Apartamento

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Pov S/N
Talvez se eu gritar chamando ele de Bucky ele saia daquele banheiro. Para me matar. Mas vai sair. Eu estou tão feliz que ele esteja bem, que esteja de volta. Mas não sei lidar com essa nova personalidade.

Pov Narrador
Bucky saiu do banheiro algumas horas depois, enrolado na toalha e com curativos feitos. Caminhou até uma cômoda antiga e tirou algumas roupas, voltando para o banheiro para se trocar.

S/N o olhava desacreditada, não era possível que ele não lembrasse de nada. Olhou todos os armários da casa, estavam todos vazios. A considerar pela idade do apartamento, algo que estivesse ali deveria estar estragado. Mesmo assim a limpeza do mesmo era muito estranha. S/N decidiu pedir uma pizza pelo celular.

Quando Bucky saiu do banheiro, já vestido, e viu o que ela segurava, arrancou de sua mão e o esmagou. Depois, jogou o mais longe que conseguiu pela janela.

— Você está maluco?! O que vamos comer agora?

E então S/N ouviu as primeiras palavras do soldado.

— Rastrear.

— Desculpe, eu tinha esquecido que podem nos rastrear. Mas precisamos comer.

Bucky a entregou um casaco grande e um boné, S/N os vestiu, assim como ele. Bucky pegou sua mão e foram saindo do apartamento. Era uma sensação estranha, estar de mãos dadas com ele, mas ela poderia ficar daquele jeito sempre.

Desceram as escadas e saíram do prédio. Estava escuro e era um bairro simples. Mas ninguém parecia estranhar os dois andando por ali, ou prestar muita atenção mesmo.

Entraram em um pequeno mercado, Bucky pegou espaguete, ovos e bacon. S/N pegou água e vinho. Bucky pegou o vinho de S/N:

— Não!

— Eu vou gritar que fui sequestrada e vão começar a nos procurar aqui na vizinhança.
Bucky revirou os olhos e entregou o vinho a S/N.

Ele não falava uma palavra, mas logo o silêncio deixou de ser constrangedor e passou a ser confortável. S/N gostava de observá-lo.

Chegaram no apartamento, Bucky trancou a porta e todas as janelas e foi para a cozinha.

— Eu vou tomar um banho soldado.

S/N encheu novamente a banheira e ficou lá, pensando em tudo que havia acontecido. Como o dia tinha dado mil e uma voltas. Pela manhã estava chorando de preocupação, e agora estavam os dois ali, isolados do mundo. Mesmo ele estando diferente, ainda era ele.

S/N estava se enxugando quando foi tirada de seus devaneios por um soldado abrindo a porta. Bucky ficou muito envergonhado por vê-la desta forma. O que S/N achou muito divertido.

— Jantar. — bateu a porta saindo rápido.

S/N vestiu uma blusa que encontrou na gaveta e lhe serviu como um vestido. Estava virando rotina usar as roupas de Bucky.

Chegou na cozinha e o cheiro estava realmente ótimo. Serviu uma taça de vinho e sentou em frente a Bucky que já comia.

— Eu não sabia que você cozinhava soldado. Isso está incrível! — falou com admiração. Mas não obteve nenhum olhar como resposta. O que a desanimou um pouco.

S/N terminou seu jantar e foi servir-se de mais uma taça de vinho. Mas Bucky não deixou, talvez em sua mente, a proteção também serviria contra não deixar bêbada.

— Ok, eu lavo a louça então. — Bucky ficou a observando todo o tempo — Sabe, eu prefiro fazer as coisas sem plateia.

Bucky deu as costas e começou a arrumar uma cama no sofá, S/N ficou triste o vendo fazer isso. O abraçou pelas costas.

— Por que você não dorme comigo?

Mas aquilo foi uma péssima escolha, Bucky rapidamente se livrou do abraço a prensando contra a parede, deu um soco ao seu lado. E ali, S/N percebeu que não era Bucky, apenas uma sombra do que ele fora, por muita sorte a tinha como uma missão.

A menina encheu os olhos de lágrimas, Bucky a soltou e ela foi dormir chorando em silêncio.

S/N acordou com a claridade em seus olhos e o barulho de Bucky treinando no saco de pancadas pendurado na sala. Foi até a cozinha e notou que Bucky havia comprado algumas frutas. Pegou uma maçã e ficou o observando treinar.

Haviam alguns livros na prateleira, todos muito antigos, nenhum que fosse realmente o tipo de leitura que S/N gostasse, em sua maioria sobre carros e armas antigas. Mas teriam de servir como uma distração.

Almoçaram e Bucky sempre cuidava a rua, todas as janelas e checava todos os barulhos o tempo todo.

S/N ficou entediada e decidiu treinar seus movimentos no saco. Parecia tão mais fácil o observando, este era bem mais pesado do que o da torre.

Logo Bucky veio corrigir sua movimentação, mas não tão delicado como das outras vezes. Segurava S/N e a colocava nas posições certas. Ela entendeu que o melhor diálogo que poderiam construir seria o não diálogo.

Algumas horas depois já era noite, Bucky estava concentrado lendo alguma coisa na cozinha, S/N decidiu explorar a casa, encontrou um tocador de discos muito empoeirado. Assoprou todo ele e decidiu ver se funcionava. Ela nunca havia visto um de perto, então quando a música começou a tocar ela ficou muito feliz. Não conhecia a música, mas era bonita e antiga. Bucky apareceu na porta com um olhar assustador, S/N desligou o aparelho no mesmo instante.

— Me desculpe, eu sinto muito, eu nunca tinha visto um desses, não vou ligar de novo.

Bucky caminhou lentamente em sua direção, ligou o toca discos baixinho e estendeu a mão para S/N. Ela não sabia dançar, mas seria indelicado, e no mínimo perigoso, negar.

Parecia muito fácil, dançar com ele a guiando daquela forma. Era devagar, e seus corpos estavam muito próximos. S/N pode ver uma mudança na expressão do soldado, que agora não era mais tão rígida.

Deitou a cabeça no seu peito, e no momento que a música acabou ficaram parados assim por um tempo, Bucky levava um olhar perdido, distante. Mas então, se afastou rapidamente de S/N, que entendeu a deixa e foi para o quarto dormir.

Pov S/N
Foi uma grande evolução, eu pude nos sentir realmente conectados por um momento. Mas o seu olhar perdido é muito triste. Me parte o coração não saber como ajudar.

Meu professor Onde histórias criam vida. Descubra agora