10. - Time capsule.

111 10 15
                                    

28 de julho, sábado.

A água estava fria contra os meus pés, enquanto o sol brilhava fortemente contra o meu rosto. Apertei os meus olhos, inclinando a cabeça para trás e apoiando meus cotovelos contra a rocha. O cheiro salgado do mar preenche o ar toda vez que eu inspiro.

Deito-me por fim, incapaz de me movimentar por um momento. Isso era para ser supostamente divertido. Levo o braço em frente ao rosto, à medida que o sol impede que eu feche os olhos com conforto. Fico deitada, apreciando a quentura, a frieza, a aspereza e por fim, o silêncio.

O sol esfria, e sou obrigada a abrir os olhos e verificar. Encontro Justin acima de mim, acabando com o meu sol.

— Pretende ficar por aí até quando? — Suspirei, voltando a colocar o braço contra o rosto.

— Quero ir embora desse lugar. — Murmurei a mesma coisa que lhe disse essa amanhã assim que levantei. — Tenho que ir embora.

— Temos dois dias e meio sussurrou Justin, agachando-se sobre mim. — Deu só esse tempo para sua irmã, então logo mais vamos embora.

O problema é que eu quero ir embora agora, nesse exato momento, com Nia ou não.

— Não vai me contar o que está te incomodando? — Indagou, por fim, sentando-se ao meu lado.

— Não tem nada me incomodando.

— Alguém já lhe disse que você é uma péssima mentirosa? — Comprimi minha boca. Sim, minha mãe, mas não vem ao caso.

— Está tudo bem, Justin.

— É mesmo? Porque não parecia. — Trinquei os dentes. Recordo-me perfeitamente do episódio, e é claro que obtém uma coisa errada, e essa coisa sou eu.

— Olhe, nada que eu lhe diga fará sentido. Achará que sou louca.

— Nada que você faça ou diga vai fazer eu achar isso.

— É muita fé em mim. — Resmunguei, ruminando rapidamente se valia a pena me jogar no mar apenas para fugir dessa conversa.

— Fale comigo, por favor. — Por mais que sua voz soe muito convincente, eu nego.

— E aí, nós vamos mergulhar? — Indaguei, levantando-me com rapidez.

Justin olhou-me por um momento, e depois suspirou.

— Depois do almoço? — Replicou ele e eu concordei.

Já está na hora mesmo.

Procuramos um restaurante perto da orla da praia, e adentramos. Vamos retirar esses dias para aproveitar a ilha, já que ficar o dia todo tentando convencer a Nia está fora de cogitação. Pela primeira vez Justin fez um plano de viagem, então ficaremos bem ocupados pelo restante dos dias.

Após o almoço pegamos um barco até uma parte da ilha, e mergulhamos. Além de mim e do Justin, só havia um casal e mais uma moça. Anse Royale é tranquilo em alguns aspectos, ou apenas restrita.

O instrutor de mergulho parou perto do que parecia uma caverna, e contemplamos uma cachoeira que se entremeava acima da rocha. Nós deixamos a exploração dele para depois, e mergulhamos para o fundo do oceano, observando os peixes nadarem sobre a água cristalina, e por mais que tenha acatado a sugestão de Justin, minha cabeça está em outro lugar.

O dia passa perturbadoramente rápido, mas nem quando o sol se põe no horizonte, tenho vontade de descansar. Sugiro a Justin, embora seja uma péssima ideia:

InvictusOnde histórias criam vida. Descubra agora