Capítulo 11

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Diego Castro Belchior.

    Entendo que para muitos eu sou um cara fechado, sério e sem graça mas a real é, eu não quero me machucar, não sirvo para essas coisas de uma noite e nada mais.

    Cresci vendo a relação dos meus pais, avós, tios, todos sempre muito unidos e confidentes, claro, quando você cresce em um núcleo assim, você sonha e almeja por um relacionamento igual, até porquê, é o único que você conhece até então. Mas o que eu esqueci de aprender na época, era que nem todos os relacionamentos seriam iguais.

    Todos da mídia acham que eu tenho casos escondidos, que eu sou tão insuportável que ninguém me aguenta como marido, mas a verdade é que depois de ser trocado pelo popular da escola, filho do presidente na época, eu me fechei e disse que só me abriria de novo quando fosse a mulher certa, e eu saberia na hora qual era.

    Não que eu fosse um cara igual meu irmão, que só de olhar se apaixona, ok, eu nunca vi uma mulher que me fizesse ter a certeza que era ela mesmo, mas não sei se quando eu a encontrar vou ficar e sentir igual meu irmão, aí só o momento dirá.

    Mas como hoje é sábado, a solidão bate, ainda mais nesse frio e com a chuva que estava caindo lá fora. Agora pela tarde a chuva deu uma estiada e parou, vou aproveitar para correr, com o trabalho na empresa ultimamente é complicado ter tempo para cuidar de mim.

    Vim para casa depois do almoço, Benjamim estava igual um doido esperando o e-mail da mulher, mas acredito eu que ela não mande agora de início, eu pelo menos não mandaria de primeira. 

    Como normalmente eu como alguma coisa antes de sair para correr, fiz um sanduíche natural e um suco de laranja que já tinha aqui de ontem. Comi terminando de responder uns e-mails de trabalho e saí de casa com uma garrafa de água. Aqui embaixo tem um parque, fora do condomínio, não que o condomínio não tenha mas todos aqui sabem que eu caminho esse horário então as mulheres solteiras vão para a cademia externa e ficam se jogando para cima de mim, eu não gosto dessas coisas, não julgo quem acha que isso funciona com todo mundo, mas eu não gosto e prefiro distância, então o parque para mim, mesmo sendo um local mais aberto e comum, é melhor.

    Como eu já imaginava, não tinha quase ninguém no parque por conta da chuva de mais cedo, o que era perfeito para o meu lado antissocial. Comecei a minha "rotina" de treinos, confesso que não sigo sempre ela, as vezes eu estou com preguiça então faço apenas metade do percurso, mas hoje como eu estava com disposição, preferi fazer ela completa. 

    Estava distraído depois de uns quarenta minutos mais ou menos treinando, quando alguém esbarrou em mim, se eu não tivesse segurado a pessoa, com toda certeza ela cairia no chão.

— Opa, tudo bem? - perguntei encarando a mulher com os cabelos castanhos e os olhos penetrantes. Ela estava chorando, o que me fez ficar mais alerta ainda - aconteceu alguma coisa? - olhei em volta procurando alguma movimentação estranha mas não vi nada além de olhares curiosos.

— Me desculpa, eu só.... só....- tentou falar começando a chorar mais.

Eu nunca sei o que fazer nessas horas, meu Deus.

— Calma, vem, senta aqui - trouxe ela para o banco mais próximo e nos sentamos - alguém fez alguma coisa com você? Está machucada? - mais uma vez eu olhei para trás, vai que alguém está seguindo ela, nunca se sabe, ainda mais do jeito que ela está.

— Não, é que....estou passando por umas coisas que não imaginava passar - suspirou passando a mão no rosto e se acalmando aos poucos. Entreguei uma garrafa de água fechada para a mesma, que agradeceu tomando um longo gole.

Caminhos traçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora