Desprezo a morte

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Desprezo a morte,
Mas anseio nunca ter nascido
Ando perdida e decido
Viver sem vida.
Queria pois uma estrada direita
Sem solavancos e quedas,
Queria não ter cicatrizes
E ser bonita e bela.
Enfim me resguardo
Onde me sinto abrigada
Fechada na minha própria mente
Me deixando afundar
No mais fundo que existe
Não pretendo sair do poço
Pois já não sei como é a luz solar.
Assim me satisfaço com raios da lua cheia
Queria poder ir lá morar,
Falava com as estrelas
E me apaixonava pelos cometas
E não sei sinceramente
Se quero mais aqui ficar.
Não quero morrer,
Mas não quero mais viver assim.
Sobrevivo apenas
Desalmadamente por entre os perdidos
Encosto me no beco
E fumo mais um cigarro
E não fui criada assim.
Pois ser poeta me levou a ruína
Crítico tudo aquilo que me fazia ativa.
Bebo bebo e não sei parar
E fumo e me intoxico
Para deus me levar.
E os meus pulmões estão pretos
A cirrose está a chegar
O cancro já o tenho
O cancro de estar aqui apenas a respirar
E me condeno por fazer tais comparações
Mas não posso parar as palavras na mente
E escrevi tudo isto com pressa
E sentimentos de ardor.
Que nunca fui amada sem por meus pais ser
E queria sentir o gosto da paixão ardente
E sentir que posso um dia ser feliz.
Mas como alguém pode me amar
Se nem eu mesma me amo
E queria sentir o gosto
Do amor puro
Porque estou farta dele amargo.
Não sei mais para onde vou
Também não tenho para onde ir.
A cada dia o poço está mais apertado
E tenho uma corda para me matar e fugir.
Seria esta a única solução ?
Primitiva ridícula impulsiva.
Não combina assim tanto comigo.
Pois desprezo a morte
Mas de certo anseio nunca ter nascido.

Os meus gritos escritos Onde histórias criam vida. Descubra agora