Sieglinde VIII

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p o r t o    r e a l

Sieglinde havia se perdido de Borys ainda no meio do jardim.

Os dois estavam juntos quando a labareda esverdeada de fogo se elevou ao céu, iluminando as faces assustadas de todos nos jardins, como uma torre incandescente que iria consumir tudo o que se aproximasse. Logo após os gritos desordenados começaram, as pessoas entraram em pânico, pensaram imediatamente em dragões cuspindo fogo, em morte, destruição e guerra vinda dos Targaryen. Por isso começaram a correr para qualquer lugar.

Daevon foi a primeira coisa que veio à mente de Sif. Por isso ela pulou do banco, carregando Borys. Todavia, havia mais pessoas do que ela havia imaginado se escondendo nas sombras de arbustos e flores, todos apareceram repentinamente numa profusão de medo e pés confusos. Ela se esbarrou em muitos que não se importaram em olhar para onde iam, porém continuou firme andando para frente sem olhar para trás, tinha que voltar ao seu aposento, tinha que achar seu filho e protegê-lo do que quer que estivesse se apossando da capital naquela noite.

Apenas percebeu que sua mão não segurava mais nada quando já estava na entrada de um dos corredores da fortaleza. Olhou ao redor, porém não encontrou Borys em canto nenhum. Gritar não ajudaria em nada com toda a comoção, as conversas, as vozes elevadas. Era uma perfeita confusão de nobres amedrontados e capazes de fazer qualquer coisa para se salvar de qualquer situação, ela sabia bem disso e tinha certeza de que nenhum deles pensaria duas vezes antes de se aproveitar de qualquer oportunidade para se proteger e cuidar dos seus.

Sieglinde se sentiu exposta parada ali.

Tinha que continuar andando, mesmo que sem Borys.

Deu as costas ao jardim e continuou decidida com seus passos firmes.

As pessoas seguiam em fluxos perturbados e inconstantes, alguns seguiam na mesma direção de Sif, outros estavam voltando aos jardins, muitos se perdiam em portas e escadas que poderiam levar a qualquer lugar ou canto algum. A dornesa apenas pensava em qual caminho tomar para chegar até os cômodos de sua casa, ver seu filho, sua irmã, descobrir o que estava acontecendo. Todavia, sua cabeça não parecia cooperar em meio a angústia e surpresa em que se encontrava.

Pelas janelas ela conseguia vislumbrar o fogo, menor, mas ainda presente.

Porto Real queimava naquela noite em labaredas esverdeadas.

Sieglinde sabia que teria que tomar decisões importantes ainda naquela noite, medindo sua segurança e a de seu filho. Lembrou-se de sua mãe e dela discutindo sobre como ela era tola de querer vir para a capital. Se você brincar com dragões, vai acabar queimada. A voz dela veio em sua memória quase como se estivesse de volta a Lançassolar.

Seus olhos e pensamentos a traíram e não perceberam a pessoa se aproximando até ser tarde demais.

A mão sobre sua boca, a puxando para trás.

Tentou lutar, todavia ela não era forte o suficiente.

Não conseguiu gritar.

Se sentiu impotente.

O impulso mais natural foi o de querer chorar.

De pedir ajuda.

Porém, ninguém a viu sendo puxada ou ninguém se importou em ajudar.

O mundo ficou escuro por um segundo.

Pela PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora