|Capítulo 13|

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Fiel à sua palavra, Sophie havia deixado o jatinho da Deinert à disposição de Deinert e Heyoon. Uma limusine, também providenciada pela avó, levara as duas ao aeroporto. Outra limusine as apanhara ao final da viagem e as levara até Maplewood Lodge.

Era um lindo retiro rústico, às margens de um lago, no meio de uma floresta de bordos. Em vez de quartos, havia chalés individuais, e enquanto a limusine passava pela trilha de terra escorregadia pelo gelo e neve, pareceu a Sina que ela e Heyoon haviam sido enviadas ao mais isolado e recolhido de todos.

— Vovó deve ter vindo aqui no verão, quando aposto que esse lugar é maravilhoso - comentou Sina ao olhar pelas janelas escurecidas do carro, em que a neve batia suavemente pouco antes de ser derretida pelo aquecedor. — Provavelmente ela nem imaginou que não seria a mesma coisa no inverno.

— Ainda assim, é adorável. - disse Heyoon. — Me faz lembrar a Rússia.

— Você deve sentir muita falta do seu país.

— Sim... mas não o suficiente para voltar para lá de vez. E agora, graças a você, não precisarei fazer isso. Sei que meus motivos para casar foram terrivelmente egoístas, Cara. Mas, ainda assim, serei sempre grata pelo que você fez por mim.

Os olhos verdes dela a admiraram, calorosos, e ela enrubesceu.

— Nem pense nisso. Do meu ponto de vista, era a única coisa a fazer para salvar a fórmula secreta de juventude da vovó. Meu motivo também foi muito egoísta, Heyoon.

Com um solavanco, a limusine parou em frente ao chalé. O motorista saiu para abrir a porta do carro enquanto o mensageiro que os acompanhara desde o alojamento entrou no chalé e desapareceu. Tomando a mão de Sina, Heyoon a ajudou a sair da limusine. E, antes que ela percebesse, Heyoon a suspendeu em seus braços, carregando-a pelo jardim até a entrada do chalé.

— Heyoon! Coloca-me no chão! - ela gritou, constrangida pelos sorrisos largos que via nos rostos do motorista e do mensageiro ao assistir sua luta inútil para se libertar.

— Quieta, Benzinho - exigiu Heyoon.

— E pare de me bater, pelo amor de Deus! Estou apenas cumprindo minha obrigação como esposa. - No chalé, ela finalmente a pôs no chão, com um sorriso tão largo quanto os dos dois homens. Gentil, Heyoon tirou um restinho de neve do cabelo dela. — Uma noiva deve carregar a noiva pelo umbral... ou estou errada quanto a isso ser um costume nos casamentos americanos?

— Não, você está certa. Eu... bem... tinha me esquecido, foi isso. - Sina disse, hesitante.

Na verdade, como o casamento delas era arranjado, ela não esperava que Heyoon seguisse as tradições. Mas, como estava começando a aprender, não havia nada sobre Hryoon que ela pudesse tomar como certo. Ela sempre a surpreendia.

Quando o motorista da limusine trouxe a bagagem delas e as compras que haviam feito a caminho do hotel, o mensageiro abriu as cortinas e ligou o aquecedor do chalé, que estava frio. Sina tirou o casaco e as luvas e parou para olhar em volta.

O interior do chalé não era tão rústico quanto o exterior. Para manter o tema rural, a mobília era uma mistura eclética dos estilos inglês e francês; no entanto, era luxuoso, o que a fez lembrar da casa de Heyoon. Sofás confortáveis de dois lugares ocupavam os dois lados da lareira de pedra, que subia até o telhado de vigas. Cristaleiras, aparadores e mesas de estilo antigo se espalhavam pelo espaço. Tapetes ornamentais se estendiam sobre o chão de madeira de lei. Ao lado da sala de estar havia uma pequena cozinha. Por uma porta no lado oposto da sala chegava-se a um quarto e um banheiro.

Heyoon havia dado gorjeta ao motorista e ao mensageiro, e eles já haviam saído, deixando as recém-casadas a sós.

— Heyoon! - Sina gritou para chamá-la enquanto olhava firme para o quarto dominado por outra lareira, um armário e uma enorme cômoda de pinho, e uma cama de dossel, coberta com uma colcha dobrada na forma de aliança de casamento. – Heyoon! Acho que houve algum engano... devem ter reservado o chalé errado para nós.

— Por quê? - ela aproximou-se.

— Bem, veja. Só tem... só tem um quarto de dormir. Não pode estar certo. Vovó sabe das circunstâncias do nosso casamento. E certamente teria reservado um chalé de dois quartos. Você devia ligar para a recepção e falar com eles.

— Falar o quê, Cara? Que, apesar de sermos recém-casadas, não queremos o chalé de lua-de-mel? Porque foi o que o mensageiro me disse que esse chalé é. Veja lá fora. - Ela se moveu em direção às janelas, pelas quais ela via que já estava escurecendo e que a neve caía mais forte. — Você realmente quer recuar, benzinho? E se o SIN começar a dar umas incertas, mandar alguém até aqui para investigar nosso casamento? Você quer que eles descubram que eu reclamei com a recepção e troquei o chalé de lua-de-mel por outro de dois quartos em nossa noite de núpcias?

— Não, claro que não - ela respondeu, percebendo o que aquilo poderia parecer para o SIN.

— Então vamos fazer o melhor possível nessa situação, está bem? Vou dormir num dos sofás ou algo assim.

— Isso... não vai ser muito confortável para você - Sina falou, relutante, esperando que ela não interpretasse suas palavras como um convite para ir para a cama com ela. Para ter certeza disso, ela prosseguiu: — Eu sou menor que você. Só faz sentido se eu dormir no sofá.

— Não. - Ela balançou a cabeça. — Agradeço a intenção, mas receio que o cavalheirismo exige que seja eu quem se acomode em algum lugar na falta de uma cama. Mas não se preocupe. Não será tão incômodo. Então, o que você acha de desfazermos as malas e prepararmos alguma coisa para comer?

— Acho uma boa idéia.

Seguindo Heyoon de volta à sala de estar, Sina reparou que, antes de sair, o mensageiro havia acendido as lâmpadas e a lareira, que ardia, criando uma atmosfera de recolhimento para amantes. Com tudo isso, ela não conseguia parar de pensar no único quarto.

Uma Esposa Contrada 「𝑺𝒊𝒚𝒐𝒐𝒏▪︎𝑯𝒆𝒚𝒏𝒂」(G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora