15. - Chamelon.

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Izar comprou para mim um pretzel — um tipo de pão americano —, embora eu não tivesse pedido, apreciei o gesto. Mas não somente no pão, ficamos pelo menos dez minutos na fila da lanchonete para ele conseguir encher bandeja com salgadinhos, amendoins e refrigerante.

O mesmo tinha lugares privilegiados na arquibancada, o que me deixou pensando porque justamente eu, ele queria como companhia. Disse ao mesmo que ele teria que narrar o jogo todo para mim, mas o mesmo não pareceu incomodado com o fato. Enquanto ainda estávamos no intervalo, ele hesitou por um momento antes de me indicar uma cerveja.

— Passo.

— Devido à idade? Ainda não tem vinte e um, certo? — Embora devesse ser um motivo, não era.

— Não gosto de beber. Além disso, Dr. Pepper é péssimo — Izar riu e puxou a lata para sim.

— Boa garota.

O jogo não demorou muito a começar, e de forma geral, eu consegui entender. Tinha um batedor e um que segurava, quando a bola era rebatida, o batedor tinha que correr através das marcações a fim de chegar até o outro lado e vencer. Izar narrou o jogo inteiro, falando sobre os nomes dos jogadores como se fossem fórmulas de Química. Não entendi metade das técnicas que ele falava, mas concordei com tudo.

Algumas horas mais tarde, o jogo terminava e, por ventura, eu ganhei uma camiseta do Red Sox de presente.

— Vamos comer em algum lugar? — Concordei.

— De preferência de um lugar que sirva comida de verdade.

Izar entendeu exatamente o que quis dizer, vir de um lugar tão rico de forma gastronômica, te faz não querer comer as comidas industrializadas desse país, os estadunidenses comem arroz pré-aquecido em sacos plásticos, é triste.

Izar diz que conhece um lugar ótimo, então vamos parar em um restaurante chamado OSTRAS, mas não consigo identificar qual iguaria é sua especialidade. O lugar é bem chique, pelo o que noto, lustres de cristal, móveis de madeira polida preta e paredes da mesma cor cobre todos os cômodos. E ainda que o lugar não esteja tão cheio, sinto que estamos deslocados. Izar claramente não se importa, pois entra no lugar como se fosse o dono. Pensando bem, acho que ele tem essa expressão sobre si; capaz de se camuflar em qualquer ambiente.

Um host nos acompanha até uma mesa ótima, no primeiro andar, onde tem uma vista direto para a avenida. Izar puxa a cadeira para mim; assim como abriu a porta do carro, como um perfeito cavaleiro, zombei dele por isso.

O host sai apenas por um minuto, trazendo os cardápios e dizendo que um garçom já viria nos atender. Atentei-me ao objeto em mãos, fitando, porém, não encontrei nada no cardápio que indicassem a moda da casa, então afinal não deve ter. Mas um ponto positivo é que tinha comida caseira.

— Eles têm arroz e feijão! — Digo, surpresa. — Será que é industrializado?

— Aqui eles só trabalham com comida natural — Izar respondeu.

— Mas é tão caro a exportação para cá.

— Pois é, porém esse restaurante é conhecido por fornecer o que o cliente de deseja mesmo sobre os obstáculos, como importações absurdas, se você estiver a fim de pagar, é claro.

Achei o modo que ele falou estranho, mas não repliquei.

— Bom, acho... o que você recomenda? — Peço sua opinião; mas minutos mais tarde percebi que foi uma péssima ideia.

— Come, é gostoso — ele estica a uma colher em frente à minha boca com algo chamado jiló sobre ela. Faço uma careta, não gosto muito de coisas verdes.

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⏰ Última atualização: Aug 22, 2022 ⏰

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