14. - Beyond understanding.

92 6 9
                                    

ASLO MADDOX

2 de setembro, sexta-feira

Ainda é verão em Boston. As árvores já começaram a tonalizar em laranja para o outono, e um clima quente, mais úmido serpenteia o ar. A única coisa que me incomoda em Boston é o clima tipicamente chuvoso, gosto do calor, de água, areia, sol. Porém tudo que vejo é ameno, total e completamente. Eu suspiro.

A boca de Brazen se move em um monólogo, não que ele seja chato ou entediante, geralmente gosto de ouvir o que ele tem a falar, já que, de fato, o mesmo não é muito tagarela, porém sua voz passa batido por mim. Não consigo me concentrar. Um toque frio repercute pelo meu braço, e eu volto a atenção a Brazen. Ele me faz uma pergunta, e inclina a cabeça.

— Desculpe, o quê?

Brazen dá uma risada.

— Você está um pouco distraída hoje, Aslo.

— Perdão, Brazen, de fato estou mesmo — me desculpo, retirando minhas mãos da jaqueta em direção as suas que como previa, estão um bloco de gelo. Coloco suas mãos contra as minhas, esfregando-as, de modo a esquentá-las. — Suas mãos estão tão frias.

— Mãos frias, coração quente, você sabe o que dizem, não é? — Ele pisca, e eu dou uma risada, porque não sei.

— Afinal, o que dizia?

— Ah, sobre hoje. Fiquei sabendo que irá sair com as meninas hoje à tarde — Brazen disse, me fazendo bufar com o fato.

— Fui convidada por sua namorada, e disse que sim, contudo darei uma boa desculpa na hora e não irei.

— Ela não é minha namorada — franzi o meu cenho. — E isso justifica o seu bolo?

— É claro que não. Não preciso de um bom motivo para não querer sair de casa, além disso, se Tori não é sua namorada, que tipo de relação vocês têm?

Brazen olha para nossas mãos juntas, enquanto fica em silêncio. Se ele tem que pensar...

— É complicado.

— De que forma?

O mesmo suspira profundamente.

— Não temos nada.

— Mas?

Ele ergue uma sobrancelha e não sei se ele tem outra palavra para complicado. Decido que não quero saber.

— Tudo bem, não tenho interesse em me envolver de qualquer forma — eu solto suas mãos, e me desencosto da parede, endireitando minha coluna. Brazen me olha, o olhar insondável. — Mas quanto à hoje, eu realmente não tenho muito interesse em... bom, seja o lá o que tenham planejado.

— Mas você nem sabe o que é.

— Contudo, eu penso. Suponho que Tori não gosta de mim.

— O que a faz acreditar nisso?

— Sexto-sentido — dou de ombros, ele ri.

— Não dê um veredito tão rápido. Tori é uma garota legal, apenas intensa.

— Odeio intensidade. Sou uma tartaruga, se algo me incomoda, eu entro para o meu casco. Sinto-me confortável assim, portanto não tente me tirar.

— Embora goste da ideia de ajudá-la a sair da sua zona de conforto, não vou forçá-la a fazer isso. Porém recuar diante do inimigo só dará mais poder a ele, querida, pois ele saberá que te afeta.

Brazen piscou, sábio e me deu as costas, enquanto pensativa, eu caminhava para minha próxima aula. Mas meus pensamentos não estavam perdidos em Tori ou em sua irmã e sim em Justin e na tarde ontem.

InvictusOnde histórias criam vida. Descubra agora