Capítulo 65

244 33 21
                                    

         Ellen ficou extremamente nervosa por não estar ao lado da amiga e sem poder fazer nada. Avisou aos familiares do casal e à Gil, que disse que iria no mesmo momento para o hospital ver como Sarah estava e depois iria buscar Antônia para que Ellen também pudesse visitá-la.

Após ser internado na UTI Neonatal, Sarah e Rodolffo puderam visitar seu filho. Foram andando devagar como se quisessem evitar aquele momento.

Quando se aproximaram, Sarah levou um susto e apertou forte a mão de Rodolffo para ter forças. Ele respirou fundo para conseguir se manter o mais firme possível.

O Bernardo era diferente dos outros bebês. Era muito menor e muito mais frágil que os três que dividiam a UTI com ele. A pele era bem fina de uma cor arroxeada, dando para ver as veias e artérias atrás daquela fina camada.

- Meu filho... - Sarah disse, chegando perto do bebê - A mamãe te ama muito! Eu não devia ter deixado você ter vindo para fora tão cedo... Aqui não é seu lugar ainda Bernardo!

- Assim como a gente, ele estava ansioso Sah... - Rodolffo disse. - Ele queria vir logo para estar com a gente.

- Eu posso ... encostar nele? - Sarah perguntou insegura para enfermeira.

- Com cuidado! -a enfermeira disse. - A pele dele ainda não está totalmente formada! O mais indicado é você segurar, um toque único e ficar! Desse modo você já consegue transmitir todo o carinho materno. E paterno também - virando-se para Rodolffo.

Sarah segurou a mãozinha de Bernardo e sentiu aquela mão frágil que parecia que ia quebrar a qualquer momento.

- A mamãe te ama muito! Muito! - ela disse chorando.

Rodolffo também segurou a mão dele.

- Papai também te ama! E a Antônia, sua irmãzinha também! Ela não vê a hora de poder brincar com você, filho!

Ver o filho naquele estado cortava o coração do casal. O bebê parecia um boneco e era estranho pensar que ele estava ali, mas deveria estar dentro da barriga de Sarah.

Antônia acordou e foi correndo no quarto dos pais para acordá-los como fazia todo dia, porém ficou decepcionada ao ver o quarto vazio. Ellen, que passou a noite em claro, preocupada, estava na sala e foi correndo atrás de Antônia para acalmá-la.

- Cadê o papai e a mamãe?? – a garota perguntou.

- Eles estão no médico com seu irmãozinho! Lembra?

- A mamãe ainda está com dor? - Antônia perguntou preocupada.

- Um pouquinho... Talvez ainda tenha que ficar no hospital alguns dias.

- Mas eu quero ficar com ela! - Antônia disse.

- Depois eu te levo lá, pode ser? - Ellen acariciou o cabelo da garota. - Só que antes o seu dindo queria te levar no parquinho, o que você acha?

- Eu queria ver a mamãe primeiro! - Antônia disse.

- A mamãe está no médico. Não pode entrar lá ainda. Enquanto você espera, fica passeando um pouco com seu dindo!

- Você vai passear com a gente?

- A dinda vai trabalhar! Mas se a mamãe tiver que ficar no hospital, a dinda vem dormir de novo aqui na sua casa!

- Eu quero ficar com a minha mãe! - Antônia falou com a voz brava.

- Certo, depois a gente vê isso Antônia! - Ellen tentou encerrar o assunto para que a garota não ficasse irritada.

Durante a manhã inteira, Ellen ficou tentando distrair Antônia até Gil chegar e então correu para o hospital. Ela não podia visitar o bebê, mas encontrou Rodolffo e Sarah na recepção. Os dois estavam com os olhos inchados de tanto chorar. Sarah contou toda a historia com muito sofrimento em sua fala.

- Ele vai ficar bem ! - Ellen abraçou a amiga.

- Sabe Ellen, eu fiz de tudo para segurar o Bernardo! - Sarah disse. - Mas eu não aguentei!

- A culpa não é sua! Você mesma disse que o médico já havia decretado "não há mais nada para fazer". Nem o médico com todo o conhecimento dele, soube o que fazer! Não tinha mais NADA a se fazer!

- Eu estava tão preocupada que acontecesse algo com a Juliette porque o dela estava mais próximo de nascer... e... - Sarah suspirou. - Nossa! Logo eu que me cuidei tanto!

- A gente não podia prever nada, amor! - Rodolffo disse. - Mas vai dar tudo certo!

- Eu avisei os pais de vocês. - Ellen disse.

- Eu sei! Obrigada, Ellen! - Sarah disse. - Eles vieram aqui pela manhã!

- E a Antônia? Ela está bem?? - Rodolffo perguntou.

- Quer ficar com vocês de todo o jeito! É difícil distrai-la...

- Se o Eduardo estivesse por aqui, ela ficaria mais tranquila... - Sarah suspirou.

Rodolffo não gostou do comentário, mas preferiu respeitar o momento.

- Eu não posso dormir no hospital, amor. - Rodolffo disse. - Vou ficar com ela durante as noites.

- Qualquer coisa, eu fico com ela! - Ellen disse.

- Não precisa, - Rodolffo explicou. - porque só a mãe tem direito a ficar no quarto perto da UTI. O pai só pode vir no horário de visitas, então eu fico com a Antônia de noite!

- A gente só precisa de alguém que cuide dela durante o dia... - Sarah disse.

- Eu fico! - Ellen disse.

- Você tem o seu trabalho! Não pode ficar... - Rodolffo falou. - Ela fica com a minha mãe ou a mãe da Sah!

- Não tem problema nenhum! Eu dou um jeito e a levo comigo para o escritório! - Ellen sorriu para tentar anima-los. - Vai ser uma coisa diferente para ela se distrair.

- Até quando será que vou ter que viver esse pesadelo?? - Sarah disse, voltando a chorar. Rodolffo a colocou em seu ombro para dar consolo.

Será que é amor?  (Sarolffo & Biliette)Onde histórias criam vida. Descubra agora