Capítulo 3 - Planos Perigosos

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LIANA


- NÃO!

Ouço o grito do outro lado da porta de madeira e faço uma careta enquanto tento tirar as botas pretas de saltos o mais silenciosamente possível antes de passar em frente ao escritório do papai.

Um som de algo caindo no chão é ouvido e eu termino de tirar as botas e começo a andar na ponta dos pés. Piso no primeiro degrau e paro quando a porcaria da madeira envelhecida range um pouquinho

- Liana?

Xingo mentalmente a escada e suspiro me virando e abrindo a porta de madeira com um sorriso confuso

- Sim, papai? - Ele estreita os olhos em minha direção e seu dedo indicador sobe apontando para a poltrona em frente a sua mesa. Bufo baixinho e vou até ele observando uma Pietra vermelha e ofegante em pé com as mãos no quadril – É saudável ela ficar prendendo a respiração assim? – eu pergunto e os olhos de Pietra me fuzilam

Optando por ficar viva eu me sento e jogo as botas no chão cruzando os pés debaixo das pernas, meu pai balança a cabeça em minha direção e eu dou um sorrisinho enquanto me inclino e pego seu copo de uísque, bebo um gole e me recosto na poltrona acolchoada de cor creme

- E então? O que aconte... – eu começo, mas paro quando Pietra resolve voltar a falar

- O seu pai pirou de vez

- Até onde eu sabia, era nosso pai – eu comento baixinho e ela grunhe em minha direção

- Pergunte a ele o que ele decidiu sem a nossa permissão – ela ordena apontado para o nosso pai e eu me viro bem na hora que ele suspira parecendo cansado

Harry Dodge era um homem calmo, pelo menos no quesito filhas. Ele tinha suportado bem lidar com duas meninas e a esposa dentro de uma casa, seus cabelos pretos com manchas grisalhas demonstravam que talvez não tinha sido tão fácil assim.

Minha mãe dizia que o marido tinha nascido para ser pai de meninas, só que não admitia isso, eu meio que concordo com ela. Eu e Pietra não poderíamos ter sido criadas melhores.

O fato é que como chefe de metade de Los Angeles, tendo que cuidar de milhares de coisas e pessoas, era de se esperar que sua paciência beirando ao estresse tivesse a ponto de se transformar em raiva ou desespero. Nesse momento? Bom, eu acho que ele estava mais para desespero ou pânico

O que vier primeiro

- O que o senhor fez? – eu pergunto curiosa e ele volta os olhos escuros para mim

- Pensei durante meses sobre aquela breve ameaça dos italianos

- Não foi uma ameaça – eu falo e ele se inclina cruzando os dedos da mão

- Ele se aproximou de uma de minhas filhas, isso para mim é uma ameaça

Reviro os olhos e ignoro seu comentário. O italiano do qual ele estava falando somente se aproximou de mim, não considerei nada demais, um flerte básico seguido de algumas perguntas curiosas da quais não respondi nenhuma e pronto, ele tinha ido embora.

- O fato é que Los Angeles está dividida – ele continua e eu estreito os olhos – E isso é uma fraqueza, poderíamos ser derrotados com pouco esforço

- Acha que os Executors vão fazer uma aliança com os italianos? – eu pergunto baixinho e ele balança a cabeça negando

- Hayes é tão orgulhoso quanto eu, não vai fazer aliança com um antigo inimigo do seu pai

- Então qual é a fraqueza? – pergunto e vejo Pietra bufando ao meu lado

- Desunião – Harry responde simplesmente e eu aperto o copo em minha mão pressentindo o plano dele – Precisamos unir as máfias, se não totalmente então pelo menos um pacto de paz

O Par PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora