Capítulo 12

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As bruxas evitavam se aproximar de mim. Kol e eu nos tornamos figuras solitárias na festa, bebemos e comemos com fartura, aproveitando a variedade de opções disponíveis. O vampiro mantinha o sorriso no rosto enquanto exibia o medalhão de prata, orgulho e arrogância visíveis em sua postura. Havia feitiços em cada runa entalhada no objeto, garantindo proteção e imunidade ao original. A noite avançava lentamente e pude sentir a atmosfera eletrizante.

Eu sabia das implicações de trazer um vampiro a essa cerimônia, mas não sinto arrependimento. Era suportável aguentar os olhares curiosos lançados, as bruxas pareciam descrentes com a chegada de outra descendente dos Swan's. Conversei de forma breve e superficial com as amigas de minha avó, elas tinham seus próprios assuntos para resolver. As senhoras se divertiam bebendo e flertando com alegria, invejei um pouco a disposição e vitalidade que tinham.

- Me daria a honra, Lady Swan? - Questionou e o sorriso de Kol parecia tão puro que aceitei.

- Com toda a certeza, Lorde Mikaelson - Sorri ao vê-lo realizar uma reverência formal.

Nos juntamos aos demais casais dançando em perfeita sincronia no centro do cemitério. Eu gostaria de conversar com os responsáveis pela realização do evento e ajudá-los a buscar ambientes melhores para futuras festas. Era quase desrespeitoso dançar tendo lápides e cadáveres enterrados abaixo dos pés. Pude relaxar durante alguns minutos enquanto dançava de maneira descontraída. Kol demonstrava tranquilidade enquanto direcionava os passos que ensaiamos com verdadeiro desespero. O cheiro de perfume possuía a base amadeirada, lembro de ter comprado no último passeio que fizemos juntos no shopping.

- O que achou do meu irmão? - Questionou com o olhar longe do meu, ele evitava me encarar.

- Klaus é assustador, igual contado em contos e histórias que ouvi - Respondi e a afirmação honesta e brutal não pareceu suficiente no momento.

- Estou falando de Elijah - Insistiu preocupado, o rumo da conversa não fazia sentido.

- Ele é reservado, educado e centrado - Informei tentando compreender o súbito interesse.

- Só isso? E nada mais? - Pressionou e me girou em perfeita elegância e destreza.

- O que você está tentando descobrir? - Franzi o cenho e me afastei do seu alcance, indiferente a toda tentativa de demonstrar ingenuidade.

- Estou apenas curioso, Juls - Respondeu e uma onda de decepção me atingiu, era mentira.

O sorriso em meu rosto era forçado, falso como as flores artificiais colecionadas por minha avó. Era a primeira vez que Kol mentia para mim, então era uma situação totalmente inexplorada e impensada. E essa constatação deixou um gosto amargo na boca, tentei não deixar transparecer que aquilo me desestabilizou durante algum tempo. Kol nunca faria algo que fosse capaz de me machucar intencionalmente, ele deveria ter sérios motivos para agir assim. A proximidade era uma benção, mas também uma maldição. A ideia me deixou hesitante... mas respirei fundo e lembrei que o homem na minha frente era meu amigo.

- Acha meu irmão... atraente? Senhor, senti uma enorme onda de repulsa nesse momento - Comentou e senti que começava a entender a direção.

- Eu não estou interessada em relacionamentos e você sabe disso - Decretei, ainda não era hora para abrir as portas de meu coração.

- Não foi essa a pergunta, Julieta - Argumentou, discutir com Kol era inútil e cansativo.

- Elijah é um homem bonito e gentil, pelo menos é essa a impressão que tive nas pouquíssimas vezes que estivemos juntos - Respondi torcendo para que a sua inocente curiosidade fosse saciada.

- Os fantasmas de Edward e Bella não tem mais poder sobre sua vida, amor. Eu quero vê-la feliz como nunca foi antes, mas para isso é necessário que tudo seja deixado para trás e enterrado no esquecimento - Afirmou Kol e notei a mudança de postura, ele estava sério e parecia mais maduro - Eu entendo que criou a armadura perfeita para afastar as pessoas, exceto as que considera importantes, mas você precisa viver. A ideia de vê-la com alguém me enoja... - Admitiu e não consegui conter o riso diante da provocação.

- Só diz isso porque nunca me viu sem roupas e teve oportunidade de admirar minha beleza - Sorri e a expressão de incredulidade em seu rosto compensou a conversa constrangedora que temos agora.

- Espero que continue sem ver, é nojento pensar em você sem roupa, Juls. Você é minha irmã, tenha o devido respeito, sua pervertida - Acusou tentando ser a pessoa séria que sabemos que nunca será.

- É sério, estou ótima sozinha. Edward foi o meu primeiro amor, nada apagará esse fato. Ele também é o responsável por quebrar meu coração, mas a vida é assim. A dor e sofrimento são inevitável, por isso nascemos chorando e morremos sozinhos - Respirei fundo e ele observou minhas ações com atenção.

- Isso foi pesado, está indo ao psicólogo? Achei que aquela maluca estivesse ajudando - Indagou e eu sorri, Kol era tão protetor e cuidadoso.

- O nome dela é Marry, a maluca tem doutorado e é considerada uma das melhores no ramo - Zombei e ele revirou os olhos, dramático.

- A doutora usa Crocs com meias, e posso jurar que senti cheiro de ervas no consultório, mas é a palavra dela contra a minha, então... - Revidou e me dei conta de que tínhamos parado de dançar bem no meio do cemitério, atrapalhando os casais.

- Ela tem seu próprio estilo - Respondi enquanto o arrastava para a mesa de comida - Aqui, guarda um pouco de cada na mochila - Ordenei para o vampiro e olhei ao redor tentando ser discreta.

- Agora nós roubamos comida? Aposto que seu pai não sabe que anda cometendo delitos. E Elijah se surpreenderá se souber que está interes... - Kol ficou pálido e simplesmente parou de falar.

A música parou de tocar, senti a alegria deixar o lugar e medo preencher o espaço. A princípio não me dei ao trabalho de olhar ao redor e buscar a razão por trás dessa mudança drástica. As coisas mudaram no momento que ouvi crianças chorando, as mesmas de minutos antes, que corriam livremente e riam com os corações cheios de alegria. As mulheres recuaram de maneira amedrontada, era como assistir as sombras de suas verdadeiras identidades, escondidas através do véu imposto pelo absoluto pavor. Eu compreendi a mudança quando vampiros invadiram o cemitério, os olhos dominados por sede e arrogância.

- Marcel... - Sussurrou Kol e estremeci, o motivo de minhas irmãs serem impedidas de praticar magia e serem livres havia chegado.

- Ela é a Davina Claire? - Questionei vendo que a garota era mantida sobre forte escolta.

- Sim, a primeira e única - Murmurou e avaliei as características da bruxa, ela era poderosa, mas não é a única com habilidades além do normal aqui.

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⏰ Última atualização: Sep 29, 2022 ⏰

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Encontro - Elijah MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora