Capítulo 11

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|| Alerta: assunto sensível e possível gatilho. ||


(...)


O dia do festival da lua chegou e eu estava sem acreditar no quanto as bruxas estavam animadas em comemorar a cerimônia mágica. Minha avó parecia a mais eufórica entre elas, ela passou o dia vestindo as roupas espalhafatosas de seu armário buscando por aquela que mais se destacaria na festa. Kol possuía um brilho diferente nos olhos, parecia um menino em êxtase com o novo brinquedo adquirido.

Eu admirei a imagem refletida no espelho. Era a primeira vez em tempos que realmente me senti uma mulher bonita e completamente segura. O vestido era feminino e delicado, a cor vermelha intensa destacou a palidez natural de minha pele. A maquiagem neutra e quase imperceptível combinou com a proposta que estabeleci no começo do dia: aproveitar a festa e não chamar atenção desnecessária e indesejada.

O bracelete de rubis acentuou a cor intensa que predominava no visual como um todo. Recentemente comecei a receber presentes caros enviados sem um nome específico, apenas as iniciais ||E.M||. Kol tinha a expressão de um cachorro irritado, ele sempre bufa e revira os olhos com desgosto e estresse. E começo a desconfiar que ele sabe a identidade secreta do rapaz responsável pelos mimos. Embora, ele também enviasse flores, chocolates e livros clássicos.

- Vovó, estou indo - Comentei com dificuldade, a lentidão do caminhar era justificada pelos sapatos de salto agulha - Nos encontramos lá - Anunciei.

- Não se atrase, Julieta - Gritou do banheiro, sua indecisão no vestiário trouxe consequências e temos pouco tempo para chegarmos no horário.

- Sim, senhora - Concordei e peguei o chaveiro e a pequena caixinha de presente embrulhada.

A vibração da cidade aumentava a cada hora. A lua de coloração prateada parecia brilhar com força e intensidade no céu estrelado noturno. Entrei no carro e manobrei o Impala através das ruas movimentadas desse paraíso sobrenatural. O endereço da mansão é muito bem localizada, Kol mora no coração pulsante de Nova Orleans. Senti a energia pesada do bairro e a atmosfera pesada na região, vampiros jovens faziam a proteção dessa área específica. Assim como nossa espécie possuía bruxas guardando zonas sagradas e de muita importância para minhas irmãs.

Diminui a velocidade do carro e estacionei bem próxima da calçada. Eu sabia que era observada com desconfiança desde que desci e fechei a porta. Andei lentamente sobre a calçada e apertei o embrulho nas mãos, era um anel de proteção para Kol. Eu não seria maluca de arrastar o vampiro para uma cerimônia de domínio bruxo sem garantir sua imunidade. Ajeitei os fios soltos do cabelo e parei na frente da porta, gritos diversificados podiam ser ouvidos dentro da mansão e cogitei dar meia-volta e desaparecer.

Entretanto, não tive sucesso. A porta se abriu, a imagem de Kol era estarrecedora. Os olhos cheios de raiva e preocupação despertaram alarmes na cabeça e entrei em estado de alerta imediato. A blusa estava repleta de rasgos e sua calça amarrotada, além claro, dos ferimentos que começavam a cicatrizar. Eu senti o alívio dominar seu espírito quando percebeu minha figura parada em sua porta. Ele simplesmente estendeu as mãos e me abraçou apertado.

- O que aconteceu com você? - Perguntei vendo o estado crítico em que ele estava.

- Briga entre irmãos, Julls - Bufou e me arrastou para dentro da mansão, sem hesitar - Preciso que me ajude em uma coisa - Pediu, envergonhado.

- Eu não vou matar e nem torturar ninguém, não tenho estômago para isso - Alertei e ele sorriu, quase como se pudesse imaginar a cena.

Continuamos andando e observei detalhes sem precedentes no ambiente. A decoração antiga era um verdadeiro deleite aos olhos. A energia pesada gerou arrepios sobre minha pele, alertando sobre o perigo e atrocidades que as paredes testemunharam. Kol e eu não trocamos amenidades, embora muitas dúvidas e questionamentos fossem pensados. O imortal parou em frente a uma porta escura e respirou fundo. Havia preocupação em seus olhos brilhantes, uma face que distorcia sua beleza e jovialidade sutil.

Encontro - Elijah MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora