disse.
- Aí é com você. - Ela deu os ombros.
Eu sorri e me calei.
Ela parecia idenpendente e solta.
Os bebês de Mercy me davam mais medo, é claro, mas ela era meio... Intimidadora.
- Qual seu nome ? - Perguntei, para quebrar o silêncio.
- É Kay. - Ela respondeu.
- Sou Jack. - Estendi a mão, e ela apertou.
- Prazer.
- Então, você... - Eu disse, mas o barulho me parou.
O barulho de uma sirene alta surgiu do nada, do teto do hospital.
Ela seguia tocando e parando, tocando e parando.
- O que é isso ? - Perguntei, gritando.
- Não sei. Eu...
Kay, derrepente, foi puxada por uma nuvem de breu surgida do fundo do corredor e sumiu,
Tentei correr atrás dela, mas algo grudou em minha cintura.
Parecia metálico, uma lâmina.
"Peguei você" Uma voz disse.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Silent Hill : Sacrifício
TerrorQuem nunca sentiu aquele profundo sentimento de carência amorosa ? Quem nunca faria qualquer coisa por alguém ? Jack Fallacibus enfrenta a perda da esposa, Mercy, para outro homem. Nessa fase de loucura, acaba partindo atrás da amada e seu amante...