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« capítulo cento e quatorze »

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– Los Angeles, Califórnia

j u s t i n

Encarando o mar, percebo que não estou sozinho. O som das ondas quebrando, o chiado da maré, o cantar das aves, o barulho da brisa forte na areia, jovens, adultos e senhores caminhando a beira da praia se tornavam uma bela companhia naquela tarde de domingo e aqueciam os meus devaneios.

Quando vi o noticiário com as imagens e filmagens de Bethany e Cameron sendo algemados, me senti extremamente mal por ter contribuído diretamente para aquilo estar acontecendo. Porém, sei que fiz a coisa certa, pelo menos em relação ao meu amigo, porque de fato ele parecia estar arrependido de seus atos e quando saísse da prisão poderia voltar a reconstruir a vida de uma forma mais humana e honesta. Mas, eu continuava a pensar na investigação que começou a acontecer em relação aos dois sobre a ligação deles com a morte do meu irmão, e ao mesmo tempo que eu queria descobrir a verdade, eu não queria também, pois tinha medo de Cam realmente ter culpa pela morte de Jaxon.

Quando nos conhecemos éramos muito jovens e nos tornamos praticamente irmãos. Era impossível pensar que um irmão teria a crueldade de matar outro irmão.

Desde então algumas relações e coisas mudaram inclusive entre mim e a Claire.

Nos aproximamos novamente, e ela parece estar bem com tudo que está acontecendo, mas sinto que no fundo ela tá se sentindo como eu, uma avalanche de sentimentos, pois ela vive focando no trabalho para no fundo tentar dispersar seus pensamentos em relação a tudo que aconteceu em nossas vidas. Me prontifiquei a cuidar dela e a ser como uma espécie de ancora para ela, e tem sido assim até agora, eu sempre dou um jeito de vê-la e estar por perto quando ela precisa, porém a gente nunca toca naquele assunto e eu também decidi não contar sobre o que Cameron me disse porquê sentia que não era meu dever fazer isso, ele escolheu mentir e se quer assim e acha melhor assim, o melhor a se fazer é deixar dessa forma, até porque ela tem tentado superar isso com terapia.  Então seguimos melhores amigos, que se reúne pra falar da vida, mas nunca pra falar do amor, até porque acho que nos amamos de formas bem diferentes.

Continuo me sentindo vulnerável e de certa forma vazio. É como se houvesse uma barreira que foi criada para me defender, me esconder para não ser reconhecido ou percebido. E assim, sinto uma mistura de medo e insegurança que parecem me consumir e me atingirem como uma avalanche todos os dias. E sei que em breve, todos vão conseguir saber como eu me senti durante os piores anos da minha vida convivendo com a doença de lyme e como ainda me sinto por estar convivendo com ela, mas por causa da medicina, sei como me cuidar e tratar para não ter crises diariamente. Através do meu novo álbum, meus fãs e todo o público que gosta do meu som e de mim, vão ter acesso a resumos de sentimentos que se eternizaram em letras de músicas, aliviando um pouco da minha dor e luta.

E sei que eu poderia acabar com essa avalanche. Poderia nesse exato momento entrar no mar e caminhar por dentro da água até eu me afundar e não conseguir sair ao sentir a maré forte me jogar para o fundo e me levar ao óbito. Mas, existe algo que me impede de fazer isso, tem algo mais profundo que me impossibilita de desistir de tudo. Há algo mais forte que me induz a lutar todos os dias pela sobrevivência, que me mostra o quanto a vida é algo bom e me torna melhor. Tem algo em mim que me faz tentar todos os dias me medicar pra sobreviver, ou há algo nela, que me faz querer viver.

Claire Rhode Baldwin.

O meu consciente insiste em não deixar o meu coração parar de bater toda a vez que a minha ansiedade consome a minha respiração me fazendo perder o ar. O meu sub consciente, todas as noites, imagina através dos sonhos como seria viver um amor como aqueles de filmes de romance que a loira tanto adora, em que o antagonista se opõe aos encantos da mocinha e no final acaba rendido aos sentimentos. Mas na minha realidade, parece impossível me render a esse amor, porque na verdade a mocinha da história não me ama como a amo.