Meu Deus, que semana! Foi uma correria total nos consultórios, já que os outros plantonistas aproveitaram a contratação do novo clínico, ou seja, eu, para conseguirem uma folguinha e fiquei nos atendimentos ambulatoriais praticamente sozinho. Felizmente a Dra. Marissa também está atendendo, o que me libera pelo menos dos cuidados com as gestantes.
E, não bastasse isso, desde segunda-feira que não tenho me sentido normal, não cheguei a adoecer como pensei, mas aquela sensação de agitação permaneceu como uma constante. Quanto aos atendimentos, estou bem inclinado a concordar com as meninas sobre suas teorias.
Elas acham que a maioria dos pacientes não está realmente doente, vem somente para me ver ou me conhecer, principalmente o que elas chamam de ala feminina, e realmente, a maioria dos meus pacientes dessa semana eram mulheres.
— Que loucura é essa Eloísa? É sempre assim por aqui? Ou está tendo algum surto essa semana e não estou sabendo? — Pergunto assim que entramos em meu consultório, depois de ver a recepção lotada, todos os lugares estão ocupados e tem algumas pessoas aguardando em pé. Vejo Eloisa, a técnica que está me auxiliando durante a tarde essa semana, sorrir ao me responder.
— Que surto que nada doutor Lucca. Melissa e eu estamos apostando que essa doença tem nome... e sobrenome, inclusive. — Ela diz em tom de ironia, claramente se divertindo às minhas custas.
— E que doença seria?
— Uma doença que tem mais ou menos um metro e oitenta de altura, loiro, tem olhos "muuuuuito" azuis, é médico e atende pelo nome de Lucca Romano Morelli, mas nós o chamamos carinhosamente de Doutor Bonitão. Isso te lembra alguém? — Noto um brilho divertido em seu olhar enquanto arqueia uma sobrancelha.
— Você só pode estar de brincadeira! Isso não pode ser sério!
— Mas é Doutor... Se não acredita, no final do dia a gente pode comparar seus atendimentos dessa semana. O senhor me diz para quantas pessoas teve que receitar medicamentos mais específicos para algum sintoma de doença e para quantas receitou apenas algum antitérmico ou analgésico simples, tipo água de melissa. Verá que nossa teoria ficará comprovada.
Pensando bem, agora que Elô falou, nos atendimentos da semana, realmente foram pouquíssimos os casos em que precisei receitar algo mais forte que água de melissa e se ela tiver razão, hoje não será diferente.
— Jesus! Vamos começar então. Graças a Deus hoje é sexta-feira e amanhã estou de folga disso aqui, depois só segunda. Sinceramente espero que a semana que vem seja mais tranquila, porque nem um cafezinho estou conseguindo apreciar com calma. Aliás, só consigo engolir alguma cafeína graças a Mel, que tira uns minutinhos para vir me divertir e acabo roubando o dela.
Melissa esteve em meu consultório todos os dias dessa semana, ela tentava me puxar para a enfermaria, vinha com um papinho de estarem sentindo minha falta por lá, mas acho que tem a ver com a amiga dela, meu palpite é que ela estava tentando nos apresentar e, como eu realmente queria conhecê-la de uma vez, dizia que passaria mais tarde. Problema foi não conseguir sair daqui nenhum dia antes das 19h e a turma dela não estava mais no hospital, pois a troca de plantão se dá no mesmo horário. Então fazia minhas visitas e ia embora.
— E sabe o que é mais engraçado Eloisa? Quando pergunto como ela tem tempo para passar nos consultórios, ela diz que a enfermaria está supertranquila, que estão todos de boa. Pode isso? — Digo demonstrando minha frustração e incredulidade.
— Fique tranquilo doutor Lucca. Tenho certeza de que sua próxima semana será tão tranquila quanto deseja. — Ela fala ainda divertida.
— E como tem tanta certeza?

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Assim é...Destino?
ChickLitAs pessoas não entram na vida da gente por acaso, cada uma tem um motivo para estar nela, e o tempo de permanência é determinado justamente pela razão que a fez entrar. Então faremos parte da vida de alguém enquanto essa pessoa precisa da gente ou e...