Escrevo.

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Um buraco mais fundo me espera
E não tenho ânsia de sair
A solidão sempre foi o meu forte
E agora já não temo cair.

Quando mais alto estiver
Maior será a queda
Ainda bem que sempre estive
Quase debaixo da terra.

E queria voar
Mas não tenho mais asas...
Cortaram-mas sem dó
Deixaram me sem esperanças.

E ando aqui,
Mais uma volta na lama.
Não sairei daqui mais
Não há algo que me faça sair da cama.

Tantos planos,
Tantos sonhos,
E agora já não quero mais.

Deixaram me escurecer a visão
Tão bela que do mundo tinha;
Tenho agora meio coração
E resquícios de vida, ainda.

Canto palavras tão feias,
Que sei que algum dia cortarei alguém.
Mas temo que nessa altura
Por aqui já não estarei.

Ando, ando, ando...
O ar corta me a vida
Porque aquilo que me mantém aqui
Já não me cativa

Escrevo, escrevo, escrevo...
Já não sou amada
Arrisco e arisco...
Mas acabo por não arriscar nada.

E a incerteza medo me mete,
Mas a certeza mais medo mete ainda.
Porque não sei se a certeza é certa
Nem se a incerteza leva vida.

Mas tenho certeza de temer a incerteza;
E me acompanha a incerteza
Da certeza não ser tão certa assim.

E filosofia a esta hora,
Nunca deu para mim.

E escrevo, escrevo, escrevo...
Mais uma tentativa de lavar a alma,
Me purguem com sal e com raios de sol,
Me atirem ao mar de seguida.
Ei de dizer ainda
Que um dia já temi a minha ida.

Palavras tão sujas e tão amadas
Tal como a vida...
Todos temem a morte
Mas nenhum teme a mentira.

E assim me afundo
No mais profundo do meu ser;
Esta escrita parece
Que algum dia vai render.

E com dezasseis...
Já me sinto tão vaga.
Tenho tantos dias
E não sei se isso me faz sentir preparada

E os minutos passam...
Gosto de os contar.
Vejo cada linha do destino
Pelas mãos me escapar.

Transponho o limite do pensamento,
A solidão me fez assim.
Encontro este lugar vago
Lá no fundo de mim.

E agora me despeço
Até à próxima cantoria.
Agora vou descansar,
Em paz, harmonia...

Os meus gritos escritos Onde histórias criam vida. Descubra agora