Capítulo 30

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Jade Castro Belchior.

Encarei Augusto e o mesmo parecia desconfortável com a situação. Eu não sei o que ele está fazendo aqui, o mesmo não me responde mais, nem ao menos visualizou as minhas mensagens.

Achei que, pelo andar da carruagem, não iríamos para frente mais, que iria parar por aqui.

- Bom, eu o chamei, vocês não se incomodam, não é? - Benjamin perguntou trazendo Augusto mais para perto. Ele não precisava falar muita coisa para a nossa família saber quem o Augusto era.

- Boa noite. - Augusto cumprimentou todos.

- Boa noite, querido. Seja bem vindo, fique a vontade. Nós somos um pouco doidos mas garanto que somos unidos. - minha avó se aproximou de Augusto o abraçando.

- Obrigado, dona... - Augusto me olhou. Eu já havia falado isso, mas ele sempre ficava preocupado em questão financeira que não deve lembrar.

- Elisabeth - Falei desviando o olhar.

- Mas pode me chamar apenas de Beth, querido, ou avó, você que escolhe. Nada de dona, eu sou muito nova para isso. - Sorriu.

- Como a senhora quiser. - sorriu de lado.

- Bom, acho melhor vocês conversarem, não acham? - Diego perguntou se encostando ao lado da Eloá. Encarei Augusto para saber se ele estava bem com isso, afinal, era ele quem não queria conversar. O mesmo assentiu fraco me olhando.

- Podem ir para o escritório, ou meu quarto se preferirem, fiquem a vontade. - Benjamin falou sentando ao lado do Reginaldo, sogro dele.

- Vamos. - Falei passando por eles. Pelo reflexo da janela, consegui ver Augusto me seguindo. Preferi ir para o escritório, era mais confortável. - Então... - Me apoiei na mesa cruzando os braços.

— Eu...não sei por onde começar. — Suspirou passando a mão pelos cabelos.

— Imaginei. — sorri fraco. — Olha, se você quiser ir embora eu vou entender, invento alguma desculpa para eles e...— Augusto negou rápido.

— Eu quis vim, não sei se é o certo mas eu vim porque quis. — Falou me olhando nos olhos. — Admito que quando Benjamin apareceu lá em casa eu fiquei um pouco surpreso e com bastante coisa na cabeça.

— Você sempre tem bastante coisa na cabeça. — Murmurei sentando na mesa de Benjamin. Que ele não veja isso. 

— Eu sei, me desculpa. — Suspirou — Fui criado assim, Jade, eu cresci tendo esse pensamento, não é fácil mudar ele, não é fácil me mudar.

— Não quero que você mude, Augusto, só quero ser feliz com você, sem esse pensamento insuportável de que, só porque eu ganho mais do que você, o que não significa de nada, você não seja o suficiente pra sustentar uma família.

— Jade...

— Eu não ligo para presentes caros, não ligo para roupas novas todo mês, não quero jóias ou viagens internacionais. Eu só quero você, é tão difícil entender isso? — perguntei sentindo meus olhos arderem.

— Sim, era difícil de entender. — falou se aproximando. — Eu pensava que para ter uma família, eu teria que dar do bom e do melhor sempre, tinha medo de não conseguir, mas, descobri que eu tenho mais medo de perder você. — Admitiu acariciando meu rosto. Senti meu coração errar uma batida e uma lágrima solitária descer sobre meu rosto. — Quando Benjamin apareceu lá em casa, de início eu pensei que havia acontecido algo com você, não sei nem ao certo o que eu senti naquela hora, na verdade, eu sei sim, senti puro desespero. — Ri com a careta dele.

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