10. Catherinna

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Conseguimos estabelecer uma rotina durante a semana. Com exceção do primeiro dia, não precisei arrumar novamente seu consultório, somente inseria o aromatizador na tomada e ligava o sistema de som, o restante estava sempre impecável, melhor do que eu havia deixado na segunda-feira.

Com o retorno dos outros especialistas, consegui remanejar as consultas de forma que não sobrecarregasse ninguém e, no geral, a semana foi bem tranquila. Deu para notar que ele não é do tipo que chama sem necessidade, na verdade, foram poucas as vezes que precisei auxiliá-lo, normalmente encaminhava os pacientes para sua sala e depois os orientava na saída.

Terminamos a semana sem maiores intercorrências e já estou de volta à enfermaria, tudo na mais perfeita normalidade, exceto que não paro de sonhar acordada com certo doutor Bonitão de olhos azuis. Só me resta sonhar mesmo, ele provavelmente não me vê dessa forma. Claro que nem posso ter certeza, pois, por motivos óbvios, tentei evitar nossa interação o máximo que consegui.

O motivo? Bem, eu me conheço e mesmo com o pouco tempo de convivência (e considerando que minha experiência com homens é praticamente nula), reconheço meus sentimentos e sei que estou gostando dele mais do que deveria.

Além disso, percebi que Mel estava certa, temos um temperamento bastante parecido. Ela tinha razão também quanto a ele conversar com todos de igual para igual, nada de "se achar" por ser médico, ele de fato não é nada arrogante, além de ser lindo, inteligente e divertido. Ruim é que, quanto mais presto atenção no seu jeito, mais encantada fico.

Melissa tenta forçar uma confissão da minha parte dizendo que estou "apaixonadinha" por ele e, apesar dela provavelmente estar certa, nunca confirmo nada, ela não iria me dar sossego! Fora que iria ficar atormentando o Lucca até que o pobre homem se cansasse e tomasse alguma atitude forçada para ela parar de encher o saco.

Então evitar o convívio é possivelmente o mais sensato — e seguro — a se fazer, pois, por estar gostando dele, tê-lo por perto me deixa nervosa, e nervosa falo demais, brinco demais, na tentativa de disfarçar os meus sentimentos e fica difícil não dar bandeira na frente de ninguém. Mas é claro que meus excelentíssimos amigos irão complicar mais as coisas pois querem inseri-lo na nossa turma. Isso não vai prestar!

A semana passou rápido, hoje já é sexta-feira e graças a Deus amanhã é meu sábado de folga. Não o vi muito nos últimos dias, também não tive muito tempo para assuntar como estão as coisas nos consultórios. Estava distraída e não percebi Jordan parado no balcão olhando para mim. Acho que ele perguntou alguma coisa e parece estar esperando uma resposta.

— E então?

— O que?

— Tá sonhando acordada minha deusa? — Jesus! Jordan e seus apelidos.

— Não, só distraída mesmo... O que me perguntou? ­ — Volto minha atenção ao que estava fazendo.

— Se está confirmado hoje na casa da Flavinha.

— Sim, confirmado.

— Na Flávia? Mas não era na Elô? — Mel pergunta com ar de confusão.

— Então, como mês passado foi na nossa casa, esse mês seria na Elô, mas ela pediu para deixar a dela para o próximo porque tá com um problema na cozinha. — Respondo-a sem erguer meus olhos do prontuário que estou checando.

— Na Flavinha então.

— Quem é Flavinha? — Meu coração dispara ao ouvir a voz dele.

— Flavinha é a enfermeira chefe do bloco cirúrgico. — Clau, nossa chefe direta, responde seu questionamento. — Se quiser se juntar a nós Lucca, será bem-vindo. Assim aproveita e já conhece toda a turma. Certo povo?

Assim é...Destino?Onde histórias criam vida. Descubra agora