Capítulo 42 - Cinco Centímetros

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DREICON


Passo a mão pelo meu cabelo bagunçando-os ainda mais e dou a volta na sala de visitas de novo.

- Desculpe interromper seu passeio – Harriet fala sentada em sua poltrona com Thomas ao seu lado – Mas você vai acabar criando um buraco na sala de visitas da sra. Dodge

Lanço uma careta para ela e ela revira os olhos, Pietra sorri ainda pálida e Willian segura sua mão.

Que porra

Onde eles estavam?

Massageio a têmpora me sentando no sofá e inclino meu corpo para frente, segurando minha cabeça entre as mãos tento contar as respirações. Demora menos de um minuto para que eu perda a paciência de novo

- Mãe! – Pietra diz e eu levanto a cabeça rapidamente. Naomi me olha e eu prendo a respiração, Dodge me encara e assente

- Ela está bem

Solto a respiração fechando os olhos e logo em seguida os reabro me aproximando deles

- Eu poderia vê-la? – eu pergunto em tom baixo e Naomi sorri afirmando, já Dodge faz uma careta

- Não acho uma boa ideia – ele diz e cruza os braços – Pelo menos não enquanto essa história não for passada a limpo

- Querido... – Naomi começa, mas ele o interrompe

- Hayes queria a máfia para si, por isso a aliança – ele afirma e eu engulo em seco – Estou errado?

- Não – eu falo e depois continuo – Nisso você está certo, mas isso mudou. Mas não vou me explicar para você, a pessoa que eu tenho que explicar minhas razões está lá em cima, então se me der licença

Passo por um Dodge chocado e uma Naomi risonha e subo as escadas de dois em dois. Liana está deitada no meio da cama com alguns travesseiros embaixo da sua cabeça, de longe parecia somente estar dormindo, mas quanto mais eu me aproximava, mas eu via sua bochecha roxa, sua coxa enfaixada, e seus braços com alguns curativos.

Me sento na beirada da cama e pego sua mão apertando de leve, ela nem ao menos se mexe. Fecho os olhos suspirando cansado

- Ela estava enganada, não estava? – olho para Pietra na porta e franzo a testa

- Sobre o que?

- Sobre você e sobre suas razões de ter ficado com ela – ela explica e eu assinto lentamente, Pietra sorri e se aproxima – Que bom, fico feliz em saber que você não é um completo babaca

Dou um sorriso com os lábios apertados e olho para Liana mais uma vez antes de me levantar.

- Preciso ir – eu falo e ela me olha confusa

- Da cidade ou do quarto?

- Da cidade – respondo e olho para Liana enquanto explico – Ela nunca vai acreditar em mim, não plenamente, e não o suficiente para me aceitar. Afinal, ela vai herdar tudo isso, seria arriscado ficar com alguém que quer a máfia para si. E tenho certeza que Dodge não vai aceitar isso de jeito nenhum

Pietra me encara e olha para Liana, assentindo ela suspira e me olha de novo

- Quer que eu diga a ela alguma coisa? – ela pergunta baixinho e eu me inclino roçando um beijo suave na testa de Liana

- Não


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Voltar a normalidade não é algo muito prazeroso, principalmente quando a papelada está toda em cima da sua mesa e pronta para ser resolvida assim que você chegar no escritório.

- Amanda disse que deixou os papeis para você assinar em cima da mesa – Thomas diz digitando algo em seu celular enquanto eu dirijo pelo trafego da manhã. Resmungo e passo a marcha desviando de um carro

- Não vou sair do escritório nem tão rápido desse jeito

- Posso assinar por você – Thomas diz e larga o celular – Mas já vou avisando que não vou ler nada do que está escrito

- Obrigada, isso iria me ajudar bastante – falo irônico e ele ri se virando para mim. Um silencio se estabelece no carro e eu estreito os olhos quando percebo o que ele vai perguntar

- Teve notícias dela?

Liana Dodge

Já se tinha passo duas semanas sem ouvir nada sobre ela, a não ser o que eu tinha ouvido nas ruas. Ou quando os meus infiltrados tinham me trazido noticias sobre a saúde dela e nada mais

Não, eu não tinha notícias dela

- Não – respondo brevemente e entro no estacionamento do prédio. Dispenso Thomas e ele vai para o seu andar, cuidar de outras coisas que não documentos importantes a serem assinados.

Massageio o pescoço e entro de cabeça baixa em minha sala privativa, caminho até a metade e paro

O perfume

É a primeira coisa que eu percebo quando entro na sala, somente o seu perfume. Minha mão para em meu pescoço e eu levanto a cabeça olhando para a minha mesa.

Liana está sentada com as pernas cruzadas em cima da mesa, por cima de papeis espalhados. Sua cabeça está inclinada e ela está olhando para a vista a sua frente, mas eu sei que ela sabe que eu estou aqui, eu sei porque agora consigo ler ela tão bem

- Belo escritório você tem – ela comenta baixinho e eu fico parado olhando para ela enquanto respondo

- É razoável – faço uma pausa e coloco as mãos dentro do bolso, tentando controlar – Devo supor que o segurança te achou muito simpática também?

Liana ainda não se vira para mim, mas vejo o seu sorriso crescendo. Meu coração bate de encontro ao meu peito com força e eu inspiro baixinho

- Minha mãe disse que eu não tinha medo de você e que por isso nos dávamos tão bem – ela comenta baixinho – Diferentemente de Pietra que se afastava o máximo que podia

Fico em silencio com medo do que ela vai dizer, mas não ousando me mexer

- Só que ela estava errada. Eu tinha medo de você sim

- Porque? – eu pergunto repentinamente e mordo a língua, Liana se vira ainda sem me olhar e responde

- Porque você me desviava da pista em que eu estava a muito tempo. E isso é um tanto apavorante

- Então você entende o que estou sentindo agora – comento e ela finalmente levanta o olhar. Seus cabelos caem de encontro ao rosto e eu dou um passo a frente

- Você foi embora, apesar de tudo

- Te dei o que você queria

- Você estava com medo

- Estava – eu admito quase sussurrando e ela pisca com minha confissão – Estava com medo de que nunca acreditasse em mim ou no que eu sentia por você. E de que tudo estivesse de alguma forma relacionado a máfia

- E não está?

- Não – afirmo rapidamente – Entre mim e você não existe máfia, não é certo existir algo que nos impeça

Liana fica em silencio e um minuto depois ela se levanta, seus passos tão precisos, tão silenciosos. Ela para a cinco centímetros de mim e eu inspiro, ela morde o lábio inferior sorrindo e eu a observo, meu desejo estalando e queimando por dentro

- Diga – ela diz e eu prontamente sei o que ela está pedindo, balanço a cabeça lentamente

- Isso não vai ajudar, não quando não podemos ficar juntos

- Diga Dreicon – Liana repete e eu fecho os punhos com força oscilando, mas quando eu falo, não existe hesitação, nem mesmo mentiras

É a mais pura verdade

- Amo você 

O Par PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora