boa leitura!
20/09/2016
Dançarino... só me faltava essa.
...
Eu não deveria estar ali, na verdade, me proibiram de andar sozinho pelo Instituto milhares de vezes, mas sempre existia um jeito de entrar, o mais fácil era pela janelinha do banheiro do térreo. Subi, jogando a mochila para dentro do banheiro, caindo com um eco lá dentro, esperei, estático, que um segurança entrasse e viesse me expulsar... De novo. Mas ninguém entrou, então peguei a mochila no chão e saí do banheiro, o truque para invadir um lugar é fingir que você pode estar ali, se você achar que tem direito a algo, então você tem.
E foi isso que fiz enquanto contava as salas com cuidado até encontrar a sala onde minha mãe geralmente fazia os ensaios. Olhando em volta mais uma vez, entrei na sala.
Minha mãe gostava de dançar sem música, pelo menos, durante os ensaios, ela contava o tempo entre cada movimento com muito cuidado e dizia que acertaria na música mais tarde, então, enquanto eu me sentava no chão de madeira para vê-la dançar, podia ouvir o eco de cada passo. Primeira posição, segunda posição, terceira posição... Eu já sabia todas elas de cor. Deitei a cabeça no chão, ouvindo com ainda mais clareza os passos de mamãe ecoando pela sala. Tum, tum, tum... Cada batida como se fosse um coração pulsando.
Não percebi quando ela finalmente parou, ficando de frente para o espelho.
— Achei que você não deveria estar aqui — Ela disse com um sorriso pequeno no rosto.
Me sentei ereto, encarando-a através do espelho enquanto ela desfazia o coque no alto na cabeça, fazendo os longos cabelos castanhos caírem sobre os ombros. Mamãe caminhou até mim.
— Ninguém disse que eu não deveria entrar — Falei dando de ombros.
— Ah, é? — Mamãe debochou — E por onde foi que você entrou?
Fiquei calado e ela riu, porque com certeza já sabia a resposta.
— Vem — Ela pegou minha mochila — Vamos para casa.
Era sempre assim, eu vinha aqui — clandestinamente — entrava escondido nas salas de ensaio e via mamãe dançando, às vezes eu era expulso e às vezes não, ela não brigava comigo, apenas pegava minha mochila, sorria e dizia "vamos para casa"...
...
É bem difícil me lembrar dessa época agora, uma época sem hospitais, quando eu tinha os meus 13 anos e não entendia nada sobre nada, quando ainda estávamos na Coreia, eu quase não me lembro de lá agora. Depois de um tempo, tudo se torna meio confuso, eu não lembro mais se comecei a odiar dança quando mamãe caiu num palco pela primeira vez ou quando ela se foi... Nunca mais quis saber disso.
Então Jimin apareceu e trouxe tudo de volta.
Taehyung não disse nada durante todo o caminho até em casa, quase me senti culpado por isso, geralmente ele falava pelos cotovelos, mas até ele sentia que tinha alguma coisa errada, só não sabia o que. Como ele saberia? Ele não passava de uma criança quando começou, não poderia entender o quanto foi difícil. Pra ser sincero, eu fiz de tudo para que ele não precisasse entender, ele não precisava passar pelo que eu passei, mesmo que ele tivesse os próprios traumas para reprimir...
Quando chegamos em casa, Taehyung imediatamente soltou minha mão e correu para dentro do quarto, fechando a porta, eu não iria brigar com ele por agir assim, então apenas deixei que ele ficasse com raiva.
Jimin e minha mãe ainda permeavam meus pensamentos, pensei em como as coisas podiam mudar de uma hora para a outra, ainda hoje, não fazia muito tempo, eu estava conversando e caminhando com Jimin como se fôssemos quase amigos. Falando em caminhar...
— Preciso de um banho... — Murmurei para mim mesmo e fui até o banheiro, tomando um banho rápido.
Quando saí do banheiro, os cabelos ainda molhados e pingando na camisa, papai ainda não estava em casa, tinha pegado muitas horas extras nos últimos dias, dificilmente chegava em casa antes que eu e Tae estivéssemos dormindo.
Olhei para a porta do quarto, ainda continuava fechada, Taehyung tinha o péssimo hábito de guardar mágoas, se sentia ferido com muitas coisas e não perdoava com facilidade, poderia ficar trancado ali até amanhã. Resolvi deixar que ele ficasse quieto por mais um tempo, então me deixei cair pesadamente no sofá. O dia parecia ter durado uma semana inteira.
Mas não tinha acabado ainda, Jungkook resolveu que essa era a melhor hora para me ligar.
— O que é?
— COMO ASSIM "O QUE É?" — Jungkook gritou do outro lado da linha — Era pra você me esperar! Me deixou plantado lá por nada!
Ah, claro... Eu tinha que esperar. Jungkook continuou com sua ladainha por pelo menos cinco minutos, dizendo o quanto eu era insensível, quando ele ficava assim eu só precisava ouvir e concordar de vez em quando.
— Vai me dizer por que me deixou esperando lá sozinho?! — Ele perguntou por fim.
Respirei fundo e disse de uma vez:
— Jimin é dançarino.
Jungkook ficou em silêncio, eu quase podia imaginar sua expressão boba de descrença, ele ficava sem jeito em momento assim, ainda mais sendo pego de surpresa.
— Ah — Foi o que ele murmurou depois de algum tempo.
Nesse momento, uma frestinha se abriu na porta do quarto e Taehyung me espiou pela abertura, abrindo a porta devagar.
— Não estou com cabeça agora, te vejo amanhã. — Disse para Jungkook.
— Certo, até depois.
Desliguei e observei Tae se aproximar devagar, tinha uma toalha nas mãos.
— Parece que passou um furacão no seu cabelo — Ele disse baixinho, se sentando ao meu lado e passando a secar o meu cabelo.
Não falei nada, nem ele disse mais coisa alguma, era o nosso jeito de fazer as pazes.
Oiii
Capítulo pequeno, eu sei, mas juro que o próximo vai valer a pena, n desistam agora <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nas Batidas do Seu Coração
Fiksi Penggemar"Minha vida foi controlada pelos ritmos das músicas, suas melodias encantadoras e simplesmente maravilhosas. Mas então tudo se foi e quando eu tentei ser algo que não era, apenas escutei ruídos que não faziam o mínimo sentido, por isso... As batidas...