|Capítulo 10|

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Bem no fundo, Sina sabia que ela tinha razão, que sua lógica era irrefutável. Ainda assim, com a mesma sensação de pânico que a possuíra na noite anterior, ela protestou.

— Ah, Heyoon, não sei. Foi tudo tão de repente. Eu... eu não tenho certeza se estou preparada.

— Esperar mais alguns dias não vai livrá-la dessa incerteza, meu bem. Você teve uma experiência ruim com Noah e por isso perdeu a confiança em todos. Você mesma já admitiu isso. Então, o que você está sentindo não tem nada a ver comigo pessoalmente, mas com as pessoas no geral. É provável que nosso casamento seja bom para você, Cara. Você terá a chance de viver perto de mim... e ter um relacionamento sem ser pressionada por expectativas sociais ou compromisso emocional. Isto lhe dará a oportunidade de aprender que nem todos  são como Noah e que nem todos os relacionamentos  seguirão o mesmo padrão negativo.

— Pensei que você fosse doutora em química, não em psicologia, Heyoon. - Sina observou, seca, ainda que soubesse, do fundo do coração, que ela fizera um diagnóstico acertado do que lhe magoara e receitado o que parecia um remédio apropriado.

— Química foi a profissão que eu escolhi, é verdade. Mas isso não impede que eu tenha uma compreensão perspicaz da natureza humana, meu bem. Então, decida e não discutiremos mais sobre isso. Você quer se casar comigo ou não?

Essa era sua chance de escapar, pensou Sina, com o coração disparando. Ela só tinha que responder que não.

— Sim - foi o que ela se ouviu dizendo.

—  Ótimo. Agora termine seu café e saímos.

Quando elas terminaram de comer, tiraram a mesa juntas e limparam os pratos, colocando-os no lava-louças.

Após ajeitar as mangas da camisa, Heyoon enfiou as abotoaduras nos punhos, arrumou a gravata e ajeitou  o terninho nos ombros. Ajudou-a com o casaco de lã de camelo, vestiu o sobretudo preto e pegou sua pasta e a dela. Depois disso, apagou as luzes. Na semi-escuridão da cozinha, iluminada tão-somente pela luz cinzenta de inverno que se infiltrava pelas janelas sem cortina, ela tomou o queixo de Sina com a mão, erguendo o rosto dela em direção ao seu.

— Pobre criança -  ela sorriu para ela, gentil e pesarosa. — Você parece mesmo um cordeiro sendo levado para o abatedouro. Você me acha realmente uma ogra?

— Não - ela admitiu, assustada e comovida pela gentileza e compreensão que via nos olhos de Heyoon. —  Antes de sairmos, eu só quero lhe dizer que, embora saiba que não sou a esposa que você escolheu, tentarei pelo menos ser uma boa esposa para você pelo tempo em que formos casadas.

— E eu serei uma boa esposa para você, Sina. Eu entendo e agradeço o sacrifício que vocês estão fazendo por mim, e você nunca terá motivo para se arrepender desse dia, eu juro.

Como Minnesota é um estado do norte, acostumado a invernos longos, duros e frios, as Cidades Gêmeas estavam bem equipadas para lidar com as piores nevascas, e o faziam com eficiência. Os limpa-neve haviam sido usados de manhã cedo, e a estrada até Mineápolis estava limpa. Naquele momento, Heyoon parou o carro em frente ao cartório. Ela desligou a chave na ignição e virou-se para Sina.

— Está preparada? - Perguntou ela, com um sorriso encorajador.

Sina respirou fundo.

— Sim.

— Não, você não está, na verdade... não muito. - Então, antes que ela percebesse sua intenção, Heyoom se abaixou, pegou seus cabelos, envoltos no coque costumeiro, e começou a tirar os grampos, deixando que eles escorressem pelos ombros, num curto e brilhante emaranhado de cabelo Loiro.

— Heyoon! Heyoon, o que você está fazendo? -  gritou Sina, horrorizada, tentando, sem sucesso, fazê-la parar.

— Eu não gosto do seu cabelo desse jeito, então estou arrumando - respondeu ela, tranqüila e ignorando os protestos dela.

Ela tentou arrancar os grampos da mão de Heyoon, mas ela apertou o botão do vidro automático do carro e atirou-os no estacionamento. Depois, agarrou os óculos de tartaruga sobre seu nariz esbelto e finamente esculpido.

Levando-os aos próprios olhos, disse, em voz arrastada:

— Exatamente como eu pensei. Você não precisa mesmo deles para enxergar. Ora, se essas lentes são de grau, eu como meu jaleco. - Em seguida, para constrangimento de Sina, ela também atirou seus óculos no estacionamento.

Sina estava a ponto de se jogar do carro para recuperá-los, quando, antes que pudesse abrir a porta, um automóvel passou com os pneus da frente por cima dos óculos, esmagando-os.

— Meu Deus! Não acredito no que você acaba de fazer - Ela olhou para Heyoon como se nunca a tivesse visto antes, chocada e abalada. — Por que você fez isso?

— Porque você tem um cabelo lindo... lustroso e tão incrivelmente suave ao toque... E bonitos olhos verdes que. Quero ver seus cabelos e seus olhos, Cara. Como sua esposa, o que serei em apenas alguns minutos, tenho esse direito. E, como acho que você não mudaria por mim, eu mesmo faço isso por você. Agora você está com a aparência que uma mulher deve ter: adorável, feminina, vulnerável e convidativa... do modo como quero que minha noiva pareça. Vamos?

Por mais que tivesse ficado contrariada, Sina percebia que não fazia sentido discutir com Heyoon. Apesar de reivindicar o contrário, ela não tinha o direito de ter feito o que fez. Ainda assim, suas palavras sobre o cabelo e os olhos dela faziam com que ela se arrepiasse, se sentisse lisonjeada, e amansavam a moça tanto quanto os gestos dela a irritavam.

Ela concordou com a cabeça, concisa.

— Sim, vamos resolver logo isso.












Até maisss

Bjjs no Bumbum de vcs 🥰💖

Uma Esposa Contrada 「𝑺𝒊𝒚𝒐𝒐𝒏▪︎𝑯𝒆𝒚𝒏𝒂」(G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora