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« capítulo cento e setenta e sete »

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j u s t i n

"A abracei apertado, envolvendo-a fortemente em meus braços tentando consolá-la de algo que eu achei que jamais mudaria." – Foi o que pensei, porém algo que jamais imaginei aconteceu em nossas vidas depois de seis meses da viagem em Nova York.

De dentro do avião ouvia-se o sopro do vento e os leves ecos dos trovões do lado de fora. A noite estava fria e triste como o meu coração naquela volta de mais uma de nossas viagens, dessa vez da África. Claire sonhava em fazer um safári, então aproveitei que ainda tinha um tempo antes da nova turnê e preparei essa viagem surpresa, porém não contava que a loira iria se abater tanto vendo tantas mães tentando criar seus filhos na dificuldade.

Estava angustiado vendo o semblante triste nos olhos de Claire. Durante a viagem conversei com ela para a gente adotar uma das crianças que precisavam de cuidados, porém nosso coração não ardeu por nenhuma. Claire se entristeceu desde então, enquanto eu comecei a suplicar ao cara lá de cima para que na hora certa ele nos abençoasse com um catarrento(a).

Meu coração pulsava aceleradamente, minha mente mantinha o pensamento apenas no bem estar dela, e meu peito ardia vendo os olhos da minha esposa banhados em um brilho tão genuíno e tristonho como achei que nunca veria. A sua respiração estava tão forte e frenética que ecoava as barreiras do seu peito me fazendo perder o sentido do que estava a digitar no celular. Suspirei bloqueando o dispositivo em minhas mãos e voltando minha atenção para a garota. A abracei apertado e sentir suas mãos acariciando minhas costas enquanto depositava pequenos selinhos em seu ombro direito e a extensão de suas costas.

— Meu amor, não fica assim, tudo isso é passageiro. – Sussurrei acariciando alguns de seus fios loiros soltos. — Eu sei que ainda vamos receber uma dádiva de um catarrento em nossa vida. – Comentei baixinho ouvindo a risadinha abafada que eu tanto amo no meu ouvido.

— Eu sei, mas essas duas últimas viagens só tocaram em um lugar aqui dentro de mim de fraqueza, é só isso. – Ela sussurra e assinto mesmo sabendo que ela não poderia ver no momento, mas estava a sentir meu queixo batendo em seu ombro.

Ficamos assim por um longo tempo, até que um rapaz que trabalha na aviação anunciou que o piloto ia fazer o pouso final em minutos e devíamos apertar os cintos para que não ocorresse nada fora do padrão. E assim, todos que ali estavam começaram a verificar os cintos e os que não estavam já com ele, colocaram enquanto eu apenas abracei Claire de lado a segurando enquanto sentia o avião descer entre a chuva e os clarões dos raios, que continuavam do lado de fora. Senti a loira se arrepiar e acariciei seus braços tentando demonstrar que estava ali a protegendo.

Suspirei pesado quando desci do avião e respirei fundo sentindo o ar puro de Los Angeles entrar em minhas narinas. Caminhamos pelo tubo da passarela que dava até o aeroporto, decidimos não incomodar nenhum de nossos amigos para nos buscar aqui, pois achamos que não tinha necessidade alguma disso. Então, fomos até a porta de saída do aeroporto e vimos alguns táxis amarelinhos parados em frente a calçada extensa do local. Deixei a loira em pé com as malas em um cantinho coberto por um toldo e me aproximei de um homem que estava com uma capa de chuva transparente e aparentava ter em torno de seus quarenta e cinco anos.

— Boa noite, será que teria como fazer uma corrida para Beverly Hills? – Pergunto sentindo os pingos de chuva grossa cair sobre o moletom preto que me esquentava.

O homem levanta seu olhar, que estava em seu celular até o presente instante, e olha finalmente em meus olhos sorrindo.

— Boa noite. Claro, mas aviso que pode ser que a gente enfrente um trânsito agora, a chuva está causando muitos estragos na avenida central que dá acesso direto a Beverly Hills. – Diz atencioso me mostrando a tela de seu celular onde estava a ver o noticiário local.