Sieglinde IV

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p o r t o   r e a l

Borys bateu em sua porta quando a noite caiu.

Os dois comeram no quarto dela, onde não seriam incomodado e Daevon não poderia entreouvir a conversa dos dois caso tentasse. Ambos comeram bem e beberam do vinho sem privações. No início ela realmente fez como planejara durante a tarde: perguntou e ouviu, divagou e questionou. O assunto sobre Alyssana envolveu a conversa por algum tempo e Sieglinde mais uma vez ficou sem as respostas que precisava, sem algo que pudesse lhe ajudar.

Porém, depois do jantar ele não foi embora.

O Baratheon se recostou em uma das colunas do quarto, sentando no chão e bebendo do vinho diretamente do jarro. Ela ainda teve algum decoro, se recostando nas almofadas em cima do tapete que ela suspeitava ter vindo de Myr. Ele tomou um gole profundo e ela viu o pomo de adão dele se movimentar, enquanto um pouco do líquido caía por sua barba bem cuidada. Sif também virou seu cálice mais uma vez naquela noite, logo em seguida pedindo mais e ele fez o favor de encher.

— Se lembra quando comeu seu primeiro prato em Dorne?

O homem fez que não com a cabeça.

— Você comeu de uma vez, sem nem ao menos perguntar o que era, a pimenta estava forte. Você implorou por água logo depois. — Sif o relembrou e ambos gargalharam como não faziam há um bom tempo, muito por conta do álcool, mas não se importaram e continuaram bebendo.

— Eu estou bêbada, não estou? — Questionou olhando para o cálice prateado com desconfiança.

— Acho que sim, também devo estar.

Ela duvidava muito, ele parecia estar mais sóbrio. Embora não o conhecesse bem o suficiente para saber como era bêbado.

— Faz tempo desde que bebi tanto assim.

— Por que?

— Porque eu não posso me dar esse luxo. — Sieglinde confessou tomando mais um gole. — Não mais.

— Por que? — Ele repetiu a pergunta e ela suspirou, deitando a cabeça numa das almofadas fofas.

— Eu sou uma princesa, uma herdeira, o futuro de Dorne. — Explicou como algo simples que era explicado para uma criança. — Eu sou mãe, tenho deveres, responsabilidades e expectativas desde que saí do ventre de minha mãe.

— Também tenho estas coisas e não me seguro tanto assim.

Ela quase revirou os olhos perante tal fala, mas apenas respondeu calmamente.

— Você é homem, tudo é mais fácil para você.

O Baratheon deu de ombros e ela não soube se estava concordando ou discordando. Mas não importava, não achava que fosse se lembrar daquela conversa amanhã e que iria apenas se arrepender com a dor de cabeça que viesse para perturbá-la o dia inteiro, como se ela fosse sua irmã Jaelyn.

— Você acha que algum de nós pode achar a princesa?

Ele deu de ombros novamente e ela se irritou.

— Fale alguma coisa, você falava mais em Dorne. — Esbravejou jogando uma almofada contra o homem, porém o objeto não chegou até metade do caminho com seus sentidos deturpados. — Pelo menos pelo que eu me lembre.

Borys suspirou e bebeu o resto do líquido em três grandes goles, fechando os olhos com força.

— Quando eu estava em Dorne ainda sabia muito pouco do mundo e não havia conhecido o luto, a morte me mudou. — Fora uma confissão sincera, nem mesmo a bebida podia fazer ela não ter certeza daquilo.

Pela PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora