Kyra I

34 2 0
                                    

i l h a s   d e    f e r r o

O Serpente Marinha cortava as águas turbulentas e tempestuosas que rodeavam as ilhas com rapidez. Era um navio veloz, menor do que os de guerra que o pai dela comandava e feito para longas viagens. Assim, Kyra Greyjoy sabia que não demoraria muito para chegar até em casa, até a velha e nada calorosa Pyke, que era o único lugar que a capitã poderia chamar de lar.

Kyra olhou por cima do ombro quando notou os passos se aproximando na madeira polida da embarcação.

Torben Fregar se aproximou mostrando um sorriso de canto que ele apenas direcionava a ela. O cabelo castanho, que ele pintava com tintas exóticas na cor verde-água, estava bagunçado pelo vento, deixando a aparência dele caótica. Ainda mais quando vinha vestindo roupas folgadas a amarrotadas depois de aventura que ambos tiveram na cama noite passada. Ainda deveria haver marcas das unhas dela nas costas largas dele, ela não se arrependia e sabia que ele muito menos.

— Então, faz um tempo desde que pisamos em Pyke. — Ele relembrou colocando a mão grande na cintura dela, que Kyra tirou com um tapa rapidamente. Já que ela não gostava de mostrar a relação de ambos na frente da tripulação, todos sabiam que era ele quem dividia sua cabine, mas isso não significa que a capitã conhecida como a Princesa de Ferro não possuía uma reputação para manter.

A nascida de ferro virou para observar o bravosi de frente, observando os olhos mel que eram o oposto dos azuis dela. Eles eram um "casal" diferente para qualquer um, até mesmo entre os piratas de sua tripulação que tinham as histórias mais mirabolantes. As mechas vermelhas dela, vindas da mãe, que estavam quase sempre escondidas pelo chapéu surrado que a mulher usava, em contraste com o pintado dele. Mesmo assim, com as diferenças, se complementavam de certa forma.

E pensar que parte da guerra que as ilhas se encontravam naquele momento era por conta dela ter continuado amando ele. Desde que veio para Pyke com o pai, para ensinar ela a arte da dança das águas executada pelos dançarinos de Bravos.

— Realmente, nossos encontros com os inimigos demoraram mais do que esperava. — Kyra se referia aos inimigos de seu avô e que ela tentava derrotar no mar desde que a guerra civil começara. Estavam fracos e o navio dela um pouco danificado pelo último saque em Harlaw que não saira como ela imaginara. — Mas, finalmente estamos voltando e dessa vez com algo mais concreto do que algumas vitórias.

Torben a olhou desconfiado.

— Você realmente acredita em tudo isso sobre a princesa?

— Você não? Todos em Lannisporto disseram a mesma coisa, o rei vai dar uma recompensa para quem achar ela. — Kyra relembrou de tudo o que havia ouvido no bordel pela boca da bastarda Lannister e ainda por toda a cidade que efervescia com pessoas querendo partir para Porto Real. — Eu não me importo com terras ou um título, mas tenho certeza que posso trocar tudo isso pelo apoio da coroa. Apenas um cavaleiro de dragão seria o suficiente para queimar toda a frota de Harlaw. Ganharíamos!

Era um bom plano, mas ela ainda precisava convencer o pai e principalmente o avô a deixar ela ir. Já que da última vez que ela resolvera atravessar o mar sem dizer nada, não havia dado muito certo. Se conseguisse a benção deles, partiria rapidamente e entraria na missão de achar a garota. Torben concordou com um aceno, ainda não totalmente convencido.

Os dois pararam de conversar quando Davos Drumm, seu intendente correu apressado até eles.

— Capitã! Navio inimigo a bombordo! — Ele exclamou e ela não levou mais do que segundos para avistar o ponto no horizonte que apenas crescia em direção ao Serpente Marinha. Sabia que eram inimigos por conta das velas pretas que indicavam serem da Casa Harlaw, visível mesmo a distância.

Pela PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora