Capítulo 74

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Março

Benjamin Castro Belchior.

Suspirei agoniado vendo Karina se contorcer na cama e não poder fazer nada. Foi a madrugada toda assim, já falamos com Cecília e ela pediu para esperarmos um pouco e contarmos os tempos entre as dores, não consigo acreditar que realmente chegou esse momento que tanto esperamos. Nossos filhos estão chegando!

- Quer um pouco de água, meu amor? - Me sentei ao seu lado acariciando seu rosto.

- Não consigo. - Respirou fundo passando a mão no rosto. - Por que eu não posso ir? Não vai ser parto normal. - Choramingou. Senti meus olhos quererem transbordar mas segurei, preciso ser forte por ela.

- Não sei, meu amor, mas logo estaremos lá, não se preocupe. - beijei a cabeça da mesma. - Vem, vamos tomar um banho para aliviar um pouco. - Karina assentiu aceitando minha ajuda para levantar.

Fomos caminhando devagar até o banheiro, ajudei minha esposa a tirar a camisola e entramos no chuveiro juntos, beijei sua cabeça enquanto Karina se agarrava em mim respirando fundo.

- Não era para eles nascerem agora. - Karina falou baixo levantando a cabeça para me olhar.

- Sabemos disso mas eles seguraram até bastante tempo, normalmente trigêmeos nascem mais cedo. - Abracei mais ela. - Vai dar tudo certo, minha princesa. Eles já estão enormes, saudáveis, prontinhos para vir ao mundo. - Karina retribuiu meu sorriso concordando.

Não sei quanto tempo ficamos debaixo d'água, saímos quando as dores da Karina ficaram mais intensas ao ponto de não conseguir ficar em pé. Então achamos o momento perfeito para irmos até a maternidade, hoje é uma segunda-feira então maior parte da nossa família já está acordada essa hora, até porquê são cinco e vinte e sete da manhã e precisam trabalhar. Coloquei no grupo da nossa família que estávamos indo para a maternidade, expliquei a situação e meu sogro, meu pai e Diego foram os primeiros a visualizarem na hora.

"Vai dar tudo certo, queridos. Vão mandando notícias!!"

Meu sogro foi o primeiro a responder, em seguida meu pai e Diego responderam coisas parecidas. Desci com Karina e as bolsas, sorri confuso vendo Diego com uma cara de sono e de moletom em frente ao meu carro.

- O que está fazendo aqui? - Perguntei abraçando ele. O mesmo retribuiu e abraçou a Karina.

- Vou com vocês. - Falou como se fosse óbvio.

- Você trabalha, Diego. - Karina riu se apoiando no carro. - Provavelmente eles não vão nascer agora.

- Eu sei mas vocês estavam com a gente quando a Flor nasceu, então eu vou com vocês. - Deu de ombros. - A chave do carro. - Pediu e eu sorri entregando para ele. - Vamos que o Uber está ansioso para ver esses bebês. - Brincou me ajudando a colocar as coisas no carro.

Colocamos as bolsas no porta malas e fui atrás com a Karina deitada em meu colo. No caminho até a maternidade ela tirou um cochilo e foi um alívio ver ela dormir.

- Como você está com isso? - Diego perguntou me olhando pelo retrovisor.

- Não sei dizer. É uma mistura de nervosismo com ansiedade. - Confessei. - Você ficou assim também?

- Claro que eu fiquei, é um nervoso absurdo. - Sorriu. - Flor vai fazer três anos daqui a uns dias mas ainda lembro dela nascendo, é nojento ver todo aquele sangue mas vale a pena ver. - Rimos.

- Vai dar tudo certo, né? - Perguntei deixando minha agonia aparecer. Agora Karina está dormindo então não preciso me manter forte.

- Claro que vai! Você já viu Karina perder alguma vez? Ela enfrentou o Kevin, levou um tiro, isso sem contar nas outras coisas, ela é forte demais, irmão, vai ser mais uma conquista para ela. - Sorri encarando minha mulher emocionado. Karina realmente é a força em pessoa.

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