O Segredo de Park Jimin

Capítulo 4

Jimin observou o marido que estava sentado ao seu lado na carruagem.

─ Goeun me contou como vocês se conheceram e como você a ajudou em seus piores momentos. ─ Jimin falou com a voz baixa. ─ Fiquei muito orgulhoso do que você fez.

─ Obrigado, meu amor. ─Jungkook disse e segurou a mão do esposo─ E eu fico feliz em ver que você não a julgou como as outras fizeram.

Jimin baixou a cabeça envergonhado. Ele havia julgado sim, muito antes de se conhecerem. Reconheceu constrangido que se deixara guiar pela cabeça de ômegas preconceituosos. A partir daquele dia, prometeu a si mesmo que nunca mais julgaria uma pessoa sem antes ter conhecimento de seu lado da história.

Quando encontrasse com os outros no baile, exibiria seu vestido e então diria o nome da modista e deixariam que eles todos engolissem seus preconceitos. ─ Vocês se conhecem a tanto tempo, por que nunca havia falado nela antes?

Jeon suspirou antes de responder. ─ Porque ela mesma pediu-me para não revelar nossa proximidade. Ela tem ciência de que outros ômegas tecem comentários maldosos a respeito dela e a respeito de Taehung e por isso julga que sua amizade é indigna para um conde.

─ Mas ela mesma é uma condessa! ─ Jimin  constatou. ─ E, pelo que pude observar, leva uma vida bastante confortável financeiramente falando.

─ Sim, é verdade. Goeun e Taehung conseguiram se reerguer e agora gozam de uma certa segurança econômica através de trabalho árduo. ─ Jeon passou a mão pelos cabelos dourados e ficou com os olhos momentaneamente distantes. ─ Você não tem ideia das situações humilhantes que ela e Taehung  enfrentaram desde a morte de Iseul. Os ômegas de Londres se recusaram a aceitá-la como modista apenas porque ela era francesa e assumiam todos os tipos de ideias absurdas e degradantes. Da minha parte, tentei ajuda-lá o quanto pude, até que começaram a recusar minha assistência. Infelizmente, apesar do conforto em que vivem agora, em suas cabeças ela acredita que ainda carregam o estigma de aristocratas falidas.

Jimin manteve-se calado por um momento, absorvendo tudo o que o marido acabara de contar. Sentia a vergonha queimar suas entranhas. ─ Às vezes, a indiferença dos sere humanos para com seus semelhantes é uma coisa chocante. ─ Falou sentindo-se constrangido pois ele também havia sido indiferente e preconceituoso. ─ Como não aceitar uma amiga a quem você considera tanto?

Os olhos dos dois se encontraram e neles havia entendimento mútuo. Jimin sentiu seu coração palpitar ligeiramente dentro do peito. Será que estava se apaixonando pelo marido ? Eles não haviam se casado por amor, aquilo era um fato, mas o tempo e o respeito que tinham um pelo outro os estavam aproximando. Ele sentia que ele o desejava, porém sofria por não poder demonstrar que também sentia o mesmo.

Queria tocá-lo sem pudores, sem receios. Queria provar o sabor de sua pele… Estar perto de seu marido era caminhar em uma estrada bifurcada; uma das vias o conduzia pelo caminho tortuoso do desejo.

Ele não sabia onde esse sentimento se originava, só sabia que essa tentação o consumia como uma chama, embotando seus sentidos e fazendo com que a junção entre suas pernas entrasse em ebulição.

A outra via era o caminho da frustração. A educação repressora o prendia no laço invisível do puritanismo e da opressão. Não poder falar livremente com o alfa que possuía o seu corpo durante a noite era uma angústia sem fim. Não poder expressar através de gemidos e sussurros a satisfação em ser dominado pelo corpo forte e vigoroso do homem que tinha total poder sobre si o deixava louco.

Isso o estava matando. Jimin viu quando o marido aproximou os lábios dos seus e depositou um beijo casto neles. No entanto, ele queria mais. Ousadamente, levou as mãos até o casaco dele e o puxou mais para perto de si. Entreabriu os lábios num convite para que ele o beijasse mais profundamente.