46. Namjoon

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Desculpem o atraso pra atualizar. Boa Leitura♡

04/01/2017

Apesar da raiva, do sentimento de traição e da mentira, a emoção que me acertou com mais força foi o medo. Medo de perder Jungkook também.

Parei na frente do portão da garagem, encostei a testa no metal frio, eu só usava uma calça moletom e uma blusa de punho muito fina, não era nada apropriado para o clima, o céu estava cinzento e fechado, parecia que ia nevar, olhei distraidamente para os meus pés descalços e quase dormentes. Mesmo assim não senti o frio, só a sensação de asfixia, eu não conseguia puxar o ar direito, estava ofegante como se tivesse corrido uma maratona, me senti tonto, minha cabeça pesou e pontos pretos dançaram na minha visão, sacudi a cabeça para me livrar deles.

Era como se eu estivesse sozinho no mundo, tudo o que eu queria era voltar para dentro de casa e ouvir o que Jungkook tinha a dizer, mas não conseguia, se eu voltasse lá agora, tudo poderia acabar, eu diria coisas que não deveria, minhas barreiras estavam subindo uma a uma e eu não tinha poder o bastante para baixa-las, tudo estava voltando... A insegurança, a desconfiança, o medo. Tudo.

E a culpa.

Onde eu estava para não ver que Taehyung tinha se metido em problemas? O que eu estava fazendo todo esse tempo? Eu tinha me distraído e deixado de pensar na única coisa que deveria ser importante: meu irmão mais novo. Agora eu sentia como se não o conhecesse e talvez isso fosse mesmo verdade.

Meus dedos tremeram quando abri o portão da garagem, meu corpo parecia não estar sob o meu controle, adentrei a garagem e olhei todas as caixas empilhadas ali.

A garagem nunca foi usada, em todos os anos que estivemos ali, papai sempre estacionava a viatura na calçada da frente, enquanto a garagem virava uma espécie de depósito, ali jogávamos todas as coisas que não queríamos, mas que não conseguíamos jogar fora. Comecei a abrir todas elas, revirando o conteúdo atrás de algo que me fizesse lembrar daquela época, do início, de quando conheci um garoto esquentado e irresponsável de 12 anos e ele se tornou meu melhor amigo.

Minha amizade com Jungkook nunca pareceu fazer muito sentido, não nos encontrávamos muito na escola, eu estava três turmas na frente, nossos horários de intervalo também não eram ao mesmo tempo, raramente isso acontecia. Mesmo assim ele tentou se aproximar de mim. Jungkook sempre foi um garoto estranho, era popular, sempre rodeado de um bando de meninos com olhos cheios de admiração e meninas curiosas, mas ele nunca pareceu dar muita bola para isso, o que só deixava os outros ainda mais ansiosos pela atenção dele. O engraçado foi que, quando nos tornamos amigos, ele me seguia para todos os lados.

— Por que faz isso? — Perguntei muitas vezes, mas Jungkook sempre dava de ombros e ficava calado, isso era comum quando éramos mais novos, Jungkook não tinha a necessidade de preencher o silêncio e eu mesmo não era muito de falar.

Eu só precisava me lembrar disso, precisava do passado para não estragar o presente.

Vasculhei as caixas, era como se eu estivesse voltando no tempo, destrinchando toda a minha vida desde agora até tudo o que viera antes. Vi livros velhos e cadernos que eu usava no ensino médio, coisas que eu não via fazia muito tempo, pensei se não era a nostalgia que me fazia cambalear levemente, me sentia leve e isso não parecia certo...

Tirei uma caixa de fotos de quando eu era criança, Taehyung era um bebê de colo, eu o segurava nos braços em algumas delas. Deviam estar por aqui, as fotos de quando Jungkook se formou, de quando eu entrei na faculdade, fotos, bilhetes, cadernos daquele ano... Qualquer coisa que me fizesse lembrar!

A caixa caiu com um estrondo quando a derrubei no chão, minhas mãos tremendo demais para que eu pudesse segura-la, o conteúdo se espalhou pelo chão, quebrando um vidro de perfume que se espalhou pelo chão.

Nas Batidas do Seu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora