Capítulo 7

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Como se a própria natureza sentisse a tristeza em que o coração de Jimin mergulhou, a madrugada inundou-se por uma chuva torrencial. O vento impiedoso chicoteou sua roseira preferida, provocando um ruído persistente dos espinhos contra o vidro da janela. O jovem ômega adormeceu pouco tempo depois que tomou o chá forte oferecido por Yoongi. Seu primeiro sono foi pesado e ele não sonhou. Havia apenas a escuridão. No entanto, perto da aurora, o sono tornou-se inquieto e ele despertou várias vezes. Quando voltava a dormir eram os rostos felizes de Jungkook e Taehyung  que via. 

Rodopiando pelo salão, despreocupadamente, como se existissem somente os dois no mundo. Em seu pesadelo, sentia-se diminuído e desprezado. Quando os dois estavam prestes a trocar um beijo, acordou sobressaltado e com o coração acelerado. Mirou o teto do dossel sem, contudo, enxergá-lo. As lágrimas escorreram pela lateral dos olhos e ele pensou desolado como bastou se descobrir apaixonado por Jungkook para baixar a guarda e deixar o coração desprotegido. Era tão mais fácil quando não havia sentimento envolvido. 

Quando a situação deles se resumia apenas à atração física, ele não precisava se preocupar com os sentimentos do marido. Amá-lo o deixou tão vulnerável... Como se não bastasse, descobrir que foi a segunda opção do conde foi o golpe de misericórdia na sua ilusão de esposo feliz. Os minutos se passaram até que ele ouviu o primeiro canto dos pássaros. O dia chegou e ele já estava acordado, porém letárgico. Ouviu o som suave da porta sendo aberta. O criado, sem saber que a conde estava desperto, perambulou pelo aposento, cuidando de seus afazeres. 

─ Bom dia, Yoongi. ─ Jimin o cumprimentou com a voz baixa. 

─ Oh! ─ O beta se virou para a cama. ─ Bom dia, milorde, não sabia que já estava acordado. 

─ Estou acordado desde muito antes do canto dos pássaros. ─ Jimin sentou-se e passou a mão pelos cabelos soltos. 

─ Como está se sentindo hoje? ─ Yoongi perguntou enquanto afastava as cortinas da cama e as prendia nas colunas. 

─ Não muito melhor do que antes, eu acho. Mas gostaria de agradecer-lhe ontem pelo chá. Você é muito mais que um criado para mim, você sabe disso, não é? Sinceramente, não sei o que faria sem você. 

─ Tenho certeza que milorde estaria se saindo muito bem. Mas agradeço sua consideração. O criado tirou um papel dobrado do avental. 

─ O conde partiu muito cedo esta manhã, mas antes de ir embora pediu-me para entregar isso para o senhor. ─ Ele disse e estendeu a carta para o conde. Jimin segurou a nota com a mão trêmula. Em seu coração, tinha certeza de que era ele o motivo pelo qual ele estava partindo. Minha cara conde, Sinto informá-lo mas tive que partir com certa urgência. Infelizmente não tenho previsão para retorno, mas asseguro-lhe que ao retornar conversaremos sobre o que aconteceu na noite passada. Jeon  Só isso. Aquelas foram as rápidas palavras que o conde deixou para o esposo antes de partir para mais uma missão. 

Sem despedidas, sem indicativos de seu humor, de seus sentimentos... Jimin  olhou para o pequeno parágrafo e suspirou. A certeza de que tinha estragado tudo com o conde afundou seu coração e o fez mergulhar numa melancolia sem par. Deu ordens para que seu desjejum fosse servido no quarto; não havia motivos para descer. Não havia motivos para encarar, sozinho, um solar vazio e silencioso. 

Tampouco sentia-se disposto para sair de casa e visitar sua família ou amigos. Sua única disposição era para a autocomiseração. Então, a única coisa que sua letargia permitiu foi recostar a cabeça no travesseiro novamente e fechar as pálpebras pesadas. Queria dormir e esperar que a dor que sentia no peito se curasse durante o sono. Adormeceu com lágrimas nos olhos e a mensagem do marido aninhada na palma da mão. 

O Segredo de Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora