Capítulo 75

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Karina Reis Belchior.

    Não sei ao certo descrever como foi nossa primeira noite com os bebês fora da barriga. Para ser sincera não foi fácil, não que tivéssemos em mente que seria, sabíamos que ter três bebês é um desafio enorme, mas acreditávamos que pelo menos nessa primeira noite iríamos tirar de letra.

    Pelo o que percebemos dessas primeiras horas de vida dos três, Celina é a mais agitada dos três, sempre está se remexendo ou acordando, o Bernardo praticamente não acorda, inclusive passamos boa parte da madrugada vendo se ele estava bem, já a Agnes é uma mistura dos irmãos, hora ou outra ela resmungava e acordava, mas em geral ela dormiu bem.

     São nove da manhã já e eu não aguento mais ter que ficar sentada, tenho certeza que quando eu levantar vai ser horrível mas minha coluna está gritando de tanta dor. Benja me ajudou a madrugada inteira com eles, sempre perguntando se eu estava bem ou se precisava de alguma coisa, agora o mesmo está cochilando na cama auxiliar do quarto, é mais complicado ainda descansar com os enfermeiros entrando no quarto o tempo todo para verificar as coisas.

    Nosso garotinho está dormindo em meus braços agora, tem uns minutos que adormeceu novamente depois de mamar. Na verdade não sei se o colostro está sendo o suficiente para os três, tenho que lembrar de perguntar a alguém depois.

    Sorri apaixonada, admirando cada traço do nosso filho. Eles são tão perfeitos, o narizinho pequeno e empinado, os olhos bem redondinhos em um leve tom claro que provavelmente vai mudar conforme o tempo for passando. Os três nasceram com o tamanho e peso muito parecidos, com diferença de algumas gramas, foi em torno de três quilos quinhentos e alguma coisa, não sei exatamente agora. Agnes nasceu com mais cabelo do que os irmãos, mas em compensação as bochechas da Celina dão vontade de morder de tão grandes e gostosas, os lábios do meu garotinho são grandes e o biquinho que ele faz dormindo me deixa cada vez mais apaixonada. 

— Você é tão lindo, meu amorzinho. — Sussurrei cheirando seus claros e finos fios de cabelo. É tão gostoso sentir eles nos braços.

— Cochilei de novo?. — Escutei a voz rouca e sonolenta do meu marido. Sorri encarando o mesmo e concordei.  — Desculpa, meu amor. — Passou a mão no rosto se levantando.

— Não precisa se desculpa, amor. Você está cansado, é normal. — Dei de ombros e meu garotinho se remexeu fazendo um biquinho. — Desculpa, meu amorzinho. — Sussurrei beijando seu bracinho.

— Ele é tão lindo, os três são. — Benja sorriu beijando minha cabeça. — E sabe de uma coisa? 

— O que? — O encarei curiosa.

— Os três são a minha cara. — Se gabou e eu ri revirando os olhos. — Vamos, temos que concordar sobre isso.

— Sim, meu amor, são a sua cara. — Concordei, afinal, não tem como negar isso, nenhum dos três se parecem comigo.

— Fico imaginando eles com cabelo cacheado. — Benjamin admitiu acariciando os fios claros do nosso garotinho.

— Na verdade acredito que possa ser ondulado, mas independendo de como for vai ser perfeito. — Benja concordou.

— Bom dia, está pronta para seu banho? — Uma das enfermeiras, super simpática por sinal, entrou no quarto com o típico sorriso no rosto.

— Bom dia, acho que não totalmente. — Fiz uma careta e ela riu. — Estou com medo do que vou sentir ao levantar.

— Mais do que normal ter esse medo, mas vamos com calma para você ir se acostumando. — Concordei. Benjamin pegou o Bernardo do meu colo e colocou o mesmo no bercinho novamente.

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