Capítulo 18

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Revolta, raiva, vergonha e humilhação explodiram no peito de Jimin à medida que corria para dentro do bosque. A luz era diminuta, e ele mal conseguia ver as árvores diante de si, no entanto, tudo o que queria era sumir. Queria desaparecer. A incredulidade o levou a pensar se realmente estava em sã consciência. 

Jungkook  ?  

O nome dele latejava em sua cabeça. Jungkook ? Não podia ser. Recusava-se a acreditar que tudo o que vivera tinha sido uma peça pregada pelo seu próprio marido, da maneira mais cruel e rasteira que alguém pudesse conceber. Não queria encará-lo nunca mais. Seu corpo queimava com tanta vergonha que não sentia o frio da noite. Ouviu os passos e a voz dele atrás de si. Sabia que sua roupa não permitiria que corresse mais rápido que aquilo e que ele não demoraria para alcançá-lo, mas persistiu na fuga. Queria fazê-lo entender que preferiria passar a noite perdida ao relento a falar com ele novamente. 

─ Jimin! ─ A voz dele soou atrás de si. ─ Pare! Você pode se machucar. 

Não lhe deu ouvidos, continuou correndo, desviando-se dos galhos, mesmo que de vez em quando um ou outro atingisse seu rosto e desfizesse seu penteado. Sentiu quando o braço musculoso se fechou ao redor de sua cintura tirando-o do chão. Gritou de frustração. Exigiu a plenos pulmões que ele o soltasse imediatamente. Ao contrário do que ele pediu, Jungkook o jogou por cima do ombro e o carregou de volta para o chalé. Durante o trajeto, ele gritou, esperneou e o bateu, mas ele continuou impassível, como se nada estivesse fazendo. Ele empurrou a porta velha com uma pisada forte, lá dentro rumou para o quarto e a jogou em cima da cama puída. 

─ Jeon Jungkook, exijo que me deixe ir embora agora mesmo. ─ Ele gritou furioso. 

─ Não antes de conversarmos. ─ Ele cortou. 

─ Conversar ? ─ Ele ecoou as palavras dele com incredulidade. 

─ Sim, Jimin, conversar, uma coisa que não fizemos muito ultimamente. ─ Ele rebateu. 

─ Não há nada para falar. Você é um crápula. Ponto final. Um crápula sujo e cruel. ─ Ele gritou em sua direção.

 ─ Sim, eu sei que sou, mas juro que até para isso existe uma explicação. ─ Ele elevou a voz. 

─ Não existe explicação para tal covardia, Jungkook. ─ Jimin disse, ainda com a voz alterada. ─ Isso foi perverso e...

 ─ Apenas me ouça, Jeon Jimin ─ A voz do conde se elevou mais ainda. Passou a mão pela franja que caía por sobre a testa. ─ Ouça-me pelo menos uma vez na vida! 

Em toda sua vida de casado, ele nunca ouvira o marido elevar a voz e aquele timbre imponente o emudeceu. Ele parecia um tigre enjaulado e impaciente. Sentou-se ereta na cama, com os pés para fora, enquanto ele começou a perambular diante dele. Após uma longa pausa, onde o conde parecia escolher as palavras com cuidado. 

─ Na noite do baile, quando eu confidenciei que havia pedido Taehyung em casamento, o fiz muito antes de conhecer você. Porém, você tirou conclusões precipitadas com relação ao meu envolvimento com ele . Não posso negar que fiquei irritado por constatar que meu querido esposo  tinha em tão baixa estima. Seu ciúme cego não me deixou explicar que ele declinou meu pedido alegando que me amava apenas como a um irmão e que eu mesmo só havia feito tal pedido no intuito de ajudá-lo. Não havia amor carnal entre nós. "Meu desejo era chegar em casa após o baile e fazer amor com você, pois no dia seguinte teria que assumir a fragata HMS Seabride em mais uma missão, mas nada saiu como havia planejado. Parti no dia seguinte deixando para trás um esposo reticente e desconfiado da minha fidelidade." 
O conde tirou a capa e puxou uma cadeira para sentar-se diante dele, que permanecia com a coluna ereta e a cabeça baixa, mirando as mãos que descansavam sobre o regaço. ─ Numa noite sem lua, não nos demos conta da tempestade que se aproximava rapidamente e fomos pegos de surpresa. A tormenta acabou por naufragar o meu navio e matar grande parte da minha tripulação. ─ A voz do conde soou distante e sombria. ─ Numa tentativa desesperada de salvar meu contramestre, lancei-me em sua direção e não vi o mastro ruindo em minha direção. A pancada que levei na cabeça deixou-me inconsciente por vários dias. Quando acordei, estava com o rosto enfaixado e não enxergava com o olho esquerdo. 

O Segredo de Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora