Daeron III

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p o r t o   r e a l

Ao contrário das suposições de Aemond, o Rei não deu qualquer importância para a chegada de Daeron ao castelo. Isso deixou o herdeiro de Solarestival mais tranquilo, porém ainda assim permaneceu na corte por mais alguns dias antes de ter que partir para Pedra do Dragão. Dessa forma, aquele era o único motivo de se encontrar em pé no meio daquele banquete.

Era quase o final da manhã, então até os nobres mais ociosos estavam despertos.

O salão parecia uma passarela de cores. Vermelho e preto, verde e dourado, amarelo e preto, laranja e mais dourado. Todos os nobres que haviam vindo até a Fortaleza Vermelha tinham vindo prestigiar o pequeno banquete que Vossa Graça havia proporcionado para seus lordes e ladys, todos ali com o mesmo objetivo: achar Alyssana. A coisa que Aegon havia mandado todos fazer, porém que ele mesmo não levantava um dedo para ajudar.

Bebeu um pouco de sua cidra, tentando tirar o pensamento amargo da cabeça.

Não gostava muito de tais eventos, por mais que se saísse eloquentemente em seu papel ao lado de seu pai. Entretanto, era o melhor que podia fazer para esvaziar a mente da ansiedade e da insônia causada por seus sonhos cada vez mais estranhos. Daeron sabia que tinha olheiras e esperava que nenhum nobre tivesse a falta de decoro para ressaltar isso à medida que a Mão ia cumprimentá-los, pois sabia que ainda faltava muito até que Aemond deixasse de andar de um lado para o outro carregando seus dois filhos.

Ele olhava para Aelor de soslaio, ainda sentido uma mistura de raiva e confusão.

A chegada do mais novo tinha sido uma surpresa tanto para o pai quanto para ele. Tinha surgido no meio da comitiva de Borys Baratheon, como uma grande ironia do destino criado pelos Sete. Estampava um sorriso galanteador e pouca-vergonha na cara, afinal tinha viajado por Westeros sem dar notícias por semanas e de repente aparecia na Corte sem qualquer convite ou aviso.

Aemond tinha ficado furioso.

Mas, as aparências eram mais importantes. Por isso que ambos vestiam preto brocado com detalhes em vermelho, correntes prateadas e broches desenhados em formato de dragões como os que voavam no céu naquele momento ou os crânios que os observavam macabramente. Os dois irmãos se alinharam quando o pai parou diante de Lorde Baratheon, seu filho mais velho e mais homens da Terra da Tempestade.

— A Mão do Rei. — Ottis comentou com certo nível de desdenho. Ambos não se gostavam por conta de conflitos em seus interesses. Aemond nunca concordou com o tamanho de poder que Aegon deixava Ottis manter tão perto das Terras da Coroa, enquanto o Senhor de Ponta Tempestade não gostava nem um pouco do Targaryen como Mão.

— Lorde Ottis, gostaria de agradecer por ter trago tantos homens consigo em busca de nossa amada e perdida princesa. — Aemond falou se referindo ao acampamento dourado que se aglomeravam sobre as muralhas da cidade, todos leais a Ponta Tempestade.

— É o mínimo e o certo a se fazer. — O homem bradou batendo um punho no peito ainda largo, mesmo com a idade. — A honra dos Targaryen e de Vossa Graça foi manchada com tamanha afronta, se eu puser a mão no desgraçado que...

— Irá trazê-lo perante a justiça de Vossa Majestade, para enfrentar o julgamento banal e, por fim, o fogo dos dragões. — A Mão o interrompeu e seus filhos trocaram olhares rápidos, a tensão crescendo mais do que deveria.

— Claro. — Ottis murmurou entre dentes cerrados, visivelmente contrariado.

— Aproveitem o banquete.

Daeron lançou um olhar calmo para Borys, haviam se conhecido quando ele mesmo foi escudeiro em Ponta Tempestade. Não eram próximos, mas amigáveis o suficiente para trocarem um aceno respeitoso. Aelor fora menos contido, dando dois tapas no ombro firme do Baratheon, que não foi retribuído, antes deles partirem perante o próximo grupo de cortesões.

Pela PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora