Capítulo 1

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Estava voltando de mais um plantão, me sentia exalta e as ruas de Nova York se encontravam úmidas e vazias por conta da chuva, já era de madrugada. Ligo na rádio e deixo a música bem baixa, queria chegar logo em casa e tomar um banho bem quente, ouço meu celular tocando, havia o deixado na bolsa e enquanto procuro, me distraio e acabo atropelando alguém.
- DROGA! - Fico uns minutos tentando assimilar o que tinha acabado de acontecer, em choque, abro a porta do carro e olho ao redor, a rua estava deserta.
- Aí... - Um gemido de dor vem do chão.
"Eu não matei ninguém."
Me aproximo e agacho ao lado do homem.
- Me perdoa, eu me distrai... Vou ligar pra uma ambulância...
- NÃO! - O homem gritou. - Só me tira daqui.
- Você está machucado?
- Me tira daqui!
- Eu vou chamar ajuda...
- Mas que porra! - Ele aponta uma arma. - Me coloca no carro!
Apavorada, obedeço e o ajudo a se levantar, percebo que a região de sua barriga está coberta de sangue. Ele geme de dor conforme o coloco no banco de trás. Corro de volta ao volante e dou partida.
- Não tente fazer nenhuma gracinha. - Ele diz.
- Aonde quer que eu te deixe? - Olho para ele pelo retrovisor.
- Você mora perto?
- Sim...
- Então vamos para sua casa. - Ele fica de olhos fechados.
- O que aconteceu?
- Não te interessa!
- Eu sou enfermeira, posso te ajudar. - Ele permanece de olhos fechados e em silêncio.
Quando paro no prédio e aciono o portão, ele fica atento a cada movimento, paro na minha vaga e desligo o carro. Pego minha bolsa e ele aponta a arma novamente.
- Vou te entregar uma toalha, você está sangrando e não quero que deixe uma poça a cada passo e nem no elevador! - Saio do carro e abro a porta traseira, jogando a toalha para ele. O mesmo, a pega desconfiado e coloca no ferimento. - Fique pressionando.
Andamos lentamente até o elevador, ele fica atrás de mim, o que me impossibilita de olhá-lo bem. Quando chegamos em meu andar, vou na frente e abro a porta do apartamento.
- Você mora com alguém? - O homem pergunta antes de entrar.
- Uma amiga, ela está de plantão. - Ele entra e então tranco a porta, vou em direção a cozinha, arrastando uma cadeira. - Senta aí!
- O que vai fazer?
- Não vou te deixar morrer no meu apartamento. - Pego a minha bolsa em busca do meu kit de primeiros socorros.
O homem senta um pouco relutante, tiro a sua jaqueta e ergo sua camisa.
- Foi um tiro de raspão. - Ele me fala. - Eu não sou um bandido.
- Eu não estou te acusando de nada.
- Sua cara diz o contrário.
- O ferimento não está tão grave, consigo cuidar, caso piore, você vai precisar ir em um hospital, aqui eu não tenho os recursos necessários.
- Já disse que não vou em um hospital!
- Ok, vou fazer a minha parte. - Ele tira a camisa com dificuldade, e pela primeira vez consigo reparar nele. Cabelos pretos, olhos azuis e uma barba por fazer, um corpo bem definido, ele era bem bonito. Volto a me concentrar no que devo fazer, limpo e ferimento e ele se retrai de dor. - Vou fechar agora.
Pego a agulha e começo a suturar, sinto ele me olhando atentamente, se não fosse os anos de prática, talvez eu ficaria nervosa com ele me encarando daquele jeito. Finalizo e faço um curativo, limpo seu rosto que está com alguns arranhões.
- Obrigado. - Ele agradece quando me afasto.
- A propósito, qual seu nome?
- Sebastian. - Ele coloca a camiseta. - E o seu?
- Elena. - Vou até o meu quarto e jogo minha bolsa na cama, pego um cobertor e um travesseiro, voltando até a sala. - Sei que você não tem aonde ficar, então pode passar a noite aqui, mas quero você fora amanhã.
- Obrigado, Elena. - Sebastian pega o cobertor e o travesseiro, nós encaramos por um breve momento e então volto depressa até o meu quarto e tranco a porta.

"MAS QUE MERDA VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO, ELENA!"

Meu subconsciente grita comigo, enquanto ando de um lado para o outro, repassando o que havia acontecido, eu atropelei um homem, ele me apontou uma arma, trouxe ele para meu apartamento e agora ele vai dormir na minha sala. Era arriscado, eu não sabia com quem estava lidando, não sabia se ele era um criminoso, se estava fugindo da polícia.
- Para, para, para! - Falei, olhando o meu reflexo no espelho, se eu continuar pensando muito, vou acabar surtando.
Tiro a roupa do hospital e vou para o chuveiro, deixando a água quente cair sobre o meu corpo em busca de relaxar um pouco. Assim que termino, coloco meu pijama e deito, não consigo dormir, me reviro durante a madrugada toda e quando pego no sono, sonho com aqueles olhos azuis me encarando.

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Oi, oi, oi...

Essa ideia da fic me bateu repentinamente, é tudo muito novo pra mim!
Quero pedir com todo coração para que comentem o que acharam desse capítulo inicial, aceito sugestões e críticas, assim consigo melhorar cada vez mais.
Obrigadaaaaa

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