|Capítulo 18|

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Para Sina e Heyoon, a semana em Maplewood Lodge pareceu ter passado rápido, embora o ritmo de vida no chalé tivesse, na verdade, sido lento. O inverno continuava terrivelmente frio, o céu escuro e nevoento, os dias cinzentos e lúgubres. Mais de uma vez, as recém-casadas acordaram com a neve que caía, formando elevações e depressões sobre a terra, como um lençol imaculado. Dos galhos das árvores pendiam lágrimas em forma de pingentes de gelo, e uma camada dura de orvalho congelado incrustava-se sobre o solo.

Mas o tempo não impedia que as duas saíssem. Elas andavam de trenó, acompanhadas pelo tilintar musical dos sinos presos aos arreios dos cavalos, e faziam longas caminhadas pelo bosque, soltando baforadas de ar condensado pela boca. Fizeram grandes bonecos de neve, as duas na varanda frontal do chalé, e travaram vigorosas batalhas de bolas de neve, que sempre terminavam com ambas rolando pelo chão, rindo, encharcadas e sem fôlego.

Dentro do chalé, elas se revezavam no banheiro, trocando as roupas molhadas por outras, limpas e quentinhas. Depois sentavam-se diante da lareira fumegante e alegre, segurando xícaras de chocolate quente. Jogavam cartas e os jogos de tabuleiro que encontraram na cristaleira antiga e ouviam música do aparelho de som. A CNN as mantinha informadas das notícias, e elas conversavam sem parar.

Sina nunca tinha vivido com uma Mulher. Na verdade, ela não havia morado com ninguém, já que havia saído de casa na época da faculdade para seguir o próprio caminho. Ela não tinha se dado conta, até agora, de quanto era solitária, do quanto sentia falta da companhia de outro ser humano. Era agradável ter alguém com quem dividir os afazeres domésticos, com quem conversar, alguém que ficasse orgulhoso de suas conquistas.

— Si, benzinho! – Heyoon chamou, mais de uma vez. — Depressa! Seu comercial está no ar.

Toda vez, ela corria conscienciosamente até a sala de estar, onde o rosto de sua irmã Sofya sorria para ela na tela da televisão enquanto uma voz ao fundo falaria da base da Cosméticos Deinert, do rimei, do batom ou de seu esmalte de unhas. Embora Sina tivesse visto os anúncios inúmeras vezes, e tivesse sido responsável pelo conceito original, ainda assim nunca se cansava de assistir. E ficava secretamente excitada pela prova concreta de seu sucesso.

—  Lembro-me de desenvolver essa cor... pau de canela. – Heyoon observou enquanto, na tela da televisão, Sofya franzia os lábios para dar um beijo brincalhão em seu belo admirador.

— É um de nossos tons de batom e esmalte de unhas mais populares. – disse Sina, sentindo um calor descer até os dedos dos pés com a idéia de que Heyoon estava orgulhosa do trabalho dela, que era nela que ela pensava quando via os comerciais... nem Sofya nem Sophie, mas ela, Sina.

— Hummm... –  Heyoon ergueu uma sobrancelha . — Bem, eu tenho uma idéia brotando para uma nova cor quando voltarmos para o trabalho... Aposto que vai superar todas as outras em vendas. Na verdade, já tenho até um nome para ela.

— Mesmo? – ela respondeu, brejeira, caminhando na direção de Heyoon. — Desde quando os químicos dão nome aos produtos da Cosméticos Deinert? E, afinal, como estava pensando em chamar essa cor?

— Beijo de Sina. Tenho em mente alguma doce, apimentada e sensual, tudo ao mesmo tempo. – Esticando o braço de onde estava no chão, Heyoon agarrou o tornozelo de Sina, puxando-lhe o pé e fazendo-a cair sobre o colo dela. Virando-a, ela a pressionou contra o tapete. — Espero não ter nenhuma discussão com o departamento de marketing por causa disso.

— Não, não. Não pense que só porque se casou com a diretora de marketing, terá privilégios na empresa. – insistiu Sina, o coração martelando ao sentir o corpo rijo e definido sobre seu corpo macio e esbelto. Os lábios dela estavam a apenas alguns centímetros dos seus. Os olhos dela dançavam e ardiam como as brasas que saíam do fogo na lareira.

Uma Esposa Contrada 「𝑺𝒊𝒚𝒐𝒐𝒏▪︎𝑯𝒆𝒚𝒏𝒂」(G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora