TUDO FOI MUITO RÁPIDO, QUANDO FUI VER, ME ENCONTRAVA NO CARRO COM DIOGO e estávamos indo até o hospital, onde meu pai estava internado.
Fomos em um silêncio e apesar de sentir Diogo me olhando em alguns momentos, escolhi ficar na minha e encarar a visão através da janela do carro. Minha mente estava bagunçada, ainda lembrava das palavras de Olly e da situação da passageira no avião.
Admito que agi de forma errada, afinal, ela poderia ter perdido o bebê em pleno voo.
Só espero que os dois estejam bem.
Não demorou muito para que o luxuoso carro de Diogo estacionasse em frente ao hospital, tirei o cinto e antes que pudesse descer, senti sua mão quente tocar em meu braço.
— Calma, eu irei com você.
Aquela ideia me assustou e eu falei em seguida:
— Não, senhor Constantini. Obrigada pela carona e podemos resolver a minha demissão depois?
Ele suspirou e me encarou com os olhos castanhos, dessa vez, parecia estar calmo.
— Primeiro, pode me chamar de Diogo. E segundo, não irei demiti-la, Laura.
O quê? Não irei ser demitida?
— E vamos lá, eu faço questão de estar ao seu lado.
Vendo que eu não tinha mais opções, deixei um sorriso invadir meus lábios e visualizei ele quase sorrindo, quase. Descemos do carro e soltei um suspiro de alívio ao ver que não estava mais com os saltos, pois antes de entrar no carro com Diogo, troquei a roupa de comissária por uma calça jeans escura e uma blusinha de ombro branca.
Entrei na recepção e notei um certo movimento no hospital, e há um motivo para toda essa movimentação. Afinal, amanhã é feriado de quatro de julho e as ruas costumam ficar agitadas e isso inclui pessoas bêbadas dirigindo carros de forma irresponsável pela Flórida.
Depois que passei todas as informações para recepcionista — que parecia não desgrudar os olhos de Diogo e aquilo havia me incomodado — ela nos deu um pequeno adesivo onde há informações sobre o nome e do paciente. Entramos no elevador e meu coração batia tão forte que pensei que ele iria sair da minha caixa torácica e quando virei para encarar Diogo, ele me olhava e murmurou em seguida:
— Vai ficar tudo bem.
Tentei fixar essa frase em minha mente e acreditar nessas quatro palavras, tentando me tranquilizar.
Mordi o lado interno da bochecha enquanto o elevador nos deixava no andar indicado, quando chegou eu caminhei em passos largos até as placas que indicavam a sala 9 e soltei um suspiro de alívio quando localizei Olly, não deu tempo nem do meu irmão reagir e o abracei de forma firme, quase me desmanchando em desespero ali.
— Olly! E nosso pai? Como está?
Senti seus braços em volta de meu corpo e quando ele se afastou, abriu um sorriso terno e me olhava.
— Ele está bem, passou por algumas avaliações médicas e vai ser liberado logo mais.
Ali eu soltei um suspiro de alívio quando ouvi sua voz e meu corpo inteiro queria se desmanchar em seus braços, mal me importando com todo resto.
— Cadê a mamãe? E o restante?
— A mamãe teve que cuidar do restaurante, eu vim acompanhar o papai e graças ao bom Deus ele está firme, os médicos estão fazendo alguns exames e logo será liberado.
Mal notei quando senti a presença de Diogo atrás de mim e ele tomou a iniciativa de estender a mão em direção ao Olly, se apresentando.
— Prazer, eu me chamo Diogo! — Meu irmão me encarou por breves segundos e ergueu a mão em seguida, cumprimentando-o.
— Eu sou Olly, irmão da mal educada aí! — Indicou com o queixo em minha direção.
Balancei a cabeça de forma negativa.
— É, desculpa. Eu estava tão desesperada para saber notícias do papai. Olly, esse é meu chefe da companhia aérea.
Os olhos do meu irmão se arregalaram por alguns segundos antes de voltar sua atenção em minha direção, como se estivéssemos nos comunicando por olhares. Olly o conhecia de alguns comentários que eu mandava por mensagens ou ligações nas quais eu descascava a respeito de Diogo.
— E então Laura, como está seu pai? — Ouvir meu nome saindo de forma informal dos seus lábios é algo que eu poderia me acostumar facilmente.
— O Olly disse que está passando por alguns exames e que está bem. — Virei o rosto em sua direção e mantive minha atenção presa aos seus olhos, enquanto ele me encarava de volta de forma serena, embora tivesse um tanto de preocupação estampada em seu rosto.
— Ainda bem! Isso é ótimo. — Pareceu ter soltado um alívio quando ouviu a notícia. — Vocês vierem de carro? Eu posso dar carona quando o pai de vocês estiver liberado.
Olhei para Diogo um tanto surpresa pela iniciativa e voltei minha atenção para Olly, que respondeu.
— Viemos de Uber, então eu vou aceitar sim a sua carona.
...
Pouco tempo depois, meu pai foi liberado pelos médicos com orientações importantes sobre a sua saúde e de como seria a seguir. Diogo ficou o tempo todo conosco e engatou em um papo sobre voos com Olly, que parecia uma criança perguntando sobre as viagens e também a respeito da aeronave.
Durante o trajeto, meu pai foi atrás com Olly e eu fui ao lado de Diogo, enquanto ele dirigia de maneira tranquila e seguia o caminho do celular em direção a nossa casa. Ainda estava surpresa pela gentileza de Diogo, e meu pai não ficou atrás de meu irmão, conversou com meu chefe como se fossem grandes amigos de anos.
Quando o carro de Diogo estacionou em frente a nossa casa, desci do automóvel e ajudei Olly a descer junto com meu pai enquanto os dois iam entrando com os cuidados. Virei o corpo em direção ao carro para me despedir e notei Diogo em frente ao carro, me encarando de forma firme.
Soltei um riso nervoso e mordi o lábio inferior.
— Ah, obrigada Diogo...
Ele deu de ombros com um rosto calmo e sereno.
— Não precisa agradecer, Lauren. Era uma emergência e eu poderia ter te ajudado.
Pensei em chamá-lo para entrar e servir ao menos um café, mas meu outro lado recuou com essa ideia.
Diogo é meu chefe.
E embora tenha me ajudado nesse momento, não seria ideal chamar para entrar.
Ele ficou alguns minutos olhando em minha direção e de repente se instaurou um clima tenso e quando viu que eu não iria falar mais nada, ergueu a mão acenando e entrou no carro, ligando-o em seguida e saindo com ele rapidamente.
Me deixando ali sozinha em meio a tantos pensamentos que rodavam a minha mente.
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FLYING HIGH ©
RomanceLaura Faye é moradora de Miami e sempre teve o sonho de se tornar uma aeromoça. Depois de muito esforço, a estadunidense conquista a tão sonhada vaga na Constantini Airlines, companhia aérea conhecida internacionalmente. Entretanto, não esperava ter...