Os meus gritos escritos

Tempo

Não sei que horas são
Meia noite talvez...
Batia no relógio
O som do ponteiro
E eu contava...contava
Mas não encontrava nada.
Não sei onde estou
Nem que horas são
Meia noite talvez ?
Viro me na cama
Sinto me estranhamente pesada
Será a consciência
Ou a mágoa no coração?
Não sei que horas são
1 da madrugada talvez ?
Acho que não estou sozinha aqui
Tenho a tristeza e a angústia,
Para me ver adormecer.
Não sei que horas são
1 da madrugada acho...
As lágrimas que correm do meu rosto
Servem para abastecer um riacho.
Rosto inchado
Mente conflituosa...
Não sei o que estou aqui a fazer
Mais uma reviravolta
1 e 30 talvez ?
Não sei que horas são
Já não sei onde ando outra vez,
Estou no alto de uma montanha
E não tenciono descer...
2 da madrugada
Passou rápido o tempo aqui.
Encontro me agora numa praia;
Areia fina,
Fria água
O sol já não brilhava,
Era noite
Escura noite
Nunca vi tão escura assim...
Será que era mesmo a noite
Ou era o fundo de mim?
Sinceramente não sei
Sinceramente não me interessa...
Já são três da manhã ?
O tempo voa depressa...
Quem sou eu ? Onde ando?
Só queria saber o que me interessa...
A realidade é crua apenas quando vem despida
Camuflada é menos mesquinha.
Agora ainda são 3?
O tempo prega-nos sempre peça...
Ele consegue nos enganar
Ele consegue ser discreto...
O tempo é teu amigo quando quer
Mas também pode ser inimigo.
Quando queremos ter muito,
Ele torna se pouco
Quando queremos que passe depressa,
Ele vai andar ,lentamente, a desfilar
O tempo é assim, traiçoeiro
Mesmo assim gosto do tempo
Gosto do silêncio que transmite
Mas preferia que ele as vezes parasse de correr
Mas será que isso era o melhor a ser feito
Seria o mundo o mesmo
Seríamos nós os mesmo?
Isso já não sei...
Ninguém sabe atualmente,
Pois ninguém consegue parar o tempo
Nada, consegue pará-lo.
4 da manhã
Estou cansada do cansaço
Estou cansada desta vida,
Nunca pensei em me cansar
Apenas por estar cansada.
Nunca pensei em vir a pensar
Desta maneira tão conturbada...
Se a felicidade existisse mesmo
Eu a esta hora descansava,
Mas como para mim só existe dor
Já estou habituada.
Queria ser feliz um dia
Queria poder experimentar novos lares
Novos mares
Novas terras
Novos abraços...
Mas eu estou cansada
E por isso não experimento nada...
Que horas são agora ?
5 ou 5:30?
Os primeiros raios de sol
Adentram a minha janela
Queria eu poder vê-los nascer
Onde nascem eles lá longe
Queria eu poder vê-los crescer
Lá das praias de Vila do Conde.
Mas não posso lá ir,
Tenho que aqui ficar
Não posso sair daqui
Não posso ir para a beira mar...
A esta hora já decidi parar
De tentar adormecer
Mais uma noite em branco
Onde fui embalada por um triste ser...
Uma alma penada ?
Ou apenas a minha faceta quebrada,
Prefiro não saber
Qual delas embaçou o meu ver.
Esta noite fui acompanhada
Pelos meus companheiros
A tristeza
A ansiedade
A insegurança
O sufoque
Todos eles me acompanharam nesta jornada
Onde foi parar um dia
A menina que por anjos era embalada ?
É triste crescer
É triste deixar de ser criança
Quero voltar à minha infância
Onde o único a temer era o bicho papão...
Agora que já entendi o mundo
O pior medo é da depressão...
Em criança esperava a fada do dente
Agora espero apenas descanso
Em pequena dormia plena
Hoje acordo sobressaltada...
A realidade de crescer
Assusta qualquer um
E quem disser que não
Mente pois então...
E agora já são 7
Já sei que horas são,
Se ao menos o tempo parasse,
Eu voltava  atrás,
Descansava quando podia.
Agora quero descansar
E cada vez mais complica
Quero que o tempo pare de correr
Para correr eu para o meu passado
Quero voltar a ser criança
Dormir com o ursinho ao meu lado,
Já estou cansada de entender a vida
Já estou cansada de tanto me cansar,
Quero voltar ao passado
E nunca pedir para adulta me tornar.