Eu ainda lembro das noites de julho, do frio absurdo que não sentíamos, do calor que nossos corpos juntos mantinham.
Eu me lembro das promessas, das risadas, dos segredos e das fugas rápidas pelo mundo. Livres, jovens e apaixonados.
Na nossa última noite, muito antes de eu sequer pensar numa despedida, eu lembro que senti tudo aumentado: mãos nervosas na minha barriga, olhos oceânicos, toques demorados, beijos longos, amores longínquos. Naquela noite, eu entendi o apelo dos poetas pelo amor jovem.
A intensidade, essa era a chave da minha felicidade e, naquela nossa fatídica juventude, tudo que eu tinha eram amores perdidos e a sensação de pertencer ao mesmo mundo que você. Lembra que nosso amor costumava ser estelar?
As vezes desejo que nunca tivéssemos nos conhecido e, às vezes, sinto que sentiria sua falta mesmo se não tivéssemos.
E eu ainda sinto saudades de tudo, na verdade, aprendi o verdadeiro significado dessa palavra quando perdi você. Sempre pensei que sou boa com o luto, mas qual despedida fazemos para alguém que não morreu?
Quando você foi embora, não houve funeral.
E, no entanto, eu morri lentamente nos dias consecutivos.
Sua presença ainda é uma assombração saudosa.
- parada no tempo
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Tudo aquilo que eu (não) disse
PoetryPequenos textos de alguém que se afogou com todas as coisas que nunca disse, fez ou sentiu. Ou Alguém que espera que palavras cruzem o mundo e mudem o tempo.