Sieglinde V

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p o r t o    r e a l

Naquele dia o período chuvoso havia dado uma trégua aos habitantes da capital, deixando que o calor ameno do sol matinal entrasse pelas cortinas entreabertas e iluminasse a cama de Sieglinde. A luminosidade em suas pálpebras a acordou, ela piscou algumas vezes ainda sonolenta e sentou-se no colchão com calma para não acordar seu acompanhante.

Borys estava estirado na cama de dorso, deixando que as costas largas e musculosas também recebessem o brilho solar. Sieglinde sorriu involuntariamente, se lembrando da noite passada e de todas as outras que haviam dividido desde aquela primeira vez levada pelo vinho. Os encontros deles tinham se tornado regulares e cada vez menos secretos, já que a corte não era lugar para se ter segredos, pois todos acabam sendo revelados. Porém, mesmo com este perigo, ainda assim nenhum dos dois deu a palavra para que parassem de se ver.

Sif se sentia novamente como uma adolescente boba e isso a preocupava em parte. No início achava que apenas estava fazendo aquilo para se livrar da tensão, para sentir prazer com um alguém depois de tanto tempo. Todavia, quanto mais os dias passavam e as noites juntos se tornavam mais comuns, ela percebia que gostava verdadeiramente daquilo, que gostava do Baratheon. Ele não era como os outros casos que a Martell havia tido antes, ela não se sentia culpada como das outras vezes e ficava aguardando pelo próximo encontro sempre que o homem saia de seus aposentos. Isso a lembrava em parte de Gaemon, mas não do luto ou como forma de culpa por estar se entregando a outra pessoa novamente, porém trazia para a Princesa de Dorne o mesmo sentimento juvenil de estar apaixonada e... feliz.

Ela passou a mão pelos cabelos ainda bagunçados se perguntando onde estava se metendo e porquê não queria parar.

Borys era diferente de todos os homens de dorneses e até mesmo dos que habitavam o resto de Westeros. Era mais calado do que a maioria e era dado às ações, por isso que para ela era sempre difícil ler seus pensamentos e descobrir o que sentia já que ele nunca lhe dizia muito, como fora na primeira noite deles juntos em que a bebida libertou a língua de ambos. Sif se questionava ultimamente sobre o que ele achava de tudo aquilo, já que ela mesma não tinha pensamentos definidos em relação a toda a situação.

Dessa forma, quando ele começou a acordar Sieglinde se viu na obrigação de tirar palavras dele.

— Olá. — Borys murmurou com a voz ainda embargada.

— Olá. — Sif respondeu da mesma forma, deixando outro sorriso doce aparecer em sua face normalmente presa numa expressão comum para a maioria das pessoas. — Dormiu bem?

Ele concordou com um aceno, se levantando da cama e se espreguiçando ainda nu.

— Até demais, o sol já se levantou, eu deveria ter saído de madrugada. — O Baratheon comentou enquanto catava suas roupas jogadas pelo aposento e vestia seus calções com certa pressa.

— Volte para cá. — Ela ordenou lançando-lhe um olhar direto.

Aquilo tirou um riso divertido do Herdeiro de Ponta Tempestade.

— Princesa... — O homem murmurou com um sorriso que trazia malícia e vergonha ao mesmo tempo. — Creio que não seria apropriado, nós dois temos afazeres e...

Sieglinde gargalhou, batendo no lugar onde ele havia se deitado, o chamando de volta.

— Não para aquilo, Sor. — Ela explicou enquanto ele voltava para a cama. — Precisamos conversar.

— Sobre o quê? — Borys questionou coçando a barba, incomodado.

— Nós.

Antes, não havia existido um nós para nenhum dos dois por um bom tempo. Ela havia amado um único homem com todo seu ser e se entregado completamente para ele, mas agora havia encontrado algo diferente e algo bom, que a fazia bem. Borys era uma pessoa mais fechada do que o comum, deixando sua confiança e amizade depositadas em poucas pessoas, o amor em indivíduos mais seletos ainda. Millian Tyrell havia quebrado todas suas barreiras com sorrisos calorosos e sua personalidade dócil, por isso que ele tinha medo de se abrir de novo após perder alguém que havia amado tanto, mesmo que agora tivesse reencontrado Sieglinde e se aberto para ela também.

Pela PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora