LIANA
O único som que se escuta na sala de treinamento, são os meus punhos batendo repetidamente no saco de pancada. Os outros já saíram faz alguns minutos, alguns deles ainda ficaram, hora observando, hora desviando o olhar.
Mas eu não me importo
Estou com muita raiva para ligar para os intrometidos
O suor escorre friamente por minhas costas e controlo minha respiração antes de acertar os socos. Um soco, um chute, um soco....
- Quem você está imaginando deve estar bem ferrado – olho com o canto do olho e vejo Willian vindo com Pietra ao seu lado, dou outro soco e o saco de pancadas desliza pelo apoio
- Pode colocar ferrado nisso – eu falo e eles param na minha frente. Willian segura o saco de pancadas afastando-o de mim e eu paro ofegante – O que foi?
- Nada demais – Pietra diz me observando – Só o papai gritando que vai te matar quando a encontrar
- Não entendo a raiva – eu falo e tiro um fio ruivo do cabelo para longe do rosto – Ele sabe muito bem o que eu posso fazer
- Ele também sabe que mandou você evitar entrar em um tiroteio quando se há seguranças para isso – ela fala e vejo Willian concordando ao seu lado
Reviro os olhos e tiro as luvas de proteção jogando-as em uma mesa, pego minha garrafinha de água e bebo um gole antes de me sentar.
- Ele terminou de interrogar o italiano? – eu pergunto e Willian solta o saco de pancadas
- Sim, faz alguns minutos
- E o que descobriram?
- Não muita coisa, só sabemos que Marco está tramando algumas invasões, mas não se sabe quando
Xingo baixinho e mordo o lábio inferior pensando
- Odeio essas expressões dela – Pietra comenta e Willian dá risada
- O que você está tramando?
- Ainda não sei – eu falo estreitando os olhos – Mas com certeza eu vou devolver esse favor para Marco, e de um jeito que ele vai adorar
- Não acho que deveria fazer isso – Pietra fala e eu olho para ela sorrindo
- Mas vai me ajudar do mesmo jeito
- Obvio
Meu sorriso cresce e ela sorri de volta
É para isso que irmãos serve
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Termino de abotoar as calças jeans e me abaixo calçando as botas sem salto de cor marrom antes de prender os cabelos em um coque frouxo. Puxo uma respiração e posiciono minhas adagas nos lugares certos antes de abrir a porta do meu quarto.
Desço as escadas o mais lentamente possível prolongando o tempo e paro no meio da escada quando vejo Hayes saindo de dentro do escritório em direção a porta da frente da casa
Prendendo a respiração deixo que ele vá e só quando escuto a porta bater é que termino de descer entrando na sala do meu pai. Ele está do mesmo jeito que estava um dia atrás, só que os cabelos mais desgrenhados
- Oi pai
- Liana o que eu disse a você sobre ataques surpresas? – ele fala me recebendo e eu suspiro
- Que eu deveria ajudar?
Recebo um olhar assassino e levanto um ombro indo até a estante
- Sei que não queria que eu fosse, mas não é como se eu não pudesse me proteger
- Eu sei que você pode – ele diz e vejo sua postura tensa – Mas isso não significa que você é imbatível o suficiente para desviar de todas as balas
- Pai...
- Sabe porque eu estou fazendo uma aliança com Hayes? – fico em silencio e ele continua – Porque dentre todos os demônios que poderiam ter descoberto sobre quem seria meu herdeiro, foi logo Marco quem descobriu. E isso significa que ele atacará quem? – ele pergunta esbravejando e eu pigarreio antes de responder
- A mim
Harry acena e vejo seu rosto se contrair de raiva para assustado. Alguns anos atrás meu pai tinha vindo até mim para me dizer sua escolha, eu estava do lado de Pietra quando ele me contou sua decisão.
Mas nós duas não levamos isso como uma escolha, era mais como uma confirmação dos fatos. Pietra nunca se interessou por tomar um lugar de liderança, já eu vivia querendo descobrir sobre tudo o que o meu pai fazia, ou deixava de fazer.
Então quando o italiano veio até mim, eu sabia lá no fundo que era uma ameaça a máfia FireFly, e mesmo que eu não admitisse, Marco tinha uma preciosa informação que poderia colocar tudo o que construímos a perder. Harry não só perderia seu herdeiro, como também seu braço direito.
Prendo a respiração por alguns segundos e depois solto, olho para o meu pai e deixo minha expressão limpa
- Sinto muito – eu falo – Por ter entrado em meio aos tiroteios
- Tudo bem, só não faça...
- Mas vou continuar fazendo a mesma coisa – eu o interrompo e ele estreita os olhos para mim – Não pode me proteger para sempre, e eu não posso ver minha família sendo atacada e simplesmente cruzar os braços, esperando que alguém os socorra
- Liana – Harry fala como um aviso e eu ignoro
- O senhor me treinou, passei horas estudando tudo o que eu herdaria, enquanto aprendia com os melhores treinadores a como me proteger. Então não me peça para ficar sentada, porque eu não vou, e nunca ficarei
Ele fica em silencio sopesando minhas palavras e eu espero, depois de um minuto ele acena e eu retorço um sorriso
- Obrigada
- Só não vá fazer nenhuma maluquice
- Não vou fazer uma maluquice – eu falo confiante – Só vou devolver o favor a Marco
Saio do escritório e começo a ir em direção a saída quando o celular vibra em meu bolso. Pesco-o com uma das mãos e clico na nova mensagem
Luca: Acho que tenho algo que vai se interessar
Eu: Tem relação com Hayes?
Luca: Não, bem melhor. Tem relação com Marco Fidelis
Eu: Te encontro no terminal
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O Par Perfeito
RomanceLiana Dodge sabe muito bem qual papel deve exercer na máfia do seu pai. Como filha mais nova ela tem noção de que alguns destinos já estão traçados, e o dela já foi escrito há muito tempo atrás, mas ela gosta do que lê, diferentemente da sua irmã ma...