Capítulo 37 - Ensaios

4.1K 423 34
                                    

LIANA


Entro na sala de jantar e dou um sorriso rápido para eles antes de me sentar e pegar uma xicara colocando café até a metade. Sinto os olhares deles em mim e levanto a cabeça

- O que?

- Como foi a festa? – minha mãe pergunta e eu levanto um ombro mordendo um pedaço do pão pequeno

- Bem interessante – eu começo – Os italianos invadiram e tudo mais

- O QUE? – meu pai grita do outro lado e franzo a testa massageando a têmpora

- Tudo acabou bem, Luca me avisou alguns minutos antes – respondo e Dodge exala ruidosamente

- Mas que inferno, eles estão por toda parte

- É eu sei, vou começar uma varredura hoje mesmo – eu falo e ele assente parecendo mais calmo

- Chame o Hayes e Thomas, eles podem ajudar

- Receio que não – eu falo e Pietra olha para mim franzindo a testa – Eles já devem ter ido embora

A mesa fica em silencio e minha mãe a quebra se inclinando para frente e me olhando desconfiada

- Porque eles teriam ido embora Liana?

- Porque eu ameacei Hayes a ir, e se ele for inteligente vai obedecer

- O que ele fez? – Dodge pergunta sua expressão se tornando agressiva e eu dou de ombros

- Digamos que quebrou a confiança que colocamos nele

- Liana... – Pietra começa, mas eu levanto a cabeça rapidamente

- Não comece, sei o que eu fiz. Protegi a máfia e você no processo, e a não ser que você queira se casar com ele, esse assunto está encerrado

Ela retrocede na cadeira assustada com o meu tom e eu olho para o meu pai, ele assente e pergunta abaixando o tom

- Ouso pensar que ele descobriu sobre a questão de herdeira? – fico em silencio confirmando suas palavras e vejo Naomi fechar os olhos rapidamente. Tomo o restante do café e me levanto

- Sei que você não queria isso, mas acho que concordaria comigo que um casamento em uma situação como essa seria um péssimo plano – eu comento e ele assente – Ótimo, então estamos entendidos

Me viro saindo da sala e ouço os passos apressados de Pietra atrás de mim

- Não comece Pietra – eu aviso sem me virar e ele para caminhando ao meu lado

- Como você sempre sabe quem é?

- Pelos passos, cada um tem o seu próprio som – eu respondo e pego meu capacete na saída

- Liana e se você tiver cometido um erro? – ela pergunta e eu a olho de lado, ela revira os olhos e para na frente da moto – Ele parecia mesmo que gostava de você

- Sabe o que nos é ensinado? Quando somos os herdeiros? – eu pergunto e ela balança a cabeça negando – Que toda e qualquer expressão pode ser ensaiada, que toda e qualquer emoção verdadeira pode ser encobrida – faço uma pausa e olho para ela – Então Pietra, ainda acha que sabe algo sobre Hayes?

Ela fica em silencio e eu aceno subindo na moto

- Achei mesmo que não – eu falo e coloco o capacete, Pietra se aproxima e coloca a mão por sobre a minha

- Sinto muito mesmo – ela começa e eu franzo a testa

- Pelo que?

- Por você ter crescido desconfiando de todo mundo

- Não é desconfiança, é a verdade Pietra

- Pode até ser – Pietra diz e sorri com pesar – Mas não diminui o fato de que você já estava esperando algo ruim vir dele

- Isso me preparou não foi?

- Talvez – ela diz e solta minha mão – Ou somente criou uma história que não existe, e você simplesmente a aceitou do jeito que você criou na sua cabeça.

A observo dar a volta e ir embora, pisco os olhos rapidamente e ligo a moto, acelero e saio.

Inferno de irmã inteligente


.................................


- O que me diz? – o velho John pergunta e eu reviro os olhos enquanto passo um maço de notas para ele

- Acho que se você não me dizer onde os italianos podem estar escondidos até o fim de semana vai ficar sem alguns dedos da mão

Ele responde fazendo uma reverência e pega as notas sorrindo sem os dentes da frente, saindo rapidamente ele contorna a rua e eu respiro o ar limpo da cidade. Passo por entre as mesas e barracas da feira e dou um sorriso quando vejo uma senhorinha me chamar.

- Olá – eu falo e ela aponta para a mesa me mostrando alguns objetos, olho para baixo e vejo algumas correntes e pulseiras, pego uma corrente parecida com um relicário de cor dourada e coloco em torno do pescoço, sorrindo entrego uma nota de vinte dólares para ela que sorri contente e mordo o lábio pensando. Dando de ombros coloco a mínima bombinha de Pietra dentro do relicário e a fecho com um clique

Aceno me despedindo e dou um passo atrás, mas paro quando sinto a mão de alguém em torno da minha cintura, olho para baixo e vejo uma faca em minha barriga.

- Não se mexa – congelo no lugar e a mão dele pega meu cotovelo me forçando a andar em uma direção. Olho em volta mantendo minha respiração sobre controle e dou um sorriso quando vejo minha chance de escapar.

O italiano me empurra na direção e eu pego uma maça da mesa, o vendedor percebe e começa a gritar

- ESPERE! ISSO TEM QUE PAGAR! – o vendedor coloca a mão em cima do ombro do italiano e eu aproveito a confusão dando-lhe uma cotovelada no queixo e o derrubando. Corro por entre as mesas e xingo quando vejo outros vindo em minha direção

Apresso meu passo e deslizo por entre duas barracas antes de endireitar e pular um trechinho e pular para baixo. Pego minha adaga e a jogo quando sinto um cara perto demais, a adaga se enfia em sua barriga e ele tropeça caindo.

Me viro para frente e destravo a arma atirando em mais um, os outros se dispersam e eu corro em direção a outra saída. Minhas botas deslizam no chão úmido e eu tropeço quando sinto algo queimando a minha perna, não ousando olhar para baixo dobro a esquina e perco o folego quando algo bate em mim com força.

Tossindo com a falta de ar seguro minha arma com força, mas ela é arrancada de mim com um puxão forte, abro os olhos quando a mão brusca de alguém segura meu pescoço com força

- Aí está você – olho para Marco e seguro sua mão – A linda herdeira de Dodge – ele sorri e eu estreito os olhos – Levem-na, e não se esqueçam da injeção

Reluto, mas dois homens seguram minhas pernas enquanto sinto algo afiado deslizar no meu pescoço. Puxo o ar e um segundo depois minha visão escurece.

O Par PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora