oi oi
aqui um capítulo super fofinho pra vcs, espero q gostem
feliz (restinho de) natal e boa leitura (ノ◕ヮ◕)ノ*.✧💜
25/12/2016
Pedi que a enfermeira deixasse as cortinas abertas, o sol de inverno não era grande coisa, era pálido e cinzento, mas eu gostava de como a luz adentrava o quarto mesmo assim. Minha mãe tinha conseguido me deixar sozinho em um quarto enquanto ela tentava acertar todos os detalhes da fisioterapia. Eu não tinha rompido um tendão, mas tinha forçado muito os músculos, muito mais do que deveria. A solidão e o silêncio me deixavam meio impaciente, mas ele estava ali o tempo todo.
Olhei para Namjoon estirado sobre a poltrona ao lado da cama, ele dormia com os lábios entreabertos, a luz da janela brilhava sobre seu rosto e ele tinha os braços cruzados sobre o peito. Ele não tinha saído dali nenhuma única vez, na noite em que vim ao hospital ele foi até em casa e voltou com uma mochila, dizendo que ficaria ali comigo, as enfermeiras tentaram expulsa-lo ao fim do horário de visitas, mas ele conseguia entrar de um jeito ou de outro, mas nunca contava como fazia isso. Namjoon foi tão insistente que meus pais concordaram em deixa-lo ali como acompanhante.
Observei Namjoon se remexer na poltrona e me perguntei como ele conseguia dormir ali, 1,81m de altura encolhidos numa poltrona que mais parecia uma cadeira estofada.
Tinha três travesseiros nas minhas costas e um apoiando o meu pé para que ele ficasse esticado, me inclinei para pegar o travesseiro e colocar onde Namjoon estava sentado, tentar deixa-lo um pouco mais confortável, mas assim que eu estiquei meu braço na direção da poltrona, Namjoon começou a se mexer.
— O que está fazendo? — Namjoon perguntou enquanto abria os olhos, piscando com a claridade e com o movimento repentino.
— Te dando um travesseiro, você tá todo troncho.
— Isso vai atrapalhar na sua recuperação.
— Pega logo isso.
— Mete isso aí debaixo do teu pé, seu tonto.
— Não quero.
— Quer que eu vá colocar pra você?
— Eu.não.quero — Namjoon respirou fundo enquanto eu fazia birra como uma criança — E se você não pegar, eu vou jogar no vidro.
— Nem deitado você sossega...
Ele se levantou e pegou o travesseiro da minha mão, mas ele nem se deitou, só colocou o travesseiro no encosto da cadeira e se sentou enquanto passava a mão em seu pescoço.
— Eu me importo com você e ainda levo o nome de “tonto”, que xingamento besta, aliás...
— Seu tornozelo precisa de cuidados, ou é você?
— Mas olha... continua implicando, eu pensei que ia se tocar e pedir uma desculpa, eu estou doente.
— Oh, me desculpe Jimin, eu fui um babaca com você ao falar desse jeito — Namjoon disse em um tom sarcástico.
— Vou pensar no seu caso, veremos se merece o meu perdão.
Nos encaramos e começamos a rir, eu gostava que ficasse ali, o hospital é um saco, não posso fazer nada, nem comer o que eu quero, as comidas daqui mais parecem as dietas que eu tinha que seguir em casa.
— Como você consegue entrar aqui, mesmo que as enfermeiras te expulsem?
— Minha mãe ficou internada nesse hospital.
Senti meus ouvidos ficarem imediatamente atentos ao ouvir aquelas palavras, não pensei que a resposta seria aquela, na verdade, eu nem sabia o que esperar que ele respondesse. Isso me fez lembrar de novo daquele desgraçado do Jungkook, eu realmente o odeio, nunca sei o que falar quando Namjoon toca no assunto de sua mãe, e eu não podia perguntar, sabia que ele não iria gostar, tinha que esperar até ele me contar, era frustrante, mas com Namjoon era sempre assim, ele tinha que dar o primeiro passo.
— Taehyung pegou muitas broncas nesse tempo, tanto minhas quanto do meu pai, mas eu falava e fazia coisas parecidas, acho que não tinha tanta moral assim pra falar com ele — Namjoon disse com um olhar nostálgico, triste e conformado.
— Você? Mas você é o Namjoon, o Namjoon quadrado que estuda economia.
— O que isso tem a ver?
— Invadir um hospital é errado. Você não faz coisas erradas.
Namjoon ainda parecia triste, mas acabou por rir da minha expressão de surpresa, eu queria continuar a conversa, queria saber mais sobre Sarang, mas quando o assunto era aquele eu sempre me sentia pisando em ovos.
— Certo, você era um delinquente juvenil — Ignorei o olhar irônico dele — Algo mais que eu deva saber?
— Detesto jujuba, é nojento.
— Como pode? Nojento é você, não sabe de nada.
— E você com sua dieta de coelho sabe de alguma coisa?
— Também não precisa jogar na cara.
Nos encaramos por um momento e voltamos a rir, mas rapidamente continuei falando enquanto ele ainda tentava recuperar o fôlego.
— Mas falando sério, te contei meus traumas, não tá na hora de você se abrir pra mim também?
"Me conte sobre a sua mãe", era o que eu queria dizer, mas ao invés disso simplesmente observei Namjoon analisar o meu rosto, ele desviou o olhar por um tempo e encarou um ponto qualquer do quarto. Namjoon cerrou o maxilar, achei que fosse ignorar a pergunta, talvez eu tivesse ultrapassado a linha imaginária que existia entre nós, quis voltar atrás, tive medo de que ele fosse embora.
— Faz dois anos desde que a minha mãe morreu — Quase suspirei de alívio quando ele começou a falar — Dia 17 de setembro de 2014, parada cardíaca.
— Namjoon, eu... Eu sinto muito — Gaguejei, nunca estive naquele tipo de situação e nunca fui bom com palavras, mas Namjoon apenas sorriu tristemente e negou com a cabeça, como se não se importasse.
— Os feriados e as datas de sempre foram os mais difíceis, o Natal daquele ano parece um borrão, Ação de Graças, o aniversário dela, o dia das mães, Ano-Novo, Páscoa... Foi bem estranho no começo, ela passou boa parte do tempo no hospital, então eu ainda ficava sentado no sofá, esperando que ela fosse voltar a qualquer instante, me dando feliz aniversário ou algo assim.
— “Feliz aniversário?”
Namjoon pareceu se assustar, acho que não tinha a intenção de me contar aquilo, acabou escapando enquanto ele se deixava levar pelas memórias.
— Foi só naquele ano — Ele praticamente sussurrou — Meu aniversário é dia 12 de setembro, quando ele se aproximava eu me sentia estático, como se... Como se o dia 17 fosse chegar, completar um ano inteiro e concretizar tudo, eu secretamente ainda esperava que fosse tudo mentira, então passamos pelo primeiro aniversário de morte e foi aí que eu soube... Minha mãe não ia voltar.
Fiquei vazio por um momento. Dia 12 de setembro, só três dias antes da mãe morrer, o que se tinha a comemorar com aquilo sobre os ombros?
— Eu preciso... só preciso de um minuto — Namjoon fez menção de se levantar, mas me estiquei depressa, quase escorregando do colchão, e segurei sua mão.
— Acho que vou dormir um pouco, estou cansando.
Segurei firmemente a mão de Namjoon em um pedido silencioso de que ele ficasse, Namjoon voltou a se ajeitar sobre a poltrona e virei o rosto, fingindo dormir, mas ainda segurando a sua mão. Ouvi um fungar baixinho e soube que ele estava chorando, entrelacei meus dedos aos dele, dando alguma espécie de apoio. Eu podia não saber o que dizer, mas aquilo... Pelo menos aquilo eu podia fazer.
...
Era Natal.
Incrivelmente, só lembrei disso quando a enfermeira perguntou se queríamos participar da pequena ceia que alguns funcionários e pacientes organizaram. Tentei responder que sim, óbvio, com toda certeza eu iria sair daquele quarto, já estava enfurnado ali há quase três dias.
— Acho melhor não — Namjoon respondeu no meu lugar, meu queixo caiu.
— Ei, você não pode... Eu vou, sim!
Namjoon me lançou um olhar gélido, devolvi com a mesma intensidade, mas pisquei primeiro e ele sorriu, cruzei os braços, emburrado.
— Ele tem que ficar deitado aí — Namjoon explicou — Mas obrigado.
A enfermeira assentiu e sorriu antes de sair, coloquei um travesseiro no rosto e gritei contra ele.
— Estou sendo mantido refém — Resmunguei, me sentando na cama, Namjoon apenas riu.
— Não seja dramático.
— Claro... carcereiro.
— Vai por mim, você vai gostar mais de ficar aqui.
— É? Por quê? — Olhei para Namjoon com um sorriso maldoso e ele jogou um travesseiro na minha cara — Eu estava só brincando! Mas, sério, por quê?
Como se respondesse a minha pergunta, a porta se abriu de supetão e arregalei os olhos quando vi meus pais, Alex, Kate, Lila, Jungkook e Taehyung entrarem.
— Você cortou o cabelo — Jungkook falou, olhando para Lila, completamente surpreso, a garota passou os dedos pelos cabelos castanhos muito curtos e sorriu, sem graça. — Ficou legal, mas... Você cortou o cabelo!
Alex olhou para Lila com aprovação e a menina desviou o olhar, resolvi deixar isso de lado — por enquanto — e me concentrei em abraçar minha mãe quando ela veio até mim.
— O que estão fazendo aqui?
— Não íamos deixar você passar o Natal sozinho, tonto — Mamãe sussurrou ao meu ouvido, depositando um beijo na minha bochecha, coisa que raramente fazia. — Me desculpe.
Revirei os olhos com um sorriso, já tinha perdido a conta de quantas vezes ela tinha pedido perdão desde o dia em que caí, tinha ficado tão desesperada que nem mesmo me deu uma bronca por ter sido tão irresponsável.
— Tudo bem, mãe — Respondi mais uma vez. — Pare de pedir desculpas.
— Certo, tudo bem... Desculpe.
— Mãe!
— Parei, parei.
Todos rimos quando ela se afastou de mim, dando lugar ao meu pai, Alex se jogou na cama ao meu lado com um suspiro e um resmungo de “essa cama é melhor que a minha”, Kate revirou os olhos.
— Você não podia ter quebrado a perna? — Alex perguntou, olhando a tala que envolvia meu tornozelo — Eu iria encher o seu gesso de adesivos e palavrões.
— Que adorável — Revirei os olhos.
— Teria sido bem mais dramático — Jungkook sorriu para Alex quando ela lhe mandou um positivo. Lila bateu no ombro de Jungkook — Ai! Eu só estava brincando.
— Mal-educado — Ela repreendeu, mas Jungkook apenas riu.
— Que seja, minhas mães e Jae estão vindo para cá, procuraram um buffet que fizesse uma ceia de última hora, teriam pedido para Ana, mas mãe Yuna gosta de dispensar todos os empregados uma semana antes nos feriados.
Ah, verdade, Jungkook era rico — burguês safado — era fácil esquecer disso quando eu o via com roupas simples, cansado de trabalhar no restaurante e completamente louco por causa das provas.
— Vamos ficar todos aqui? — Perguntei, olhando para o quarto pequeno e para o monte de pessoas reunidas ali.
— A mãe de Jungkook conseguiu que liberassem uma parte da praça de alimentação — Papai respondeu.
— Sim, muito obrigada, Jungkook — Mamãe sorriu para ele. Burguês safado.
— Ah, tudo bem — Jungkook parecia envergonhado com o assunto e passou a mão na nuca distraidamente — Não foi tão difícil, eu passava muito tempo aqui quando era mais novo.
Jungkook lançou um olhar cúmplice para Namjoon, olhar que não gostei nada, o ciúme que eu tinha da amizade dos dois continuava me cutucando todas as vezes, mesmo assim eu deveria ser grato por Jungkook fazer aquilo.
— Obrigado, Jungkook — Falei, mesmo que a contragosto. Jungkook apenas deu de ombros, acho que realmente nunca nos daríamos bem. Tive a confirmação disso quando ele disse:
— Nam, eu trouxe umas roupas pra você.
— Obrigado — Namjoon se levantou da poltrona — Vejo vocês daqui a pouco.
— Até depois, Jiminie — Jungkook me deu um tchauzinho.
Burguês safado, maldito, desgraçado, demônio, seu grande filho de uma...
Pensei em todos os xingamentos possíveis enquanto via Jungkook passar um braço sobre os ombros de Namjoon e os dois saírem conversando animadamente, Lila os seguiu e tomou um dos braços de Jungkook no seu. Se tivesse algum aparelho ligado a mim agora ele com certeza me acusaria de estar tendo um infarto ou um ataque.
— O que vocês dois têm? — Kate perguntou, olhando para mim e para Alex, que ainda estava na minha cama, os braços cruzados.
— Dor de cotovelo — Alex resmungou, emburrada.
Apresento a vocês Jeon Jungkook, o rei da discórdia.
...
Me levaram até a praça de alimentação em uma cadeira de rodas, me senti uma criança, mas foi divertido, minha mãe gritou quando Alex e Kate decidiram apostar uma corrida, Alex me empurrando na cadeira de rodas e Kate correndo ao meu lado. Só paramos quando Alex fez uma curva e quase caí no chão.
Jae tinha juntado algumas mesas e Yuna e Colleen organizavam tudo sobre elas, discutindo sobre onde deveria ficar cada coisa, pararam de brigar quando Jungkook votou a favor de Colleen quanto a organização da comida. Alex me deixou sozinho e correu para o lado de Lila, se sentando ao lado da garota antes que Jungkook o fizesse, mas ele estava ocupado demais com Yuna e Colleen. Fiquei observando tudo aquilo, uma sensação muito quente se instalando em meu peito ao ver meus amigos e meus pais ali, mesmo pessoas que tinham acabado de me conhecer estavam ali por mim. Sorri e senti minha garganta embargada.
— Posso levar você? — Uma voz hesitante perguntou às minhas costas, virei na cadeira e vi Taehyung, seu rosto nervoso e um sorriso ansioso e muito pequeno em seus lábios.
— Claro!
O sorriso fraco de Taehyung se alargou um pouco e ele passou a empurrar a cadeira de rodas, me colocou ao lado de Jae, de frente para Namjoon, ele estava discutindo com Jungkook.
— Você pegou, sim — Namjoon acusou e Jungkook negou firmemente — Pegou e não me devolveu, eu adoro aquela jaqueta.
— Dei para o Taehyung.
— Mentiroso — Taehyung rebateu — Estava com você, você não devolveu na sexta.
— Eu juro que devolvi! — Jungkook pareceu indignado.
— Do que estão falando? — Jae interrompeu.
— Da minha jaqueta que Jungkook usou na apresentação, ele não devolveu — Namjoon afirmou novamente e Jungkook fez uma careta.
— Aquela jeans com botões prateados? — Yuna falou — Está para lavar, Jungkook derrubou suco de uva nela.
— Ele fez o quê?! — A voz de Namjoon soou estridente e Jungkook se encolheu.
— Puxa, sinto muito — Colleen analisou a comida no prato e deu de ombros — Lavamos umas duas vezes e nada.
— Nam... já falei que te amo hoje? — Jungkook sorriu com os ombros encolhidos.
— Continue me amando debaixo da terra porque é pra lá que você vai!
— Jungkook! — Lila gritou quando ele e Namjoon se levantaram e começaram a correr — Ei, cuidado!
Alex, Kate e Taehyung riam de se acabar, meus pais conversavam com Jae e as mães de Jungkook, me senti estranhamente acolhido naquele meio, como se os conhecesse a vida toda. Eram parte da família.
E o natal era sobre isso... amor e família.só mais uma vez?
feliz natal~~~~~~~~~
bom final de ano e muito obrigada pelos comentários, votos e tudo mais, por todo o apoio, espero que vcs amem essa história tanto quanto eu e q estejam bem e animados pro próximo ano, continuem aqui em 2022 💜💜💜
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Nas Batidas do Seu Coração
Hayran Kurgu"Minha vida foi controlada pelos ritmos das músicas, suas melodias encantadoras e simplesmente maravilhosas. Mas então tudo se foi e quando eu tentei ser algo que não era, apenas escutei ruídos que não faziam o mínimo sentido, por isso... As batidas...