Encontro - Elijah Mikaelson

Capítulo 1

  "Eu sinto muito, Julieta. Eu não planejei me apaixonar por ela, Bella é inocente e eu assumo completamente a culpa. Sua irmã e eu estamos juntos, sinto muito, mas aconteceu. A verdade é que não te amo mais, depois que ela apareceu, tudo se resume a ela. Não posso dar sequência ao nosso relacionamento, a alma de um homem conhece seu destino, e o meu não é ao seu lado. Escrevi essa carta porque nunca poderia olhar em seus olhos e ver o estrago de minhas decisões, você tem razão, a covardia é meu maior defeito. Espero que siga sua vida, a minha está encaminhada e Bella faz parte dela e sempre fará. Sempre será ela."

Sinto muito, adeus, Edward Cullen.

(...)

As lágrimas caiam livremente. Eu estava destruída emocionante, sem condições para a escola ou qualquer outra coisa. Eu chorei com angústia, o sofrimento foi a única coisa real e concreta que consegui sentir e distinguir. Eles haviam me traído da maneira mais cruel, seus atos foram friamente calculados, a carta foi o principal indício de tudo. Eu queria gritar e por tudo para fora, mas estava anestesiada, o meu corpo simplesmente não reagia.

Meus olhos insistiam em ler a carta, não acreditando que realmente havia acabado. Ele jurou que eu era única, ela sorriu quando notei a proximidade entre os dois e questionei. Eles me esfaquearam pelas costas, agora estavam juntos, utilizando os planos que eram nossos e que sonhamos durante as madrugadas. Sou apenas um receptáculo vazio, sem vida, amor ou sentimentos positivos. Meu primeiro amor destruiu meu coração, sem hesitação.

Renée estava feliz pela filha mais velha e satisfeita com a situação, Bella sempre foi a favorita e privilegiada. Eu cresci sem voz, sem saber quem eu realmente sou. Incapaz de ser a mulher forte e corajosa que Charlie afirmava constantemente que nasci para ser. Ele é meu refúgio e abrigo, o melhor pai do mundo. Seus abraços tem me impedido de desmoronar, ele é o motivo de continuar lutando, sobrevivendo através do sofrimento intenso.

Alice simplesmente esqueceu de minha existência, lentamente. A vampira saltitante e sempre sorridente quebrou nossa promessa e agora é somente um rosto na multidão. Esme estava preocupada com as consequências da decisão de Edward, mas como sempre, ela se convenceu de que era o certo. Emmett não se manifestou, porém, sei que aprovou a escolha de seu irmão. Nunca fomos próximos, nossas personalidades são opostas.

Jasper mantém a imparcialidade, mas a verdade é que ele está do meu lado. O imortal sempre faz visitas aleatórias, trazendo doces e presentes. Talvez esteja tentando diminuir o estrago causado, mas é inútil. Carlisle não me disse uma palavra, ouviu tudo em silêncio. Ele é um péssimo líder, as decisões tem bases na urgência e necessidade dos filhos. Rosalie se tornou uma espécie de protetora, a vilã deles é minha guardiã e psicóloga.

- Julieta? - Questionou Charlie, ele batia insistentemente na porta do quarto.

- Entra, pai - Respondi e continuei quieta, deitada na cama encarando o teto.

Eu decorei cada imperfeição no gesso e nas paredes azuis, infiltrações causadas com a erosão da água. O cômodo estava caótico e bagunçado, reflexo de meu estado. A cama se mantém em estado catastrófico, o cobertor e travesseiros jogados no colchão. O closet era sinônimo de balbúrdia, a desorganização teve níveis absurdos e assustadores. Meu pai não sorria como de costume e a culpa é minha, eu sou a razão de sua preocupação.

- Como você está? - Perguntou e sentou na beirada da cama, parecia cansado.

- Viva, mas vazia - Respondi e ele bufou irritado, culpa corroendo seus ossos.

Eu gostaria de ser aquela garota voraz e forte, capaz de dar a volta por cima. Eu queria ser empoderada e feminina, mas nada parece atrativo o suficiente. Eu amaldiçoou o dia que Edward cruzou meu caminho, aquele sorriso e olhar magnético e charmoso. Ele me atraiu de maneira sobrenatural, tudo nele era atraente e belo, como uma estátua renascentista. Eu fui estúpida em ignorar a áurea perigosa e mortal que exalava de seu corpo.

Edward me mostrou um mundo incrível e totalmente novo e intrigante. Eu me envolvi a cada descoberta, acreditando que teríamos a eternidade pela frente, doce engano. Eu não fui o suficiente, mesmo dedicando energia e o máximo de tempo para agrada-lo. Bella servia como a parceira perfeita, inteligente e linda, o contraste ideal para os gostos clássicos que os Cullen exerciam no dia a dia. Eu não atingi as expectativas, de novo.

Eu lutei para ser parecida com ela. Li um número absurdo de livros, os mesmos que ela passava horas lendo no quarto. Ouvi músicas de sua playlist, mesmo preferindo rock, jazz e pop, mas foi em vão. Eu não agradei Renée, a comparação entre Bella e eu era constante. A adolescência foi um inferno, crescer ouvindo que falhei e não fui o bastante, deixou marcas profundas em minha alma. Eu fracassei, nada que eu fizesse era o bastante, nunca.

E quando me apaixono pela primeira vez e conheço a sensação efervescente, ela traz a certeza de que não foi real. Minha irmã trouxe memórias ruins que tento esquecer, Bella vem sendo causadora de pesadelos e choro. Forks não é mais aconchegante, o ar da cidade está tóxico e corrosivo. Eu preciso ir embora, sinto que vou enlouquecer se continuar aqui. Tenho que partir, antes que as vozes e sussurros me vençam, eu não quero desistir.

- Eu quero morar com a vovó - Murmurei atraindo a atenção de Charlie.

- O que? - Indagou chocado, meu pai não escondeu o choque e incredulidade.

Isabela e Charlie são parecidos, o modo de resolver e enchergar os problemas, tudo se assemelha fortemente. Os segredos fizeram o trabalho de afasta-los ainda mais, como se os anos afastados não fossem suficiente. Nunca tivemos segredos entre nós, algo que sempre tive orgulho. Ele merece saber a verdade, dos pensamentos sombrios que vem rondando os meus pensamentos, ele tem que saber. Estou a um passo de ceder aos impulsos.

- Pai, tudo aqui traz lembranças ruins, eu estou quase cometendo uma loucura, a dor se tornou maior do que consigo suportar - Chorei abertamente, sem vergonha - Eu preciso partir antes que seja tarde demais, eu preciso saber quem eu sou de verdade - Desabafei.

- O que fizemos com você, querida? - Ele quebrou a distância entre nós e me abraçou e acariciou meu cabelo bagunçado - Vovó Swan vai adorar receber você, Julieta - Afirmou e as lágrimas de seus olhos caíram.

- Ela ainda meche com bruxaria? Eu não lembro de muita coisa, faz anos desde que eu fiz a última visita - Murmurei limpando o rosto com a manga da blusa.

- Sua avó é maluca, ela insiste em dizer que somos descendentes de bruxos - Sorriu e beijou minha cabeça - Vou ligar para ela, você irá para New Orleans - Assegurou e caminhou para fora do quarto, finalmente.