Pequenos textos de alguém que se afogou com todas as coisas que nunca disse, fez ou sentiu.
Ou
Alguém que espera que palavras cruzem o mundo e mudem o tempo.
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Eu ainda me lembro de quando tudo era simples.
Meu corpo não tinha se tornando motivo de piadas, minha roupas não tinham se tornado motivo de piada, minha personalidade não era uma piada. Eu não era a droga de uma palhaça perante a sociedade.
Então as piadas começaram, meu cabelo era curto ou longo demais, minhas roupas eram chamativas demais, meu peso era demais, meu corpo era estranho e até o meu andar era defeituoso.
Me pergunto se usavam a mim para pontuar os próprios defeitos, as próprias inseguranças. As vezes me sentia uma grande tela em branco, que tinha que ser pintada conforme a vontade de outras pessoas sobre algo que elas não tinham direto.
Defeituosa de alguma forma tinha se tornado um sinônimo, com o tempo as pessoas passaram a perguntar o que aconteceu com a minha alegria, com a pessoa extrovertida e animada que eu era.
No fundo, somos todos um mar de pessoas com os próprios problemas para lidar, uma pena que o meu modo de ser tenha se tornado um problema para outras pessoas.
As vezes sinto que quando olhavam para mim, viam tudo que odiavam em si mesmos.
