Daeron I

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s o l a r e s t i v a l

Daeron não se surpreendeu quando a carta de seu pai sobre o desaparecimento da princesa chegou por intermédio de asas negras. O herdeiro de Solarestival havia sonhado com a prima noites antes, havia visto uma tormenta, navios balançando e um rosto familiar sumindo no meio da chuva. "Alyssana tinha sido sequestrada", fora o que o rei dissera e o que seu pai avisara em suas palavras rígidas e diretas. Mas Daeron duvidava muito daquilo.

Ele conhecia a prima bem demais para saber que ela não teria sido levada sem lutar e que Pedra do Dragão era devidamente fortificada para ter isso invadida. Ou uma pessoa extremamente habilidosa teria que ter feito tal coisa, isso o deixava com certa preocupação. Coisa que devia ter se demonstrado em sua face, pois Daerys, sua irmã, questionou sobre o conteúdo no pergaminho.

— Alyssana, nossa prima está desaparecida. — O Targaryen que possuía cabelos tão negros como piche respondeu rapidamente.

A outra descendente de Aegon I ficou desconcertada e o garfo ficou preso com força em suas mãos pequenas. Daerys não gostava da prima deles, isso em parte por conta dela ter ciúmes dele com a Princesa de Pedra do Dragão, já que ambos trocavam cartas constantemente e haviam se aproximado na época que ele foi até a ilha para domar o próprio dragão.

— E o que mais papai escreveu? — Os olhos violetas dela refletiam um misto de ira e ansiedade.

— Que ele me quer em Porto Real o mais rápido possível. — Os dedos dele começaram a tamborilar na mesa do café da manhã. Ele observou enquanto a irmã deixava os talheres de lado e levantou-se de sua cadeira.

— Obviamente. — A raiva de Daerys era quase palpável no ambiente. — E você não deve levar muito para voar até a Corte.

— Não devo deixar nosso pai esperando, ele com certeza tem planos com os quais eu devo estar incluído.

Ela virou-se rapidamente fazendo com que as madeixas negras que estavam soltas em seu penteado se sacudissem com o movimento. A Targaryen se direcionou até uma das grandes janelas altas que deixavam a luz da manhã entrar no palácio de verão. Daeron não sabia se devia ir até ela ou não, na verdade, fazia algum tempo desde que o rapaz tinha noção do que fazer em relação à irmã.

— Você vai me deixar, por ela... — Tinha frustração em seu tom baixo, porém a acidez e o ciúme ocultavam isso.

Daeron por fim decidiu se levantar lentamente, ainda ansioso por conta de seus próximos passos. Ele se sentia desleixado e temeroso ao lado da irmã, isso em grande parte por conta da culpa que sentia pelo fato de ter se deixado cair nas investidas dela. Havia começado após a morte da mãe deles, quando ambos estavam frágeis, devastados e carentes. Agora ele não sabia se cair nos encantos dela era apenas para suprir a solidão ou porque ele era fraco demais para se esquivar da personalidade forte de Daerys.

Ele tocou no ombro da irmã e a mesma virou-se, os lábios dela estavam contra os dele antes que Daeron pudesse reagir. O herdeiro de Solarestival não respondeu à boca dela e a segurou pelos ombros, a colocando para longe.

— Não vá! — Fora quase um grasnado cheio de ferocidade da garota e que fez com que ele recuasse dois passos.

— Sabe que não posso fazer isso, nosso pai...

— Ele que faça o que bem entender ou que vá procurar a maldita da Alyssana ele mesmo! — As palavras dela jorravam ódio e ele não gostou da maneira como a irmã falou da prima deles.

— Pois bem, se precisar ficar com raiva de mim, que fique, mas não diga tais coisas de Alys.

Ela bateu os pés no chão em uma atitude completamente infantil e saiu do pequeno salão em um redemoinho de vermelho e preto.

Daeron deixou o ar sair de seus pulmões com calma e foi até uma das mesinhas encostadas na parede. Serviu um cálice de vinho dornes, que era o favorito dele. Depois sentou-se em seu cadeirão novamente, o assento que pertencia a seu pai, a Mão do Rei, Lorde Aemond, mas que ele ocupava enquanto o patriarca permanecia na capital. Daeron estava cansado dos caminhos que a vida dele estava tomando. Sua mãe nunca que estaria orgulhosa do que a família estava se tornando.

Lady Daena havia sido o pilar que matinha todos eles unidos sob o teto de Solarestival, mas agora que ela havia partido todos estavam no meio do caos. Aemond havia se afastado ainda mais, à medida que tentava reverter todo o mal que Aegon fazia enquanto ocupava aquele trono horroroso. Ele e Daerys viviam naquele castelo, tinham cedido a um relacionamento que ele se sentia culpado, por mais que fosse comum na família dele o casamento entre irmãos. E Aelor, o mais novo, fazia meses que ele não colocava os pés em casa e eles apenas sabiam que o mesmo não estava morto por conta dos relatos de seu dragão indo de um lugar a outro por Westeros.

Não eram mais a família que Daena havia deixado para trás.

Daeron tomou o último gole de seu vinho forte, sabendo que tinha de preparar o palácio para sua partida e que não demoraria muito para que ele tivesse que cortar o céu sob as asas de Stormcloud, seu dragão. Ele deixou o copo e tentou pensar nos afazeres que teria pela frente, assim não ficaria tão concentrado na irmã, no pai, no irmão ou ainda na prima desaparecida.

Pela PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora