Eloá Siqueira Rodrigues.
Eu não vou ser hipócrita e dizer que não estou perdida, assustada e extremamente sem saber o que fazer nessa nova fase da minha vida. Estou feliz por ter alguém para dividir minha vida? Lógico, meu sonho era ser mãe, criar uma família, e infelizmente eu achava que poderia ser com o Kevin.
Eu estava totalmente enganada.
Conheço Kevin a sete meses, no começo ele era um homem incrível, me respeitava, mas eu não percebia conforme os meses foram passando que nosso relacionamento era abusivo, para mim era o jeito dele que estava passando por mudanças já que segundo ele eu era seu primeiro relacionamento sério, achava que era uma fase, mas a partir do momento em que o cara que jurou me amar, pede para eu abortar um bebê inocente que não tem culpa do meu descuido, parecia que as verdades vieram a tona de uma vez, como se a anos eu estivesse com uma venda tampando meus olhos e do nada alguém a tira de uma vez, sem aviso prévio.
Eu ainda estou muito assustada com tudo isso. A primeira pessoa que veio na minha cabeça foi a Karina, nos conhecemos a anos e eu sabia que ela poderia me ajudar, saí da casa de Kevin tão abalada que só precisava do colo da minha amiga.
Não que meu relacionamento com meus pais não fosse bom, longe disso, mas sabe quando você precisa apenas de uma pessoa de "fora", que não seja sua mãe ou seu pai, era isso que eu precisava.
Minha mãe e eu somos muito amigas desde sempre, eu também não fui criada com a presença de um pai nos meus primeiros anos de vida, era eu, minha mãe, e minha avó para tudo, parece que nós três temos dedo podre para homem já que minha avó também criou minha mãe sozinha.
Meu pai apareceu na minha vida quando eu tinha cinco para seis anos, lembro que ele trabalhava vendendo pipoca no parque, era uma cidade nova então eu não tinha amigos, ele foi lá e me deu uma pipoca de graça quando percebeu que eu estava isolada das outras crianças.
Naquela idade eu tinha receio de chegar perto do sexo masculino, sempre quando um homem estava por perto eu ia para o lado da minha mãe ou da minha avó, acho que era mais proteção por achar que meu pai biológico viria e me tiraria de perto das duas, mas com o Ezequiel foi diferente, eu não tive medo dele, pelo contrário, não quis mais desgrudar do lado dele, fiquei a tarde inteira vendendo pipoca com ele e brincando ao seu lado.
Naqueles tempos não tinha esse negócio de não poder brincar na rua por ser perigoso, claro, tinha seus perigos mas não como hoje em dia, o parque ainda era em frente a minha casa, então minha mãe ficava costurando na varanda os enxovais que vendia e eu no parque.
Quando minha mãe percebeu que eu não estava onde costumava, começou a me procurar e me achou com o Ezequiel, no começo ela ficou assustada e com medo mas segundo ela, quando me viu soltar uma gargalhada junto do homem, percebeu que ele era diferente e assim eu me tornei o cupido da relação deles.
Hoje eles tem doze anos de casados, não tiveram mais filhos já que meu pai é estéril, mas ele diz que isso não é problema, que Deus me deu como filha para ele e isso já basta.
Independente de tudo eu sei que eles vão me apoiar nessa gravidez, eles sabem que eu sempre me cuidei e um bebê não é o problema, graças a Deus hoje em dia tenho condições de criar, de dar tudo do bom e do melhor e não deixar faltar nada, mas mesmo assim, meu medo é não conseguir dar todo o amor que ele ou ela merece, do bebê crescer como eu cresci, com medo, eu não quero isso para meu filho(a).
Respirei fundo parada em frente a porta da casa dos meus pais, sei que os dois estão em casa já que o dia da folga deles são os mesmos, e os dois não são muito de sair, para ter certeza disso me bastou ver os status da minha mãe com uma foto dos dois fazendo biscoitos na cozinha, eu não puxei esse dom deles, não mesmo.
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Caminhos traçados
RomanceKarina é uma mulher determinada, que quebra padrões onde passa e ama ajudar a todos. Desde seus sete anos, Karina começou a fazer fotos e visitar agências de moda, esse sempre foi seu sonho e hoje em dia a mulher ama o que faz, mesmo que ainda não...