04. - Keeping an eye on the past.

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Grades altas cercaram sua visão; grades do qual não poderia escapar.

Uma luz forte reincidiu no cômodo, e um bater de asas ressoou atrás de si, talvez um pássaro? Parece que corta o ar, talvez um avião?

— Não chora. — Ele pediu, agachando-se na sua frente. — Está tudo bem.

Prometeu ele, sua voz embargada, mas seu rosto um clarão irreconhecível.

— Não precisa chorar — sua mão afagou a do bebê entre as grades, que tentava puxá-lo pela camiseta. — Está tudo bem, ei.

Ele pediu, ressentido.

— Eu preciso ir para um lugar diferente agora, mas eu volto para te buscar, ok?

O bebê chorou, desesperado, como se entendesse.

— Eu prometo que volto. — Disse ele, sua voz tão contrária as palavras.

O bebê negou, freneticamente com a cabeça.

— Eu sei que está com medo, mas eu nunca vou te deixar, está bem? Você sabe que eu não mentiria para você.

Ele tentou inutilmente limpar as próprias lágrimas, e uma voz grossa e autoritária ressoou atrás de si.

— Eu tenho que ir agora, mas me promete uma coisa? — Ele pediu, levando a mão ao bolso do grosso casaco que usava, e retirando de lá um chocalho. Ele balançou contra o rosto do bebê, que estendeu a outra mão, sem retirar a outra que estava grudada a roupa do garoto, sem querer deixá-lo ir. — Você pode tentar não se esquecer de mim? — Ele pediu, baixinho. — Eu não vou me esquecer de você, está bem?

Ele disse, passando o chocalho contra as grades, e puxando-se para trás, até a pequena mãozinha do bebê não está segurando mais nada. E ao ver isso, o bebê chorou de forma desesperada, estendendo o braço para que o garoto o pegasse, mas o garoto parou, fitando.

— Temos que ir. — Um homem segurou em seus ombros.

— Mas ela está chorando. — Sua voz abafada e chorosa ressoou em resposta.

— Temos que ir.

— Espere, ela está assustada. Deixe-me só...

— Temos que ir!

— Não, por favor!

O homem puxou o garoto pelos ombros; sem tempo para discutir, enquanto ele tentava inutilmente voltar.

E o bebê ficou para trás, chorando compulsivamente, um choro estridente e doloroso que doía o crânio. Lágrimas grossas e espessas não parava de cair, e o bebê enfurecido, ergueu o chocalho para batê-lo nas grades, mas o brinquedo de metal brilhante refletiu sobre o seu rosto debruçado em lágrimas, e então o bebê se calou, fitando... se fitando, e, então, eu notei que o bebê era eu.

Acordei com o coração disparado, lágrimas caindo através do meu rosto, enquanto eu suava intensamente. Sentei-me contra a cama, assustada e olhei ao redor. Só um pesadelo, só um pesadelo.

Respirei profundamente, e fechei os meus olhos, voltando a cama. Mas no fundo da minha cabeça, embora tentasse me convencer do contrário, ouvi as palavras do meu pai.

"— Eu vim com alguma coisa... da minha família? — Indaguei baixinho e curiosa.

O mesmo virou-se contra o sofá, e pegou uma caixa amadeirada, desbotada pelo tempo e colocou-a sobre o seu colo, concordando.

— Sim, um chocalho. — Murmurou ele, retirando da caixa e me entregando o objeto. Um chocalho bem bonito, de um metal polido, com várias rosas dispostas sobre o arco, enquanto uma haste de metal era retorcida com espinhos até uma ponta redonda, desenhada com mais rosas, e no meio do arco três pequenas rosas estavam dando barulho ao brinquedo. Parece mais algo para se colecionar, sinceramente, mas que tipo de pais dão um chocalho de metal para um bebê?

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