31 de junho, terça-feira.
— Você perdeu a cabeça. — Nia falou, enquanto eu olhava umas camisetas em umas araras de roupas.
Olhei-a de relance e suspirei, pegando uma camiseta grande o suficiente para cobrir o short jeans.
— Possivelmente — lhe respondi, estendendo a roupa contra o meu corpo, é essa mesma que irei levar.
Caminhamos em direção ao caixa, enquanto eu olhava falsamente interessada ao redor.
— Conte-me de novo — pediu ela, crispando a boca e eu murmurei cansada:
— Nia...
— Conte-me como sabia, Aslo.
Não tem como explicar isso de uma maneira fácil, nem sei se tem como eu explicar, é só... Bem, eu entendo que ela precisa de uma explicação, mas no momento eu tenho um milhão de perguntas agora e nem todas se voltam a como as consegui.
A loja de roupas está deserta. Fica no pequeno vilarejo do qual Nia está morando e todo o lugar, das lojas, as ruas, das árvores o mar, me dão uma sensação ruim na boca do estômago. Contemplo as paredes amadeiradas da loja, sinto o cheiro de algas fritas no ar e suspiro fundo mais uma vez. Estou cansada, mas talvez esteja desde que tudo isso começou.
— Eu não sei explicar — inspiro, tocando em um sino que está no balcão. — Só sabia.
— Como? — Não é uma pergunta complicada, vejo a extensão da sua pergunta em seus olhos, porém isso não impede que seja fácil de explicar.
— Quando eu vi que não estava debaixo da madeira, como eu já te expliquei — evidenciei. — Desci as escadas e...
Eu a observo, me auto interrompendo.
— Nada que eu diga vai fazê-la se sentir melhor. — Junto as sobrancelhas, contemplando sua expressão endurecida, ela está claramente agitada e eu sei que é por minha culpa.
— Eu estou preocupada.
— Com o que? — Pergunto calmamente.
— Com tudo, Aslo. Com o que pode significar. Por que está tão calma? — Eu arregalo os meus olhos.
— Porque não estaria? — Repliquei, virando-me para frente, tocando a campainha no balcão. Aonde está a vendedora?
Nia balbuciou uma exclamação malcriada e eu bufei.
— Vamos falar com o Brazen.
— Não. — Neguei imediatamente.
— Por que?
— Porque — começo dizendo, olhando por cima do meu ombro, do outro lado da rua tem um homem, ele está limpando alguns peixes para o quiosque atrás de si, o que eu acho anti-higiênico, ele está ao ar livre, mas deixando isso de lado, quanto tempo demora para descamar um peixe? Não importa. Digo a mim mesma. Volto para Nia. — Eu não quero que as coisas saíam do controle.
— Mais do que já estão? — Suspirei.
— É, Nia. — Resmungo irritada, olhando o preço da camiseta e retirando o dinheiro da bolsa. Deixo as notas no balcão, estou irritada e sem paciência, e, sinceramente, não vejo o dono da loja por perto, portanto, arranco a etiqueta, deixo também contra o balcão e a visto, dando as costas em seguida para minha irmã.
— Você não pode simplesmente fingir que não aconteceu. — Ouço-a dizendo enquanto ando através da rua.
— Não posso? — Replico retoricamente, ouvindo-a continuar.
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Invictus
FanfictionQuando sua irmã desaparece em outro país, Aslo tem que juntar forças com Justin para encontrá-la. Mas em meio a uma aventura desconhecida, o seu passado - até então misterioso - começa a vim à tona, e ela se vê obrigada a decidir se quer desvendá-l...